Alteração dental pode ser consequência de problemas de saúde

O cirurgião dentista pode ser o primeiro profissional a detectar um problema de saúde no paciente. Muitas vezes, a pessoa procura o atendimento odontológico por questões estéticas ou até por dor e descobre que aquele fator é consequência de outro. Isso é comum com a erosão dental quando ocasionada pelo refluxo, por exemplo, que até então o paciente não tinha conhecimento. Esse foi tema de uma das palestras que integram a programação do 17º Congresso Acadêmico e 25ª Jornada Acadêmica de Odontologia do Oeste Paulista, eventos que tiveram início na segunda (24) e terminam nesta sexta-feira (28).

A solenidade oficial ocorreu na terça (25), no Auditório Buriti, campus II, com a palestra sobre erosão dental, ministrada pelo professor da Unesp de Araçatuba, Dr. Juliano Pelim Pessan. Ele explicou que as causas são essencialmente duas: “pode ser por ácidos de origem extrínseca, que vem de fora do organismo para dentro, ou seja, bebidas ou alimentos com pH muito ácido; ou de origem intrínseca, que são os ácidos do próprio organismo, como pacientes que sofrem de refluxo, anorexia, bulimia e que, frequentemente, têm episódios de regurgitação, pois esses ácidos entram em contato com os dentes e os desmineralizam de forma irreversível, que é a forma mais comum da erosão dental”.

Ele pontua que o tratamento, quando de origem intrínseca, é multidisciplinar e o objetivo final é minimizar os episódios de contato do ácido com o meio bucal. “O dentista tem papel muito importante porque, muitas vezes, ele é o primeiro a diagnosticar a patologia pelas lesões odontológicas. Tem adolescente que sofre de bulimia ou anorexia e a família não sabe. Neste caso, a partir da consulta odontológica o dentista identificará a situação e informará aos responsáveis para que busquem também outros tratamentos”. Quanto aos ácidos de origem extrínseca, a mudança de hábitos alimentares é essencial. “Uma dica é atrasar a escovação quando ingeriu um alimento ou uma bebida muito ácido, pois logo após a exposição ao ácido o dente fica amolecido, e se utilizar a escova dental em seguida estará removendo o esmalte e piorando a situação”, orienta.

Você já imaginou que a goma de mascar pode ser um aliado do tratamento da erosão dental? É isso mesmo! O Dr. Pessan frisa que a goma, de preferência a sem açúcar, estimula o fluxo salivar que tem ação tanto de limpeza da boca desses ácidos como restaura o pH fisiológico da boca. Quanto aos tratamentos clínicos, o docente explica que ainda tem campo aberto, com inúmeros estudos em andamento sobre os procedimentos a serem utilizados, mas que já são feitos tratamentos com bons resultados.

“Evidências Científicas do Uso de Lasers em Odontologia” foi o tema da palestra ministrada pelo Dr. Valdir Gouveia Garcia, na manhã desta quinta-feira (27). Na ocasião, ele falou sobre os diferentes tipos de lasers, seus mecanismos e apresentou pesquisas e casos clínicos. “O objetivo é que os acadêmicos possam ampliar seus conhecimentos sobre o assunto e se estimularem a utilizar essa tecnologia futuramente em diversos tratamentos da odontologia”. Segundo ele, com a fabricação nacional desses equipamentos houve a redução de custos, tornando esse procedimento acessível. “Temos bons lasers no Brasil que permitem o uso na área clínica com resultado satisfatório”.

Programação – Durante a semana, teve ainda a apresentação de trabalhos de conclusão de curso e de casos clínicos, envolvendo alunos dos últimos termos. As atividades continuam nesta quinta (27) e sexta-feira (28), finalizando com o jantar de encerramento.