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Nóvoa diz que universidades estão em processo de metamorfose

Revolução digital exige novos paradigmas para os três eixos estruturantes: ensino, pesquisa e extensão


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Foto: João Paulo Barbosa Nóvoa diz que universidades estão em processo de metamorfose
Nóvoa: “as universidades estão vivendo um processo de profunda metamorfose”

Atualizada em 25/10/2017

O ensino com menos aulas e mais estudos. A pesquisa com menos abstração teórica e mais praticidade. A extensão com menos ações pontuais e mais atividades permanentes espalhadas pela cidade. O empreendedorismo com menos concentração em tecnologia e maior abrangência da aplicação de conhecimentos em benefício da sociedade. A troca do menos pelo mais tem sido a tônica do processo de metamorfose pelo qual passam as universidades pelo mundo afora, como resultado da revolução digital que tem exigido novos paradigmas aos eixos estruturantes das universidades: ensino, pesquisa e extensão, vinculados ao empreendedorismo.

Foram estes os tópicos norteadores da conferência “A Universidade e a Cidade”, proferida por António Manuel Seixas Sampaio da Nóvoa, pesquisador de renome mundial e reitor honorário da Universidade de Lisboa. O que ocorreu na manhã desta terça-feira (24) no espaço Solarium, no campus II da Unoeste, na abertura do 14º Encontro Anual de Ensino (Enaens), um dos eventos que compõem o 22º Encontro Nacional de Ensino, Pesquisa e Extensão (Enepe), cujo tema é “Novas profissões, emprego e empreendedorismo”.

O autor de mais de 150 publicações, entre livros e artigos científicos notadamente na área da educação, afirmou que as universidades estão vivendo um processo de profunda metamorfose e que terão mais mudanças nos próximos 20 anos do que tiveram nos últimos 200 anos. “O mundo está indo para dentro da universidade. Em pouco tempo serão 300 milhões de estudantes no ensino superior, o que representa 1 a cada 20 habitantes ou 5% da população mundial. Isso vai trazer mudanças que não são apenas quantitativas, mas qualitativas em organização e compromissos com a sociedade”, pontuou.

Ao citar a revolução digital como um dos três maiores acontecimentos da história da humanidade, sendo os outros dois a invenção da escrita (cerca de 5 mil anos atrás) e invenção da tipografia (há 582 anos), disse que a realidade contemporânea tem mudado tudo e que as universidades não podem permanecer com o mesma organização. Sobre o ensino, defendeu a descolarização da universidade que, no melhor sentido do termo, tem sido uma grande escola de ensino médio, com a predominância das aulas. “São muitas aulas, 20 horas ou mais por semana, sem que os alunos tenham tempo para estudar”, comentou.

Nóvoa criticou o fato de que as produções de ranking valorizem mais a pesquisa, se esquecendo que o ensino deve ser o coração das universidades. Citou quatro questões para repensar a universidade: a formação generalista e não de especialistas, diante da necessidade do profissional enxergar outras áreas que não só a sua; formação colaborativa, pela qual os estudantes também aprendem uns com os outros; formação por problemas e não com o oferecimento de soluções prontas; e formação acompanhada, com o professor estabelecendo estratégia de tutoria para acompanhar o aluno, sugerindo ainda que alunos de termos mais avançados sejam monitores dos que se encontram nos primeiros termos.

Sobre a produção de pesquisa, disse que o modelo departamental e disciplinar está ultrapassado. Para essa área de produção do conhecimento apontou duas palavras como prevalentes: inteligência e complexidade. A inteligência para interligar as ciências em sua complexidade do produzir uns com os outros, no sentido de que o estudante aprenda várias coisas e não uma única coisa; diante do que todo trabalho deve ultrapassar as fronteiras das disciplinas e ser interdisciplinar. Para Nóvoa a universidade deve produzir uma ciência pública, pela qual o conhecimento produzido é colocado a serviço da sociedade.

Em relação à extensão e ao empreendedorismo, o conferencista manifestou o entendimento que os conceitos de ambos devem ser repensados. A extensão deve mover a universidade para uma plataforma baseada na sociedade, construindo terceiro lugares, ou seja: ocupando determinados espaços para prestação permanente de serviços à comunidade e colocando o aluno em contato com a realidade em um processo contínuo e não somente durante uma ação isolada, pela qual se apura pouco sobre o real. O empreendedorismo precisa ir além de valorizar a tecnologia, estabelecendo o conceito de iniciativas das diferentes áreas do conhecimento junto à sociedade.

Reitor da Universidade de Lisboa por duas gestões, de 2006 a 2013, Nóvoa contou que a instituição tem grande impacto na vida da cidade com 500 mil habitantes, sendo que 50 mil alunos representam 10% da população. A grande quantidade de estudantes provoca mudanças na cidade sob muitos pontos de vista, diante do que trabalhou a mudança de universidade para univercidade, trocando o ‘s’ pelo ‘c’ da cidade de Lisboa. “Podemos ter muitas dúvidas, muitas hesitações; mas temos uma certeza: a universidade irá mudar muito nos próximos anos”, vaticinou.

Em sua maioria formada por professores e estudantes, a plateia se pós em pé para aplaudir Nóvoa em reconhecimento ao conteúdo ofertado durante a conferência. Na sequência ocorreram duas sessões: uma de perguntas e outra de fotos. O conferencista foi recepcionado pela Dra. Alba Regina Azevedo Arana, coordenadora do mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional, que esteve a frente dos entendimentos para trazer o pesquisador português.

Na cerimônia de abertura do Enaens, o pró-reitor Acadêmico Dr. José Eduardo Creste esteve representado pela coordenadora pedagógica da Unoeste, Aparecida Darcy Alessi Delfim. O pró-reitor de Pesquisa, Pós-graduação e Extensão Dr. Adilson Eduardo Guelfi representou o chanceler Agripino Lima e a reitora Ana Cristina de Oliveira Lima. Também esteve presente a avaliadora do Enepe 2017, Dra. Iracimara Anchieta Messias, pesquisadora vinculada à Faculdade de Ciências e Tecnologia, campus da Unesp em Presidente Prudente (FCT/Unesp).

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Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste

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