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Simpósio sobre leishmaniose propõe a integração de ações

Entendimento é de que vigilância em saúde requer o envolvimento da sociedade civil e dos meios de comunicação


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Foto: João Paulo Barbosa Simpósio sobre leishmaniose propõe a integração de ações
Mesa de abertura do simpósio: Elaine, Lourdes, Carneiro, Chihara, Marisa e Ivete

Pela primeira vez na região de Presidente Prudente ocorre um amplo debate com abordagem clínica e epidemiológica sobre a leishmaniose visceral, desde que a doença foi detectada em 2005 em Dracena, depois de ter entrado no Estado de São Paulo em 1998 por Araçatuba. O evento foi promovido pelo Instituto Adolpho Lutz e a Unoeste, por meio do mestrado em Ciências da Saúde, com o apoio interinstitucional da Unesp que, além da participação, cedeu seu auditório para palestras e debates nesta terça-feira (28). Dentre as principais conclusões e direcionamentos ficou, ao final do dia, a proposta de integrações das ações entre órgãos públicos e instituições públicas e privadas, a necessidade de mobilização da sociedade e o apelo ao envolvimento dos meios de comunicação.
 
O “1º Simpósio de Leishmaniose Visceral do Oeste Paulista: uma abordagem clínica e epidemiológica” reuniu profissionais de diferentes áreas do conhecimento e outras instituições além das envolvidas na realização: Hospital Emilio Ribas, Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), Vigilâncias Epidemiológicas de Prudente e Presidente Venceslau, e Secretaria de Estado de Saúde, por meio do seu departamento regional (DRS-11). “O interesse pelo tema ficou demonstrado pelo número expressivo de participantes (140) vindos de diferentes municípios do oeste paulista, e das mais variadas áreas da saúde”, disse o coordenador do mestrado em Ciências da Saúde. Dr. Luiz Euribel Prestes Carneiro.
 
“Um dos momentos mais relevantes do encontro foi a interação entre os participantes e os palestrantes com um debate que durou mais de uma hora. Nesse momento foi possível a interação entre o conhecimento científico e a vivência do dia a dia dos presentes em questões delicadas como o sacrifício de cães doentes, a resistência dos proprietários na realização dos exames, a falta de opções no tratamento das pessoas doentes pelo número reduzido de medicações utilizadas, a dificuldade do diagnóstico em cidades pequenas, tanto de cães quanto de pessoas, o papel das ONGs protetoras dos animais e o polêmico tratamento de cães doentes com uma nova medicação (miltefosina)”, pontuou Carneiro.
 
No entendimento do Dr. Vamilton Álvares Santarém, médico veterinário e pesquisador vinculado ao Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Ciência Animal com atuação em questões de zoonoses e saúde pública, a importância do simpósio está em promover a integração de pesquisadores e profissionais da área de saúde trocando informações que possam viabilizar a formação de uma rede de estudos interdisciplinar e multidisciplinar, além de interinstitucional. “Existe um gap [vazio] nos estudos sobre a leishmaniose; então, tem muito a ser feito”, comentou.
Foto: João Paulo Barbosa Palestra da professora do curso de Medicina Veterinária Adriana Falco de Brito
Palestra da professora do curso de Medicina Veterinária Adriana Falco de Brito

O Dr. Elivelton da Silva Fonseca, que estuda doenças tropicais negligenciadas no Brasil e no exterior em pós-doutorados na Unoeste e na Unesp, aponta como um dos problemas a “burocracia ao reles do chão”, devido a distância entre as estratégias de programas governamentais e a viabilidade de que as mesmas sejam cumpridas por não existir corpo técnico suficiente, pela falta da contratação de profissionais. Para o geógrafo Fonseca o simpósio tem a importância de discutir as mais diferentes questões, na busca de soluções para os muitos problemas.
 
A pesquisadora científica da área de parasitologia junto ao Instituto Adolfo Lutz Lourdes Aparecida Zampieri D’Andrea classificou o simpósio como evento de grande importância, pelo amplo e rico conteúdo exposto e colocado em discussão, reunindo pesquisadores, profissionais da saúde humana e animal, gestores municipais de saúde e dois programas de mestrado da Unoeste, o de Ciências da Saúde e o de Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional. Para ela, é muito significativo reunir a saúde pública e as universidades para discutir o problema em suas múltiplas faces.
 
A enfermeira e relações públicas diretora da Vigilância Epidemiológica de Prudente Elaine Bertaco, presente no dia a dia das ações de combate ao mosquito-palha e na prevenção aos criadouros desse inseto transmissor da leishmaniose visceral, disse que o simpósio surge, ao ser realizado em sua primeira edição, para responder a uma necessidade de ampliar a discussão em torno da conscientização sobre esse problema de saúde pública. Sua equipe de campo tem enfrentado resistências de proprietários de cães quando há a necessidade de pulverizar residências, para matar os mosquitos, em regiões de constatação da doença.
 
A leishmaniose visceral é uma doença complexa, multifatorial e interdisciplinar, estando entre as doenças negligenciadas mais prevalentes no mundo, embora inseridas em programas estaduais e federais voltados para o diagnóstico precoce, tratamento de indivíduos e animais doentes, combate ao vetor (mosquito palha) e a busca por um meio ambiente em equilíbrio. O simpósio abordou todas essas questões e ao final, conforme Carneiro, houve unanimidade quanto às ações integradas envolvendo todos os setores, incluindo a mobilização social e a mídia, no sentido de “reduzir a dispersão dos vetores e diagnosticar precocemente pessoas e cães doentes”.
 
A diretora do laboratório Adolfo Lutz em Prudente Marisa Menezes Romão encara o combate à leishmaniose como algo que requer trabalho conjunto e de “formiguinha”. A diretora técnica de serviço de saúde da Sucen Ivete da Rocha Anjolete pontuou a necessidade do enfrentamento com seriedade e a prevenção como meio de evitar óbitos. O diretor técnico da DRS-11 Jorge Yochinobu Chihara afirmou que a leishmaniose é preocupante, inclusive por já ter apresentado casos de mortes na região. Dentre os palestrantes, a professora Adriana Falco de Brito, do curso de Medicina Veterinária da Unoeste, falou sobre epidemiologia, clínica e tratamento de leishmaniose visceral canina.

Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste

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