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Bactérias podem ser solução agrícola para estresse ambiental

Estudos científicos se antecipam diante da previsão de drástica elevação da temperatura média mundial


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Foto: João Paulo Barbosa Bactérias podem ser solução agrícola para estresse ambiental
Dr. Araújo: experimento com soja na câmara climática

Se confirmar a previsão anunciada por cientistas do mundo todo, nos próximos 50 anos a temperatura média do planeta terra aumentará em 4 graus Celsius. A agricultura está entre os vários setores preocupados com esta possibilidade. Uma das linhas de pesquisa desenvolvida mundialmente, em busca de solução diante do provável problema, utiliza bactérias para ajudar as plantas suportar o estresse ambiental. Na Unoeste são intensificados estudos nesse sentido. Atualmente, no mestrado e no doutorado em agronomia são cinco experimentos em andamento e outro já concluído, cujo resultado demonstrou o alto impacto causado pela elevação da temperatura.

Conforme o pesquisador Dr. Fábio Fernando de Araújo, que utiliza essa nova abordagem do uso de microrganismos na produção de alimento in natura e trabalha com a bactéria Bacillus subtilis,  um experimento com alface, por ser uma cultura muito sensível, apresentou redução de 80% no crescimento da planta colocada em câmara climática de controle da temperatura que foi elevada em 4 graus em relação a média regional de Presidente Prudente, que é 29. Nas mesmas condições de 33 graus, porém com a adição da bactéria, a redução do crescimento caiu para 60%.
 
Araújo tinha conhecimento da existência de estudos indicativos de que as plantas, em contato com microrganismos, podem suportar por mais tempo a temperatura alta e a seca. Então, há dois anos iniciou uma série de estudos sobre o comportamento das plantas. Porém, antes já trabalhava as questões de controle biológico e de nutrição de plantas utilizando a mesma bactéria. Nos últimos cinco anos, produziu e publicou 35 artigos científicos, de tal forma que em busca no Google aparecem 130 mil citações sobre trabalhos produzidos pelo pesquisador vinculado à Unoeste.
 
O cenário que se desenha para o futuro é de que o aquecimento irá provocar déficit hídrico e muitos impactos na produção agrícola, não somente na alteração de comportamento das plantas cultivadas para alimento, mas também nas pragas. “Com 4 graus a mais, uma praga que é típica do nordeste irá migrar para o sul. O que era problema de uma região será transferido para outra”, estima Araújo e anuncia a intensificação dos experimentos em laboratório sobre os efeitos causados pelas bactérias em atenuar os estresses ambientais. 
Foto: João Paulo Barbosa Dr. Araújo durante palestra no congresso em Cuiabá
Dr. Araújo durante palestra no congresso em Cuiabá

 
Os microrganismos próximos das raízes desenvolvem um tipo de simbiose com as plantas. “Elas oferecem algumas coisas para eles, como açucares. Em troca, eles produzem enzimas que ajudam elas a suportar o estresse”, explica. “O conceito de simbiose dentro da ecologia está relacionado a dois seres que se ajudam mutuamente, como se fosse uma troca de favores, pela qual os dois se beneficiam”, comenta. As rizobactérias (bactérias de raízes) são extraídas da terra e multiplicadas em grande quantidade nos laboratórios, para depois voltarem à terra em uma concentração maior.
 
De acordo com Araújo, as bactérias são muito utilizadas atualmente, caracterizando uma nova tecnologia, pela qual os produtores rurais têm trocado produtos químicos por recursos biológicos, por dois motivos: pela eficiência atrelada ao custo mais baixo e pela exigência de mercado por produtos sem agrotóxicos. No momento, os estudos em desenvolvimento junto ao Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Agronomia na Unoeste estão voltados para as culturas de soja, tomate, feijão, braquiária e integração lavoura-pecuária-floreta (ILPF). Nos experimentos são utilizados equipamentos de ponta, como é o caso da câmara climática Fitotron, importada da Europa.
 
São vários centros de pesquisa no mundo e poucos no Brasil desenvolvendo estudos com bactérias no segmento agrícola, o que faz da Unoeste uma referência, onde os experimentos têm obtido financiamento da Fundação Agrisus – Agricultura Sustentável, criada em 1947 pelo fundador do Grupo Manah; e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), uma das principais agências de fomento à pesquisa científica e tecnológica do país, ligada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação.
 
Recentemente, no 8º Congresso Brasileiro de Defensivos Naturais (Cobradan), Araújo fez palestra sobre o uso de microrganismos capazes de induzirem as plantas a ficarem mais resistentes às pragas, doenças e estresses ambientais. Os dados apresentados foram extraídos de projetos de pesquisa desenvolvidos na graduação e pós-graduação na Unoeste. O evento em Cuiabá/MS foi sobre o uso de defensivos naturais obtidos a partir de plantas ou inimigos naturais das pragas e doenças, como alternativa sustentável para evitar o uso de defensivos químicos. Foram cerca de 300 participantes, entre técnicos, produtores rurais e pesquisadores.
 

Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste

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