Enapi possibilita compartilhar pesquisas realizadas nos EUA
Pesquisadora brasileira com vínculo norte-americano vê na estrutura da Unoeste um canal para bons projetos
Por conta de ampla vivência internacional em pesquisa, a biomédica Dra. Camila Henriques Coelho foi convidada pelos organizadores do 23º Encontro Nacional de Ensino, Pesquisa e Extensão (Enepe). Nesta quarta-feira (24) proferiu a conferência de abertura do 23º Encontro Anual de Pesquisa Institucional e Iniciação Científica, um dos três eventos que compõe o Enepe 2018. Foi uma manhã de compartilhamento de experiência em produção científica e de uma constatação feita com o olhar de quem vê de fora, a de que os pesquisadores vinculados à Unoeste são privilegiados pela estrutura da universidade que constitui um canal para conseguir elaborar bons projetos e obter o aporte de agências de fomento.
Os norte-americanos atuam nesse sentido, mas com o diferencial de que os Estados Unidos disponibilizam muito dinheiro para pesquisa. Exemplificou, comparativamente, que se o aporte daqui é de R$ 50 mil ou até R$ 100 mil, lá é U$ 180 mil; mas podem ser bem mais, chegando a milhão ou milhões de dólares. “É um dinheiro usado com responsabilidade. Existe respeito com o dinheiro público. Se é preciso comprar um equipamento, é feito um levantamento de preços”, comentou. Outro fato significativo na comunidade científica norte-americana tem sido o empoderamento das mulheres, que está ocorrendo de forma gradativa em um espaço de predominância feminina, no qual somente 3% delas são chefes de laboratórios de pesquisas.
Porém, a pesquisadora mineira de Governador Valadares e que está radicada nos Estados Unidos, entende que conquistar espaços, independente do gênero, depende de traçar metas e objetivos. Foi assim que de 2015 até os dias de hoje ela recebeu meia dúzia de prêmios e em um único ano (2017) publicou nove artigos científicos, um número bastante expressivo. Sobre a quantidade de publicações, como resultado das produções, a expertise está na ciência colaborativa, muito praticada pelos norte-americanos. “As relações entre os cientistas são menos pessoais e muito mais profissionais”, contou para manifestar o entendimento de que, na relação professor e aluno, os resultados são bem mais promissores ao manter o profissionalismo e se envolver menos em questões pessoais.
O pensamento deles é o de que fazer ciência é fácil; difícil é lidar com pessoas. Em relação aos brasileiros existe encantamento, exatamente por provocarem uma relação mais humanizada. Baseada em tudo o que tem vivido, a Dra. Camila acredita que o pesquisador brasileiro pode ser melhor do que quem tenha estudado em Harvard ou Princeton, por exemplo. Há um motivo para isso: a força produtiva de latinos, também comum em africanos, que trabalham cerca de três vezes mais que os norte-americanos, os quais valorizam muito o relacionamento interpessoal, que é uma qualidade muito favorável aos brasileiros, também dão valor à organização, comprometimento e pontualidade.
Todavia, o brasileiro fazendo pesquisa nos Estados Unidos precisa abrir mão de algumas coisas e ao abdicar encontra mais tempo para se dedicar. Outro aspecto evidenciado pela conferencista, surpreendente devido a sua formação em universidade pública, foi de ter constatado a existência de muita gente de universidade particular ir tão longe e tão bem. Citou dois casos de mineiros que estão fazendo brilhantes carreiras como cientistas, originários de instituições de ensino superior particulares de Itabuna e de Belo Horizonte. Sobre fazer pesquisa nos Estados Unidos, chamou a atenção para a necessidade de domínio da língua inglesa e para o fato de que existem muitas oportunidades gratuitas.
Falou ainda das possibilidades de pesquisas fora das bancadas dos laboratórios, feitas pelo computador; das oportunidades de mercado de trabalho para quem tenha boa formação e do reconhecimento que tem um PhD em qualquer lugar do mundo, ao ponto de nos Estados Unidos serem praticados três tipos de tratamento ao se dirigir a uma pessoa: senhor, senhora e doutor; seja no comércio, na consulta médica ou na viagem aérea, entre outros lugares. A conferência foi encerrada com várias perguntas, a maioria feita por pesquisadores que agradeceram a contribuição da biomédica que foi convidada por seu colega Dr. Marcos Vinicius Pimenta Rodrigues, coordenador do curso de Biomedicina e professor na pós-graduação.
Na cerimonia de abertura do Enapi, o pró-reitor acadêmico Dr. José Eduardo Creste representou a Reitora Ana Cristina de Oliveira Lima. O pró-reitor de pesquisa, pós-graduação e extensão Dr. Adilson Eduardo Guelfi fez um breve pronunciamento sobre o tema do Enepe 2018: “Cultura maker: imaginar, conectar e inovar”, dizendo que a pesquisa tem muito desse papel de colaborar com a cultura maker, como algo que perpassa todas as dimensões, promove compartilhamento e se alinha com a colaboração local, regional, nacional e internacional; permitindo que as fronteiras sejam cada vez menores e contribuindo com a ciência e a sociedade.
Perfil – A conferencista Dra. Camila Henriques Coelho é graduada em Biomedicina, pela Universidade de Uberaba (MG); mestre em Biociências Aplicadas à Farmácia, pela USP; doutora em Ciências Farmacêuticas, pela Universidade Federal de Minas Gerais; realizou estágio de pós-doutorado no Departamento de Biologia na Georgetown University de Washington DC, nos EUA; foi coordenadora do Curso de Biomedicina das Faculdades Faminas, de Belo Horizonte (MG); está realizando estágio de pós-doutorado no Laboratório de Malaria, Imunologia e Vacinologia do National Institutes of Health de Rockville, nos EUA; é membro da Sociedade Brasileira de Protozoologia é membro efetivo da American Society of Tropical Medicine and Hygiene); é editora associada de três revistas científicas na área de medicina tropical.
Programação – O 23º Enapi conta com ampla programação desenvolvida em três períodos, sendo que pela manhã, entre outras atividades, foram realizados dois minicursos. O “Uso do DEA – Análise Envoltória de Dados: estudando eficiência para a exatidão nas pesquisas”, foi ministrado pelo Dr. Moisés Martins, da Unoeste. A “Pesquisa científica: o que é e como fazer” teve a ministração das professoras Gabriela Haro de Melo e Fernanda Luiza Guinosi Barbosa Deack, da Unoeste.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste