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Leitura leva ex-presidiário ao título de mestre em Educação

Dissertação poderá virar livro para dar acesso às pessoas à pesquisa e a trajetória incomum do autor


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Foto: João Paulo Barbosa Leitura leva ex-presidiário ao título de mestre em Educação
Itamar Xavier: mestre em educação pela Unoeste, trabalha a arte do grafite com alunos do ensino fundamental

Filho de moradores de rua em São Paulo, pai alcoólatra e mãe com transtornos mentais, Itamar Xavier de Camargo, hoje com 38 anos, começou cedo no crime e no uso de drogas. Foi interno da Fundação do Bem-estar do Menor (Febem) e presidiário, mas encontrou na leitura, associada à vida cristã, o caminho para reescrever a sua história que acaba de ganhar um novo capítulo: o da conquista do título de mestre em Educação.
 
Xavier pesquisou sobre a formação de leitores, tendo o professor como mediador. Sua dissertação, levada à defesa pública na tarde desta quinta-feira (26), deverá ser publicada em livro, por sugestão da banca examinadora. Entendendo que o assunto fica restrito ao meio acadêmico, se seguir apenas praxe da publicação científica, as avaliadoras sugeriram o livro, para proporcionar acesso a um público mais abrangente.
 
Tendo concluído o ensino básico no supletivo, Xavier fez pedagogia e passou a se ocupar com um projeto social, realizado em extensão universitária. Em sua comunidade, num conjunto de 2,5 mil moradias populares, implantou em 2011 o projeto “Leitura campeã”, com a obtenção de livros em doação e que passaram a ser disponibilizados em outra criação sua: as bibliotecas comunitárias instaladas em locais públicos, especialmente em unidades municipais de saúde de Presidente Prudente (SP).
 
O nome “Leitura campeã” teve origem na escolinha de futebol de uma comunidade evangélica, no conjunto Ana Jacinta. Embora nome sugira como campeão quem lê mais livros, o estudo feito no mestrado chama a atenção para a qualidade da leitura e não para a quantidade. “O acesso ao livro é importante, mas sem a qualidade da leitura, promovida pelo mediador, o leitor não se revê e não se transforma”, pontua a orientadora de Xavier, Dra. Maria de Lourdes Zizi Trevizan Perez, pesquisadora vinculada à Universidade do Oeste Paulista (Unoeste).
 
Foto: João Paulo Barbosa Xavier com as doutoras Zizi, Ana Luzia e Érika
Xavier com as doutoras Zizi, Ana Luzia e Érika

A pesquisa de Xavier mostra que não é o perfil competitivo que faz a diferença. “Não é a qualidade do ser; é a qualidade do ter”, afirma Zizi. Sendo assim, o professor, na condição de mediador da leitura, deve buscar uma base científica. É o que fez Xavier na condição de trabalhar, desde 2016, em escola de rede municipal de educação, com alunos do 4º ano do ensino fundamental.
 
“O estudo científico modificou as metodologias que uso enquanto professor, em busca de mediar uma leitura mais completa. Sinto-me mais preparado no desafio de formar leitores”, diz Xavier. Na condição de avaliadora externa, a pesquisadora Dra. Ana Luzia Videira Parisotto, do campus da Unesp em Prudente, afirma que o estudo desenvolvido por Xavier, sobre o processo de mediação de leitura, tem grande relevância na discussão em relação à formação do professor leitor.
 
“Quem não lê de maneira crítica (ler para entender) tem sua participação na sociedade de forma restrita. Assim sendo, o estudo de Itamar joga uma luz nessa questão”, diz em relação ao conteúdo da pesquisa que uniu ampla e profunda bibliografia com a prática de quem realiza mediação de leitura. Para a pesquisadora Dra. Erika Porceli Alaniz, também vinculada à Unoeste, “é comum esse perfil de exclusão pelo qual passou o Itamar [Xavier], mas dar esse salto que você deu não é comum”.
 
Pedagogo, pós-graduado em gestão educacional, agora mestre em educação e autor do livro autobiográfico “A Verdade que Liberta”, Xavier tem feito palestras em presídios e reiterado aos gestores do setor que o sistema prisional é meramente punitivo e sem condições de promover reabilitação. Em palestra na penitenciária de Martinópolis (SP) levou uma caixa com cerca de 400 matérias jornalísticas para mostrar que: “o meu caso é tão exceção que a mídia se interessa pela minha história”.
 
Xavier trabalha a arte do grafite com alunos do 4º ano do ensino fundamental e recentemente recebeu a visita de seu ídolo Eduardo Cobra, em surpresa proporcionada por Luciano Huck durante matéria para seu programa na Globo. Juntos e com um grupo de crianças grafitaram parte do muro de uma escola municipal. Como resultado de sua arte exposta em rede nacional, Xavier tem sido convidado para, além de palestras, produzir grafite em escolas de diferentes regiões do país.

Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste

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