Comunicação debate mundo conectado e mercado de trabalho

O mundo conectado, os reflexos nos relacionamentos interpessoais, as inovações e integrações entre áreas da comunicação no mercado de trabalho e a postura do futuro profissional foram os principais temas de debate da 23ª Semana de Comunicação. O evento foi realizado entre os dias 7 e 11 de maio, no campus II da Unoeste.

O tema escolhido “Você é o que conecta” pretendeu aproximar os participantes da atual condição da sociedade midiática digital. Segundo a coordenadora de Jornalismo, Carolina Mancuzo, o propósito foi trabalhar a rotina, o dia a dia e os bastidores das profissões. “Nossos alunos têm muito interesse no digital, por isso a escolha do tema. Achamos importante mostrar o que o mercado de trabalho espera deles, principalmente nos grandes centros. Mas ao mesmo tempo também oferecer informações sobre como se portar profissionalmente e como empreender.”
 
Foco na estratégia
A Semana de Comunicação da Facopp começou com um grande alerta aos estudantes: comunicação não se faz sem estratégia. Gabriel Ishida, que é publicitário, especialista em Inteligência e Estratégia em Marketing Digital e professor universitário, provou que a era dos improvisos já passou e o futuro profissional precisa estar muitos passos à frente do que o próprio cliente quer. Ishida ainda deu um tom mais evidente no mercado ao tratar dos influenciadores digitais, que para ele podem ser divididos em três tipos: as celebridades, os conectores e os especialistas. Em todos eles, o foco é na estratégia de divulgação e formação da imagem de um produto ou serviço e o setor está tão desenvolvido que empresas gastam hoje milhares de dólares com a contratação destes nomes.

Quem também tratou forte de estratégia em comunicação, mas avançou ainda mais para o perfil que se espera de um profissional no mercado, foi o especialista em Marketing de Conteúdo, Cássio Politi. Fundador da empresa Tracto, palestrante do Content Marketing World, o mais importante evento da área que ocorre anualmente nos Estados Unidos, ele trouxe uma palestra com o tema: “A revolução do conteúdo e as habilidades que o mercado exigirá de você”. Para Cássio, o profissional de comunicação hoje não pode mais estar desatualizado de todas as tendências e integrações necessárias entre as áreas, mas também não pode deixar de lado a formação básica. “Não adianta ser uma pessoa muito conectada, que conhece modelos e aplicativos, mas não consegue escrever um parágrafo coerente, não conhecer métricas ou saber lidar com números e ainda ter fluência em inglês.” Ele ressaltou ainda, ao final, que as novas tecnologias e os novos formatos estão levando o mercado a se livrar de instituições antes hegemônicas, como as agências e as redações. “Não são mais os únicos lugares que um profissional e comunicação têm para trabalhar. Ele pode empreender e ser muito bem realizado.”

A estudante de Jornalismo, Clara Dias, pretende se especializar em marketing de conteúdo por já trabalhar nessa área. “Tem bastante coisa que eu ainda não sabia. A parte que ele falou de produção de conteúdo do branded content me acrescentou bastante profissionalmente.” Outro aluno empolgado com a noite foi Vinicius Menegueti, aluno do 2º termo de Publicidade e Propaganda. O estudante e estagiário sempre gostou do tema abordado e fala da outra visão que teve após a palestra. “Eu sempre gostei muito de marketing, ele fechou com chave de ouro pra mim, em relação à qualidade do conteúdo, além de ser uma pessoa que eu quero me espelhar”. 

Neste sentido, a palestra do professor e jornalista, Felipe Pena, também mexeu com as expectativas dos alunos sobre o mercado de trabalho e como se portar profissionalmente. Pena trouxe como tema central o Jornalismo de Resistência, que nada mais é do que proporcionar ao jornalista uma autonomia maior e um foco muito mais evidente no público receptor da mensagem e menor nas rotinas de produção orientadas pelos grandes grupos de comunicação. “Penso que o jornalismo pode ser produzido de uma maneira bem mais consciente e humanista. Daí o termo ‘resistência’ porque é justamente uma corrente contrária ao que se tem feito há muito tempo.” Com este discurso, Pena conseguiu se aproximar muito dos alunos, preocupados muitas vezes com um mercado autoritário. “Dá para ser diferente, sim, mas é preciso também observar que antes disso vale uma formação sólida, consistente que garanta ao profissional condições de criar seu próprio espaço e agir conforme aquilo que ele acredita”, disse.

Foto: Altemar Ribeiro

Experiência e postura profissional
As duas palestras na área de Fotografia trouxeram como foco central a necessidade de estudo, formação técnica e teórica e uma postura cada vez mais profissional e empreendedora para encarar um mercado de trabalho bem concorrido. Com o tema “Enfrentando a Cidade”, o arquiteto e fotógrafo Cristiano Mascaro levou alunos, professores e convidados da Facopp em uma viagem pelas suas experiências e histórias com fotografias produzidas em São Paulo e outras cidades do mundo. Mascaro apresentou as principais referências do mundo fotográfico e artístico e ressaltou que a paixão pela fotografia se deu ao ver uma foto do francês Henri Cartier-Bresson. Pode-se observar muito da filosofia de Bresson em seus trabalhos: luz e sombras, e o momento “certo” de fotografar, captando a essência do momento.

Cristiano Mascaro ainda foi taxativo em dizer: “Não existe receita para uma boa foto, tem de estar preparado para o inesperado. Eu saio de casa, eu planejo aonde vou fotografar, porém, por mais que a gente planeje, somos absorvidos pela cidade. Eu saio de casa e não sei o que vou encontrar”. Ele ainda contou que um bom profissional tem que ter um pouco de sorte, mas acima de tudo, deve ser apaixonado por aquilo que faz.

Para a professora da Facopp, Fabiana Alves, a importância de um profissional como este na Semana de Comunicação, para além da experiência relatada, são as perspectivas profissionais lançadas. “Ele é uma referência dentro da fotografia brasileira e no mundo. A gente trabalha dentro de sala de aula, mas é diferente quando ele vem aqui contar suas histórias, mostrar que o caminho de ninguém é fácil, mas que tudo é superável”.

O fotógrafo e editor de imagens, Clício Barroso, um dos maiores nomes da fotografia mundial, fechou a Semana de Comunicação reforçando um ponto importante para os futuros profissionais. Para ele, nada pode ser mais desastroso profissionalmente falando do que uma postura amadora. “Isto implica em saber se planejar, estudar muito, ter referências, trabalhar com bons equipamentos, ter etiqueta profissional para se apresentar e cobrar pelo serviço e ainda estar muito atualizado com as tendências de mercado.”

Ao longo de quase duas horas, Barroso apresentou fotografias produzidas para o segmento de moda, a sua especialidade, mas também transitou pelo fotojornalismo e a fotografia documental. “O que foi fundamental na palestra foi que ele apresentou uma visão muito profissional do processo. Isto para os alunos é excepcional porque eles precisam compreender que fotografia é uma profissão e não apenas um bico que você faz de vez em quando”, disse o professor de Fotografia, Thomas Aguilera.

Para a coordenadora do curso de Publicidade e Propaganda da Facopp, Larissa Trindade, os exemplos de alinhamento com o mercado e de criação de uma nova postura profissional, que ficaram demonstrados na Semana de Comunicação são importantes e também desfazem algumas ideias de que não há mais espaço de trabalho. “Há um mercado imenso para Jornalismo, Publicidade e Fotografia esperando que os novos profissionais empreendam e que sejam capazes de oferecer uma comunicação de qualidade.”

A 23ª Semana de Comunicação da Facopp ainda terá mais uma palestra neste mês de maio. Será com o jornalista Phelipe Siani, que estava originalmente marcado para o dia 11/05 e precisou ser cancelada por conta de um compromisso profissional do jornalista marcado em cima da hora. A nova data da palestra deve ser divulgada nos próximos dias.
 
 
Por Andressa Aguiar e Maira Pavan, da Assessoria de Imprensa Facopp