Idosos que trabalham têm benefícios físicos e psicológicos
Estudo acompanhou 24 idosos em feiras livres de Presidente Prudente durante dois meses
Estar no mercado de trabalho ativa a memória, o cálculo e estimula a relação com pessoas variadas, o que mantêm o cérebro produtivo. A sensação de utilidade proporcionada afugenta pensamentos negativos e, de acordo com a pesquisa, traz benefícios físicos (71%), psicológicos (71%), das relações sociais (70%) e ao ambiente (65%).
O Pedro Elias Batista tem 80 anos e desde os 73 trabalha nas feiras livres. Ao lado da esposa, Isabel Pereira Batista, com quem é casado há 56, vive da aposentadoria rural, afirma ter saúde muito boa e uma vida ativa. São duas vezes por semana na feira e vendas no comércio ambulante nos outros dias, uma rotina que o faz acordar 4h30, nada que atrapalhe seu bom humor. “Eu trabalho um pouquinho pra complementar a renda. Mas ando acordando muito tarde”, brinca.
O perfil do feirante se associa a uma pesquisa desenvolvida no curso de Fisioterapia da Unoeste, que avaliou a qualidade de vida dos idosos ativos no mercado de trabalho. O estudo, orientado pelo docente Weber Gutemberg Alves de Oliveira, analisou, durante dois meses, as condições socioeconômicas e prevalência de doenças em pessoas com mais de 60 anos, de ambos os gêneros e que exerciam atividades laborais.
De modo geral, a maioria dos idosos – apesar de aposentados – retorna ao mercado, devido ao baixo valor da aposentadoria ou simplesmente para se sentir mais útil. “Estar ativo é sinônimo de saúde. É importante ressaltar as relações interpessoais, mas em grande parte dos casos a principal renda deles acaba sendo adquirida nas feiras [83%]”, afirma Oliveira.
Com o trabalho, 69% apresentaram qualidade de vida regular, com renda suficiente para a manutenção de um estilo de vida adequado às expectativas, atendimento à saúde e estado psicológico bom por causa do trabalho e da interação social numa fase da vida onde é “comum a tristeza excessiva e até a depressão”, de acordo com o orientador. Em razão da idade, 70% dos idosos têm pressão alta ou doenças metabólicas, 54% doenças relacionadas a exercícios repetitivos, 29% voltadas ao metabolismo e nenhum relato de doenças cardiovasculares.
O sentimento de utilidade supera até as condições de trabalho. “Eles não assumem, mas fazem esforços para carregar caixas, estão expostos às intempéries do clima e acordam muito cedo. O ponto negativo realmente é isso, a falta de condições ergonômicas”, aponta Oliveira. A dedicação atrapalha, segundo os entrevistados na pesquisa, a alimentação adequada e problemas para a utilização de sanitários durante o trabalho. “Dependem da casa de algum conhecido na vizinhança ou de banheiro em algum posto de combustível”, detalha.
Só que o Pedro nem pensa em fazer outra coisa, como justifica a esposa. “Ele não aguenta ficar parado, gosta daqui”.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste