Santo Inácio busca tecnologia para industrialização de peixe

Portal de entrada do Paraná para quem procede de São Paulo pela rodovia Assis Chateaubriand e banhado pelo rio Paranapanema, o município de Santo Inácio poderá ser um polo regional de criação e industrialização de peixe. O plano do prefeito Júnior Marcelino dos Santos, engenheiro agrônomo egresso da Unoeste, está sendo avaliado pelo empresário Christiano José Julio. A busca de tecnologia, enquanto produto da ciência e da engenharia, ocorre junto ao Centro de Piscicultura da universidade, onde estiveram em comitiva na manhã desta quinta-feira (2).
 
A disponibilização de cinco mil tanques-redes pelo governo paranaense aos municípios do noroeste do Estado despertou o interesse de Santos, como parte de suas ações voltadas à geração de emprego e renda. Então, foi em busca de investidor e encontrou o interesse de Julio que já teve negócios em Santo Inácio e é um dos diretores da Cartom, uma das maiores fabricantes de calçados de segurança no país, que produz 20 mil pares por dia e que tem sede em Imbituva, a 60 Km de Ponta Grossa e 180 de Curitiba. Também tem a indústria de injeção eletrônica programável Injepro, em Cascavel.
 
O investimento industrial está previsto com a construção de frigorífico a ser abastecido por produtores de Santo Inácio e região, conforme o secretário municipal de administração e ex-prefeito João Batista dos Santos. O ponto de partida do empreendimento está em compreender e fomentar todo processo da cadeia produtiva e comercial do peixe, desde a produção de alevinos até o abate e comercialização. Além da utilização de tanques-redes está entre as possibilidades de sistema utilizado para engorda, já que produtores parceiros também poderão optar por tanques escavados ou galvanizados.
 
As decisões a serem tomadas derivam das instruções recebidas na Unoeste, proporcionadas pelo professor da disciplina de piscicultura no curso de Agronomia, Neimar Rotta Nagano, juntamente com o coordenador do curso Dr. Carlos Sérgio Tiritan e a zootecnista responsável pelo Centro de Piscicultura, Rosimeire de Souza Santos. Diante de ampla orientação abrangendo vários aspectos da cadeia produtiva, Julio avaliou o apoio da Unoeste como essencial para que dê tudo certo. “Isso me anima bastante”, afirmou.
 

Foto: João Paulo Barbosa

A fala do empresário sinaliza em atender ao apelo do prefeito Santos e pode ganhar força com o relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), sobre a expansão da aquicultura  no Brasil. O estudo indica que o consumo de pescados no Brasil chegará a 12,7 quilos em 2025, cerca de 32% a mais do que os 9,6 quilos consumidos por ano entre 2013 e 2015. Dados do mesmo relatório apontam que em dez anos a produção de pescados em cativeiro no Brasil mais do que dobrará. A expectativa é que em 2025 a produção já seja de 1,145 milhão de toneladas.
 
Para Titiran, a visita da comitiva paranaense reafirma a Unoeste como referência em suporte técnico e científico em várias áreas do conhecimento, capaz de proporcionar condições ideais para gerar desenvolvimento. Comentou sobre a ampla estrutura da universidade, encontrada em poucas instituições de ensino superior do Brasil, tem estado à disposição de gestores públicos e privados, pesquisadores e estudantes em geral, contribuindo com os mais diferentes projetos sociais e econômicos.
 
Modelo sustentável – Ao tomar conhecimento do projeto de extensão Pequena Propriedade Produtiva Sustentável (PPPS), um modelo de produção com o uso de alternativas que minimizam impactos ambientais, o prefeito Santos disse que Santo Inácio será o primeiro município do Paraná a contar com esse serviço ofertado pela Unoeste, através do curso de Agronomia. Conforme Nagano, atualmente são oito prefeituras paulistas que já assinaram convênio, a maioria do Pontal do Paranapanema, e está prestes a ser formalizada a parceria com Santa Rita do Pardo/MS.