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Aluno vê em intercâmbio prova de que o improvável é possível

Procedente do interior de Tocantins para fazer Zootecnia na Unoeste, o estudante ficou o primeiro semestre de 2019 em Portugal


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Foto: João Paulo Barbosa Aluno vê em intercâmbio prova de que o improvável é possível
João Pedro Sousa do Vale de volta à Unoeste

O histórico de vida do estudante do curso de Zootecnia da Unoeste João Pedro Sousa do Vale é uma prova de que o improvável pode ser possível. Para quem morou quase metade da vida em casa de taipa, conseguiu ser aprovado em universidade pública federal e decidiu fazer a opção por uma instituição particular a 2 mil km de sua casa, fazer intercâmbio na Europa era até outubro do ano passado apenas cogitação.

Entre os cinco selecionados de 590 inscritos no programa de mobilidade internacional do banco Santander, obteve bolsa Ibero-Americanas. Foi para Portugal em fevereiro e voltou em julho, trazendo em seu pensamento a seguinte reafirmação: “A gente tem o maior potencial do mundo nos cursos de ciências agrárias da Unoeste, que são Zootecnia, Agronomia e Medicina Veterinária”, afirma.

Comenta que os professores e os alunos sabem disso, mas ouvindo de pessoas de fora, esse valor tem sua dimensão ampliada. Foi o que aconteceu com o que viu e ouviu, inclusive de um professor português que atua na Europa e em universidade pública do Brasil. Sousa do Vale retomou os estudos na Unoeste para o último ano do curso e planeja voltar no meio do ano que vem para Tocantins.

Sua cidade é Araguaína, a segunda mais populosa do estado, com cerca de 200 mil habitantes e a primeira em volume de negócios de predominância agropecuária, com sete frigoríficos que abatem gado do Tocantins, sul do Pará e sul do Maranhão. Apesar do município rico, sua família vem das camadas mais pobres e até os seus nove anos de idade, no Maranhão, a moradia era em casa de taipa e chão batido.

O quintal era grande e tinha pomar e privada no fundo, com a casinha em cima da própria fossa. Nesse ambiente de natureza rural é que o menino foi alimentando o sonho de uma profissão que tivesse a ver com o campo. Quando estava no ensino médio até pensou em engenharia civil, por causa de seu pai ter trabalhado como pedreiro. Mas, ao final optou por zootecnia.

Passou no vestibular da Universidade Federal do Tocantins (UFT), no campus de Araguaína. Porém, o histórico de greves nas universidades públicas e com a boa nota obtida no Programa Universidade para Todos (Prouni) motivou buscar uma instituição particular, tendo encontrado as referências da Unoeste como uma das melhores do Brasil. Fez o vestibular novamente e passou em 1º lugar no curso noturno.

Conseguiu fazer a matrícula no último dia, mas depois de um mês estudando a noite, fez a opção pelo diurno. Também foi no último dia que respondeu o questionário do processo seletivo da bolsa de intercâmbio. Primeiro foi selecionado entre 20 e por fim acabou entre os cinco contemplados, incluindo sua colega de classe Letícia Zamberlam Pistillo, sendo que ambos foram para a Universidade de Évora.

Sousa do Vale fez disciplinas da licenciatura como: ciência e tecnologia do leite e derivados; produção animal em regiões tropicais e subtropicais; ciência e tecnologia da carne e derivados. Junto aos alunos de mestrado fez temáticas atuais e novas perspectivas da produção de carne. Como na graduação a turma era do último ano e saiu para estágio, foram apenas setes semanas de aula.

As avalições ficaram para o final do semestre. Então, pediu para frequentar em outra turma aulas de produção animal. O professor tutor José Castro ficou admirado com o pedido de um estrangeiro que poderia ocupar seu tempo com outras atividades, mas como queria estudar, conseguiu a autorização de outro docente para que o brasileiro pudesse assistir as aulas, além de lhe dar oportunidade de acompanhar uma pesquisa.

Morando no alojamento a 12 km do campus, para o qual havia transporte regular de ônibus para estudantes, teve a oportunidade de conviver com indianos, turcos, espanhóis, sérvios e tchecos, mas especialmente com africanos, que eram a maioria procedentes de Angola, Moçambique, Cabo Verde e São Thomé e Príncipe. Na universidade também conviveu com pessoas de diferentes nacionalidades.

De acordo com o estudante da Unoeste, o povo europeu tem apenas duas referências do Brasil: Rio de Janeiro e São Paulo, ao ponto de acharem que Tocantins ficava em outro país, sem saber que o Brasil é 92 vezes maior que Portugal em extensão territorial. O intercâmbio serviu para estudar e viajar um pouco, mas também para falar do nosso país. Teve ainda a oportunidade de visitar Paris, na França, e Milão, Florença e Roma, na Itália.

Outra possibilidade foi a de ampliar a visão de mundo. “Vi do bom e vi do ruim. Se você for para outro país e não tiver o mínimo de conhecimento, pode até ficar deslumbrado e passar os pés pelas mãos. Na Praça do Mercado de Lisboa, por exemplo, um cara chegou e me ofereceu haxixe. Fiz que não entendi, não respondi nada, virei as costas e sai. Acho que se alguém vai para visitar é uma coisa; se for para morar, é outra”, comenta.

Para Sousa do Vale, a visão de mundo dos estudantes brasileiros é bem mais ampla do que para muitos europeus que enxergam apenas o país e o continente deles. “Mesmo assim o intercâmbio proporciona um crescimento pessoal muito grande, até por poder desmistificar algumas coisas. A produção pecuária deles é pequena, embora de qualidade. Nem imaginam que no Brasil são 217 milhões de cabeças”, exemplifica.

A produção de soja deles também é pequena, ao ponto de um litro de óleo de soja custar 5,99 euros, o equivalente e 25,92 reais; enquanto o litro de azeite custa 1,99 euros, que na conversão dá 8,21 reais. Aqui é o inverso, mas há perspectiva mediante o crescimento do cultivo de oliveiras, com a produção recorde de azeite que poderá atingir este ano mais de 160 mil litros (Governo-RS).

Quando voltar formado para Araguaína, na rota da rodovia Transbrasiliana, por onde passa a economia de norte a sul do Brasil, Sousa do Vale pretende trabalhar em fazenda de criação de gado ou com a venda de insumos e ração animal. Seu pai, que foi garimpeiro aos 14 anos de idade em Serra Pelada e tem oito filhos espalhados pelo país, atualmente é comerciante (dono de bar) e vive com sua mãe e uma irmã mais nova.

“Somos em dois irmãos, minha mãe e meu pai. Dos meus outros oito irmãos até hoje só consegui encontrar uma irmã. Hoje estou estudando em uma grande universidade que é a Unoeste e procuro fazer tudo bem feito. Faço como obrigação. Meus pais se esforçam para eu poder estudar. Então, eu tenho que dar o melhor de mim todos os dias. Ter feito um intercâmbio foi mais que um sonho realizado”, pontua.

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Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste

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