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Ciência tem papel fundamental no enfrentamento da Covid-19

Na abertura do Enapi 2021, renomado epidemiologista condena a anticiência veiculada em grupos de WhatsApp


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Foto: Reprodução YouTube Ciência tem papel fundamental no enfrentamento da Covid-19
Dr. Pedro Hallal: a ciência no enfretamento da Covid-19, sem o viés da politização

Sobre o papel da ciência no enfrentamento da Covid-19, o Dr. Pedro Rodrigues Curi Hallal afirma que a ciência fez e continua fazendo o que é possível. Disse que o resultado do impacto da pandemia no Brasil, em referência aos mais de 20 milhões de infectados e mais de 600 mil óbitos, não é por culpa da ciência, mas da anticiência veiculada em grupos do WhatsApp.

Assuntos tratados pelo epidemiologista ao fazer na noite de terça-feira (19) a conferência de abertura do 26º Encontro Anual de Pesquisa Institucional e Iniciação Científica (Enapi), um dos eventos que compõe o 26º Encontro Nacional de Ensino, Pesquisa e Extensão (Enepe) realizado pela Unoeste com o tema “A valorização da ciência, saúde e sociedade na pandemia”.

Para tratar do referido papel, o conferencista utilizou de dois princípios básicos da pesquisa. Primeiro: a produção científica começa com perguntas e não com respostas. Segundo: a lógica é o critério da lógica e consistência.  A pesquisa de vacinas foi precedida da pergunta sobre a sua eficácia; e algumas respostas poderia ter sido que a vacina não serve para nada.

O que é inaceitável

Nesse mesmo viés, no começo do ano passado houve o pensamento clínico de que a cloroquina serviria como prevenção, por ser utilizada no tratamento da malária que é doença infecciosa. O medicamento foi testado e não deu resultado. Para Hallal, o pensamento foi válido, mas é inaceitável que ainda haja a insistência de que funciona.

Ao fazer analogia de uso da máscara pelo critério da lógica e consistência sobre a relação do tabagismo com o câncer de pulmão, disse que se de 10 mil estudos cinco mostrarem não existir essa relação, o que prevalece são 9.995. Se for levado em consideração apenas os cinco, “isso não é ciência; é charlatanismo”.

Outro aspecto evidenciado na conferência foi sobre a letalidade da Covid-19, de no máximo 1%. Portanto, a maioria é de casos leves e o grande problema é o assintomático como o principal disseminador da vírus. A testagem em massa e barreiras sanitárias seriam os meios para reduzir a disseminação.

Exercício científico

Conforme Hallal, quando o vírus chegou ao país foram tomadas medidas corretas e erradas, sendo que a mortalidade ficou acima de 2.800 por 1 milhão de habitantes brasileiros, bem acima da média mundial de 700 mortes e que se tirar o Brasil cai para 550. “Esse é um exercício científico que precisa ser feito”, pontuou.

Para o epidemiologista não teria como evitar que o coronavírus chegasse ao Brasil e nem as mortes, “mas não precisava chegar a ser mais 600 mil e a culpa não é do vírus”. No seu entendimento, o primeiro grande erro foi não ter sido feito o básico em relação ao enfretamento à doença: testagem, rastreamento e isolamento.

Outros erros foram não disseminar o uso da máscara; confiar no tratamento precoce e se expor ao vírus diante da falsa sensação de segurança; lockdowns curtos e flexíveis quando deveriam ser longos e rigorosos; e pouca quantidade de vacinas no começo, com muitas pessoas perdendo a vida antes da chance de vacinar.

O pior já passou

Questionado se a Covid-19 veio para ficar, a resposta foi sim; porém, em níveis aceitáveis, bem toleráveis. As máscaras somente serão usadas em situações excepcionais, mesmo em casos de gripes. Sobre a vacina, disse ser bastante provável que entre no calendário vacinal, mas não sabe se deverá ser anual.

Em relação ao que esperar daqui para a frente, comentou que prognóstico epidemiológico é bom; que pode existir oscilações para cima, mas ainda assim o número de infectados deve cair. “O Brasil está chegando lá para retomar a vida normal. Com base na realidade dos fatos o cenário é positivo”, expôs.

Ao dizer que a vacina deve ser exigida para manter a evolução do cenário, esclareceu não ser alarmista e que tem uma posição responsável, com o entendimento de que pandemia não ocorre a toda hora e que não é preciso entrar em desespero. “A pandemia não acabou, mas o pior passou. O ano de 2022 será melhor que 2021”, estimou.

Escolas devem abrir

Acompanharam a conferência do Enapi o pró-reitor de Pesquisa, Pós-graduação e Extensão, Dr. Adilson Eduardo Guelfi; e o pró-reitor Acadêmico, Dr. José Eduardo Creste, que fez a pergunta sobre o que esperar, epidemiologicamente, daqui para a frente. Sobre a retomada das aulas presenciais, o conferencista concorda.

“Quem está remoto, deve continuar e planejar o presencial para o próximo semestre. As escolas deveriam ser uma das últimas coisas a fechar. O Brasil teve tantos bares abertos e escolas fechadas; o que não tem nenhum sentido epidemiológico”, comentou o Dr. Pedro Hallal pesquisador vinculado à Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

Na universidade gaúcha foi reitor e atualmente também leciona na Universidade da Califórnia, de tal forma que fez a conferência do evento 100% on-line direto da cidade de San Diego, nos Estados Unidos. É o coordenador da pesquisa Epicovid, o maior estudo epidemiológico do Brasil.

Mesa-redonda Ensino, Pesquisa e Extensão

O início desta quarta-feira (20) foi marcado por um debate que envolve a tríade da universidade. Em um primeiro momento, a professora doutora Maria Alice Carraturi Pereira, da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, falou sobre o que é ser um bom professor no ensino superior do século 21 que tem o perfil do aluno 3.0. Já a Dra. Araceli Aparecida Hastreiter, pesquisadora da USP, destacou que a divulgação científica é fundamental para o desenvolvimento da ciência. “Essa popularização é a recodificação da ciência para uma linguagem mais simples sendo direcionada para o público leigo. Para nós, é um grande desafio expandir a pesquisa para além do mundo acadêmico”, afirma Araceli. 

E para marcar o encerramento das reflexões, a Dra. Maria Antônia Ramos de Azevedo, docente da Unesp de Rio Claro (SP), destacou que a indissociabilidade significa que o ensino, a pesquisa e a extensão precisam ser vivenciadas de forma interconectada, articulada e orgânica. Dentre as suas considerações, observou que a indissociabilidade necessita de uma prática interdisciplinar profissional dos professores no ensino, na pesquisa e na extensão.

Foto: Cedida Dra. Maria Alice falou sobre o que é ser um bom professor no ensino superior do século 21
Dra. Maria Alice falou sobre o que é ser um bom professor no ensino superior do século 21

Prêmio Científico 

Ainda nesta quarta (20) foram feitas as apresentações orais dos estudos inscritos no Prêmio Científico Unoeste, evento inserido no 26º Encontro Anual de Pesquisa Institucional e Iniciação Científica (Enapi) e concebido como incentivo à divulgação de pesquisas científicas e tecnológicas.  Foram apresentados estudos produzidos por estudantes de graduação e pós-graduação, de diferentes instituições de ensino superior, nas seguintes grandes áreas do conhecimento: ciências agrárias; ciências exatas e engenharias; ciências humanas e sociais aplicadas; e ciências biológicas e da saúde. As publicações são nos anais do Enepe 2021, o Encontro Nacional de Ensino, Pesquisa e Extensão da Unoeste; que abriga o Enapi.

Serviço – As palestras do Enepe estão disponíveis no canal do Youtube da Unoeste, neste link.

Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste

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