45% dos participantes foram pela 1ª vez ao mutirão do e-lixo
Arrecadação atinge 60 toneladas, mas organizadores enfatizam a participação como o fato mais expressivo
Diante da compreensão de que a participação é mais importante que a quantidade arrecadada, organizadores do 10º Mutirão do Lixo Eletrônico de Presidente Prudente aplicaram uma enquete com a pergunta “já participou?” e as alternativas sim e não. O resultado das respostas revelou que 45,55% participaram pela primeira vez. Isso sinaliza existência de rodízio no envolvimento da população e a leitura de que, possivelmente, que quase a metade de quem levou nos anos anteriores não tinha o que levar este ano.
Dentre os participantes dessa última edição ocorrida no final de semana, que resultou na arrecadação estimada em 60 toneladas, 1.845 tiveram seus dados, nomes e telefones anotados em cupons. Destes, 1.012 responderam a enquete: 460 não e 552 sim. O mutirão teve início na sexta-feira (9), com a coleta nos distritos de Ameliópolis, Eneida, Floresta do Sul e Montalvão. No sábado (10) foram instalados dois pontos: no bairro Ana Jacinta, das 9h às 13h, e no Parque do Povo, das 8h às 16h.
O que o chamou atenção da organização foi a quantidade de televisores descartados, provavelmente por conta da conversão do sistema de transmissão e recepção de som e imagem do analógico para o digital. Outro fato curioso foi quanto ao transporte: a maioria de carro de passeio, mas teve outros meios como camionete, carreta tracionada por motocicleta, bicicleta com bagageiro e até carriola. Proporcionalmente, considerando participação e quantidade, daria 35 kg por pessoa.
Foram destinados à coleta: televisores, computadores, impressoras, teclados, mouse, scanner, roteadores, celulares, baterias, carregadores, liquidificadores, telefones, micro-ondas, secadores de cabelo, lanternas, aspiradores de pó, toca CD, rádios, gravadores, fax, ferro elétrico, caixas de som, home theater e até raquete para matar mosquito, entre outros. Porém, o que impressionou foi a quantidade de pilhas depositadas nos papa-pilhas ofertados pelo evento, sendo que nesta edição foram distribuídos mais 2 mil.
Para o segurança Claudeir Theodoro de Andrade, morador do bairro Maré Mansa, o mutirão foi a oportunidade em dar destino correto para alguns aparelhos sem uso; o que fez pela primeira vez. O vendedor Marcos de Paula Rodrigues, do Jardim Aviação, já participou de outras edições e desta vez foi levar um televisor, o qual substituiu por outro destinado à recepção da transmissão digital. No Ana Jacinta e no Parque do Povo cerca de 230 estudantes da Faculdade de Informática de Presidente Prudente (Fipp) atuaram na coleta do material, orientados e acompanhados por sete professores.
O mutirão que ocorre desde 2009, único ano que teve duas edições (junho e novembro), é uma realização da Prefeitura e Unoeste, respectivamente por intermédio da Secretaria Municipal de Tecnologia da Informação (Setec) e da Fipp, com o aporte da Reitoria, Pró-reitoria Acadêmica (Proacad) e Pró-reitoria de Extensão e Ação Comunitária (Proext). Dentre outros parceiros estão a Brasil Reverso, Cooperlix, Prudenco, Sabesp, Secretária de Assuntos Viários (Semav) e Secretaria do Meio Ambiente (Semea).
Importância – O secretário de Tecnologia da Informação, Rogério Alessi, disse que o resultado da 10ª edição foi muito positivo e que nos acumulados de nove anos já são mais de 600 toneladas de lixo eletrônico arrecadado. O coordenador da Fipp, Haroldo César Alessi, chamou a atenção que mesmo sendo um sábado de tempo frio, a população esteve mobilizada em prol do evento. Para o diretor da Fipp, Moacir Del Trejo, mais uma vez a maior importância esteve na adesão, já que o mutirão foi criado para conscientizar as pessoas sobre educação ambiental.
Na condição de professor universitário, o promotor público e vice-presidente por cinco anos da quarta maior agência ambiental do mundo que é a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), o prefeito Nelson Bugalho acumula 30 anos de experiência na área e, para ele, ainda que seja expressivo o volume arrecadado no mutirão, a participação da população é mais importante. “Uma ação como essa impede que o material a ser descartado seja disposto no aterro ou em vias públicas”, pontuou.
Ao enaltecer a participação da Unoeste nestes anos todos, disse que o mutirão não é uma ação isolada, por estar inserido nas políticas públicas do município e atender a Política Nacional de Resíduos Sólidos que enfatiza a necessidade de se promover a reciclagem. Para Bugalho, o grande desafio de Prudente é a destinação correta dos resíduos sólidos, incluindo a criação de aterro de entulho da construção civil, e o cuidado e ampliação dos espaços verdes: quase 300 praças e parques, que juntos representam 5 milhões de metros quadrados.
A Unoeste também está envolvida no mutirão através da pós-graduação, como é o caso da estudante do mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional Juliene Orosco, que desenvolve pesquisa para propor que o lixo eletrônico coletado na região do Pontal do Paranapanema seja reutilizado, desde que não esteja obsoleto, em promover a inclusão digital ou que a descaraterização e reaproveitamento dos componentes, como matéria prima para outros produtos, seja feita por empresa instalada na própria região, gerando emprego e renda.
Atualmente, o material arrecadado é destinado a Brasil Reverso, empresa devidamente certificada e com sede em Nova Odessa, na região de Campinas.
Premiação – Ao final do mutirão no Parque do Povo, foi feito o sorteio público de 13 prêmios ofertados pela Unoeste. Ganhadores: Sonia Cristina Tosta, Sabrina Marino da Silva, Juvêncio Marcelo de Jesus, Leodete Gazoni, Mariane Fernanda Custódio, Paulo Edmundo Perego, André Luís Tardim, José Rodrigues Garcia, João Bisculio Munhoz e Adriam Decco (bicicletas); Aystan Cavalcante Peloso (tablet), Pablo Vinícius da Conceição Carvalho (videogame) e Luís Henrique Santos (notebook). A entrega dos prêmios ocorrerá na quarta-feira (14) desta semana, às 11h, na Reitoria da Unoeste, no campus I.
