Doutorado em Agronomia tem 1º aluno em estudo internacional
Pesquisador na área de fruticultura consegue bolsa do Ciência sem Fronteiras para intercâmbio na França
O Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Agronomia, vinculado à Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação da Unoeste, comemora feito inédito: aluno do doutorado num intercâmbio de estudos na França. Rodrigo Takahashi Maruki Miyake, de 27 anos, tem toda sua trajetória universitária construída na Unoeste: graduação, mestrado e doutorado, já na reta final. Com a conquista de bolsa junto ao programa federal Ciência sem Fronteiras irá para a Université d´Avignon, de 2 de outubro deste ano a 25 de abril do ano que vem. No campo de agrociências seus estudos estarão focados na área de fruticultura e em aprender definitivamente falar em francês.
Desde que optou pela França, diante de outras possibilidades nos Estados Unidos e no Japão, vem fazendo aulas particulares da língua mãe do país de destino. Já são oito meses. Assim que chegar lá, irá se candidatar no curso que a própria universidade oferece para estrangeiros. É o que diz, com a constatação da necessidade de melhorar o idioma para obter o máximo de aproveitamento possível. Sua pesquisa de âmbito internacional será desenvolvida no Laboratório de Frutas e Hortaliças, versando sobre os efeitos de diferentes comprimentos de ondas na fisiologia na qualidade de frutos de manga no pós-colheita.
Miyake conta que a pesquisa consistirá em induzir radiação nos frutos para melhorar longevidade e resistência às doenças. Um experimento que poderá transportar para outros tipos de frutas, como no caso do maracujá que tem sido seu objeto de estudo. No mestrado pesquisou o efeito da nutrição com diferentes substratos e adubação nitrogenada na produção de mudas de maracujá. No doutorado a pesquisa se dá na adubação com NPK – nitrogênio, fósforo e potássio – sobre a produtividade e qualidade de frutos de maracujazeiro amarelo.
A inclinação do jovem pesquisador sobre o maracujá tem origem familiar. Filho de pequenos produtores rurais e feirantes em Presidente Prudente, descobriu que o maracujá tem bastante demanda e sua produção pode ser desenvolvida em pequenas propriedades, proporcionando boa renda para quem sobrevive da agricultura familiar. Então, produzir mudas e frutos de qualidade consistem num objetivo voltado para contribuir socioeconomicamente com o trabalhador rural. Caçula do casal de filhos de Antônio e Cecília, cuja irmã se chama Tatiane, Miyake conta que seu pai está aposentado, mas que sua mãe ainda trabalha na feira com hortifrútis e comida japonesa.
O estudante tem uma meta traçada: a de ser pesquisador e professor. Daí o grande interesse em enriquecer seu currículo com uma experiência internacional. Em 2013, tomou conhecimento da possibilidade de obter bolsa, por intermédio do coordenador de mestrado e doutorado, Dr. Fábio Fernando de Araújo. Desde então, se empenhou pelo intercâmbio. A decisão pela França decorreu de ajuda do pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação Dr. Adilson Eduardo Guelfi, que intermediou contato com Elvis Pontes, aluno seu em São Paulo e que fez uma parte do doutorado naquele país da Europa Ocidental.
A inscrição no Ciência sem Fronteiras foi feita em outubro do ano passado e o resultado saiu em junho deste ano. “Acho que é oportunidade única para minha vida e carreira. São muitos os benefícios de um intercâmbio internacional, pelos novos conhecimentos, incluindo os de tecnologias de ponta. Viver outra cultura poderá ser muito decisivo. Estou empenhado para dar o meu melhor, não só por mim e minha família, mas também pela Unoeste. Penso em abrir portas para que outros alunos tenham a mesma oportunidade que eu. Sei da responsabilidade de ser o primeiro aluno do doutorado nessa condição de fazer uma parte dos estudos no exterior”, comenta.
Bolsista pelo Programa de Suporte à Pós-graduação de Instituições de Ensino Particulares (Prosup), ofertado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) – órgão do Ministério da Educação (MEC), Miyake faz parte do Grupo de Pesquisa Agropecuária do Oeste Paulista (Gpagro), que reúne alunos e professores da Unoeste envolvidos em estudos científicos na área de agronomia. No doutorado mantém o mesmo orientador do mestrado, o Dr. José Eduardo Creste, que atua na linha de pesquisa de solos e nutrição de plantas e também é pró-reitor Acadêmico da instituição.
Com a qualificação de sua tese marcada para 3 de setembro, Miyake fará a defesa quando retornar da França. Creste tem em seu orientando um aluno exemplar: aplicado, dedicado e persistente. Quando fez a pesquisa no mestrado buscou a ajuda da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), agora no doutorado obteve a colaboração do Instituto Agronômico de Campinas (IAC). “Utilizou 1 hectare no experimento de campo repetido por dois anos, com delineamento experimental em esquema fatorial 4x3x4 (4 doses de nitrogênio, 3 de fósforo e 4 de potássio). Algo que, nessa dimensão, poucos pesquisadores têm coragem de fazer”, diz o orientador.
Numa leitura de quem tem acompanhado a trajetória de Miyake desde a graduação, Creste o classifica como alguém destemido em desenvolver projetos, razão pela qual é autor de diversas publicações científicas. “Sempre sonhou em ir para fora. Deveria ter ido em fevereiro deste ano, mas devido às restrições orçamentárias do governo, a bolsa não foi liberada na ocasião. Ele se preparou para isso, estudando inglês há quatro anos e mais recentemente o francês. Sua ida à França é um marco para a Unoeste e um grande ganho ao doutorado em Agronomia. Temos certeza de que o Rodrigo terá um desempenho muito favorável”, prevê diante do histórico de seu orientando.
Para o assessor de relações interinstitucionais da Unoeste, Dr. Antonio Fluminhan Júnior, trata-se de conquista inédita bastante relevante, por ser o primeiro bolsista do doutorado em Agronomia contemplado pelo Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE/Capes). Também por ser na França, na universidade localizada em região agrícola, com predominância da fruticultura e vinicultura; por ter oportunidade de pesquisar uma fruta tropical (manga); e por conseguir boa receptividade da pesquisadora Felicie Lauriz Lopez, que será sua supervisora. “Para o Rodrigo será um diferencial muito grande, pelos estudos em si e pelas possibilidades de parcerias, de trabalhos em cooperação e até de pós-doutorado”, avalia o assessor.
O coordenador do programa no qual está inserido o doutorado em Agronomia vê a bolsa como oportunidade especial, proporcionada pelo governo através da Capes. “A bolsa representa aprimoramento maior nas diferentes linhas de pesquisa do programa, com a oportunidade de novos estudos, com mais recursos e um olhar que proporciona a visão da pesquisa internacional. Isso enriquece a formação do aluno, com a tese gerando publicações em revistas de alto impacto científico. Esse intercâmbio também proporciona ao aluno o aprimoramento da língua materna do país de destino, que no caso do Rodrigo é a França”, comenta Araújo.
Com o entendimento de ser uma conquista pessoal e também institucional, o Dr. Guelfi afirma ser um grande passo para o fortalecimento do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Agronomia da Unoeste, capaz de abrir novas oportunidades de parcerias internacionais, contribuindo com o desenvolvimento de pesquisa avançada. Sobre a colaboração de Pontes para a relação interinstitucional, comenta que ele esteve na França fazendo bolsa sanduíche, do ano passado até março deste ano. Aluno de doutorado na Escola Politécnica da USP, Pontes – que é de Barueri (SP) – tem a orientação do Dr. Sérgio Takeo Kofuji e a coorientação do Dr. Guelfi.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste