Ampliar o olhar docente proporciona ensinar com qualidade

Para encerrar o ciclo de atividades do planejamento para o 2º semestre letivo deste ano na Unoeste, na manhã de sábado (2) professores lotaram o teatro César Cava para ouvir o especialista em administração universitária e gestão acadêmica Dr. Rinaldo Henrique Aguilar da Silva. Sua fala esteve voltada para o entendimento de que no exercício docente não basta estar professor, é preciso que se sinta professor, mesmo os profissionais inseridos na docência pelo saber e competência profissional em áreas como as das engenharias e do direito, por exemplo. Com a oferta permanente de reflexões que possibilitam reciclagem, o encontro de sábado (2) esteve dentro da proposta de que ampliar o olhar docente proporciona ensinar com qualidade.

Ao eleger como tema o título de seu novo livro “Professor: ser ou estar – o desafio do ensino superior”, em fase final de produção, defendeu o pensamento de que o professor deve se enxergar, no sentido da autoavaliação, pelo olhar do estudante; e deve agir em busca das ovelhas perdidas, considerando que as salvas já estão protegidas. Mostrou-se plenamente a favor da motivação, mas afirmou não ser adepto da educação progressiva. É defensor dos métodos ativos de ensino e aprendizagem, nos quais a avaliação está inserida, como movimento diário de transformação, na busca de chegar ao objetivo proposto: a formação profissional.  “A aprendizagem tem que ser prazerosa e avaliação não é acerto de contas”, afirmou.

No sentido de fazer o professor se enxergar nos seus acertos e erros, o palestrante utilizou de linguagem figurativa e buscou figuras do mundo animal. Em síntese, o professor macaco expõe alunos ao ridículo, aplica avaliações como armadilhas e causa danos; o joão-de-barro constrói algumas coisas na mente e cobra de seus alunos, aplica avaliação voltada à construção de valores e cidadania e produz efeito benéfico; o serpente tem andar solene, olhar aparentemente meigo e sorriso estilo Mona Lisa, a avaliação apresenta questões traiçoeiras e resulta em baixa autoestima; e o pavão é grande esnobe sobre conhecimentos e cultura, possui requinte de beleza e  fica desligado da realidade, perde a beleza no ato de avaliar e os efeitos são reprova e exclusão.

Hábil com as palavras e detentor de admirável conhecimento, Rinaldo Silva encontrou maneiras agradáveis, que fez a plateia sorrir várias vezes para falar de assuntos sérios. Não ficou somente no macaco, joão-de-barro, serpente e pavão para expor a mensagem proposta. Utilizou ainda o castor, a abelha, o leão e o bicho-preguiça. A todo instante cutucou a onça com vara curta, mas como bom domador não escorregou. Em outras palavras: foi duro sem perder a ternura. Defendeu a linha da aprendizagem significativa, toda permeada pelo envolvimento de interação de novas informações com uma estrutura de conhecimento específica. Evocou o maior pedagogo norte-americano do século 20, John Dewey, para quem a educação é um processo social, é desenvolvimento; e não é apenas preparação para a vida, é a própria vida.

Ainda na linha do pensamento de Dewey, pinçou questões como as de que o saber é construído por conhecimentos e vivências que se entrelaçam de forma dinâmica; e que a aprendizagem é essencialmente coletiva, assim como é coletiva a produção do conhecimento. Por fim, discorreu sobre os papéis específicos do professor, que se inicia por dominar o método empregado e caminha por diversos compromissos como conhecer os recursos de aprendizado disponíveis na universidade e o programa com os respectivos objetivos de aprendizagem previstos; procurar obter informações sobre os alunos que pertencerão à sua classe, seus pontos positivos e negativos; favorecer o bom relacionamento dos alunos entre si e com o professor, ajudando a construir um ambiente de confiança para o aprendizado, entre outros compromissos.

Sem meias palavras e nem subterfúgios, deixou o recado de que o estudante não está em busca do diploma para pendurar na parede, mas para se tornar profissional e para melhorar a sua vida. Pontuou que na relação aluno-professor, o aluno precisa entender seus direitos e também suas obrigações com as importâncias que têm, citando como exemplo a questão da assiduidade. “Nós professores não estamos, nós somos”, afirmou para concluir que o ensinar não é repetir a lição dada, é construir e reconstruir, para constatar e mudar. O teatro lotado de professores, incluindo os que estão na função de coordenação ou direção, foi motivo de elogio para Rinaldo Silva: “essa grande presença demonstra o compromisso e seriedade dos professores da Unoeste junto aos estudantes”.

A coordenadora pedagógica da Unoeste, Aparecida Darcy Alessi Delfim, ao apresentar o palestrante disse que Rinaldo Silva – professor da Faculdade de Medicina de Marília (Famema) e consultor da Faculdade de Medicina de Presidente Prudente (Famepp) veio contribuir com ideias pedagógicas que servirão de suporte ao trabalho docente na Unoeste, onde se mantém o olhar ampliado para a educação, para não correr o risco de ser reducionista. “Vamos trabalhar e pensar num semestre diferente, como diz o pró-reitor acadêmico Dr. José Eduardo Creste”, disse e justificou a ausência do gestor. Darcy esteve acompanhada, no suporte ao evento final da especial pedagógica, da assistente da coordenadoria Lucimara de Carvalho Sanches. Esteve presente o pró-reitor de pesquisa e pós-graduação, Dr. Adilson Eduardo Guelfi.