Maioria de cuidadores sente dor, diz estudo de Fisioterapia

A maioria dos cuidadores de pessoas com necessidades especiais – geralmente parentes – apresenta queixas de dor, é o que aponta pesquisa feita em um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da Fisioterapia da Unoeste. De 40 entrevistados, 28 (70%) relatam dor, inclusive em mais de um local do corpo, principalmente nas colunas cervical e lombar e nos ombros. A partir desta detecção, já há atendimento a alguns desses casos na Clínica de Fisioterapia da Unoeste e a perspectiva é de que seja criado um projeto específico de assistência aos cuidadores.

São 37 cuidadoras e três cuidadores homens, com média de 46 anos de idade, que fazem os cuidados em casa e dedicam-se praticamente em período integral: 50% cuidam o dia inteiro e 87,5%, embora não fiquem o dia todo, dão atenção aos pacientes durante toda a semana. A pesquisa reflete o TCC dos alunos Dhiego Bonetti dos Santos e Thiago Kendy Kawano, ambos do 8º termo de Fisioterapia da Unoeste, orientados pela professora Maria Tereza Artero Prado e coorientados pela docente Deborah Cristina Gonçalves Luiz Fernani. Como relaciona Maria Tereza, “esses indivíduos estão expostos a posturas inadequadas, têm que fazer muita força para carregar os pacientes, mudá-los de posição, fazem rotina de banho, de alimentação e de troca, então acabam se sobrecarregando fisicamente”.

Além das dores, os acadêmicos analisaram níveis de sobrecarga e qualidade de vida e perfis socioeconômico e demográfico dos cuidadores: a maioria tem ensino médio completo e renda familiar mensal entre R$ 1 mil e R$ 2 mil. Das reclamações, os cuidadores de crianças e adolescentes expõem principalmente falta de vitalidade e dor, enquanto que os cuidadores de adultos e idosos apontam esses dois aspectos e desgastes físico, emocional e mental. Segundo os pesquisadores, os cansaços físico, emocional e psicológico são de leve a moderado, mas já indicam que os cuidadores podem frequentemente esquecer-se de si próprios e da família.

Após fazer o levantamento estatístico, os estudantes orientaram os cuidadores para prevenir, evitar o aparecimento de sintomas de dor, “mas, depois que já existe a dor, provavelmente terão que procurar algum serviço de atendimento de fisioterapia”, aponta Kawano. “Inicialmente temos que orientar porque eles são cuidadores de um momento para o outro, não são preparados para isso. Orientamos o cuidador sobre como se comportar perante atendimento do paciente e cuidados com ele mesmo”, complementa Maria Tereza. Diminuindo sobrecargas e melhorando a qualidade de vida, os atendimentos às pessoas cuidadas também será aprimorado, porque, Kawano ressalta que, sim, “a dor interfere na maneira de cuidar”.

Pesquisas impactantes – O trabalho de Dhiego Bonetti e Thiago Kawano foi dividido em duas partes para ser levado ao 6º Congresso Internacional de Saúde da Criança e do Adolescente (Cisca), em São Paulo, no mês passado. Outros 11 trabalhos do curso de Fisioterapia da Unoeste foram apresentados neste evento, são sobre os seguintes temas: hipoterapia no autismo; diabetes; postura; peso e altura; acidentes; realidade virtual para casos de paralisia cerebral e síndrome de down; hábitos alimentares em fumantes passivos.

As pesquisas são resumos de TCCs em andamento ou finalizados, projetos de extensão, tese e dissertação. Os 13 trabalhos da Unoeste têm envolvimento de nove professores, 14 acadêmicos e 11 egressos e estão nos anais do evento, encartados como suplemento no Journal of Human Growth and Development (jornal de crescimento e desenvolvimento humano) – trata-se de uma publicação de qualis B1, o que significa que tem grande impacto na comunidade científica.