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Estudo revela pressão sonora acima do permitido em escolas

Pesquisa, desenvolvida pelo curso de Fonoaudiologia, foi realizada em colégios municipal e particular de Presidente Prudente


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Foto: Divulgação Estudo revela pressão sonora acima do permitido em escolas
Maioria dos valores analisados foi elevada, revelando ambientes com som competitivo para a fala do professor

Em pesquisa realizada através de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Fonoaudiologia da Unoeste, foi revelado que as salas de aula de escolas públicas e particulares do ensino fundamental em Presidente Prudente encontram-se com valores de pressão sonora acima do limite estipulado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), gerando ruído competitivo que dificulta a aprendizagem dos alunos.
 
“O nível de pressão sonora é definido como um som indesejável, que incomoda o ouvinte. Ele está presente em vários momentos da nossa vida, podendo ser no ambiente de trabalho, tráfico de veículos, ambientes comerciais, escolas, entre outros. A exposição ao nível de pressão sonora, além de causar consequências graves à audição, pode prejudicar a saúde física e psicológica de um indivíduo”, explica a autora da pesquisa que se formou recentemente na Unoeste, Beatriz Goulart Caetano.
 
O trabalho intitulado “Análise do nível de pressão sonora ambiental em salas de aulas do ensino fundamental I em escolas pública e privada” teve como orientadora a professora e coordenadora da graduação na Unoeste, Dra. Maria Cristina Alves Corazza.
 
A mensuração dos dados do estudo foi realizada com o Decibelímetro Digital Minipa, modelo Msl-1325, devidamente calibrado, em três dias alternados no período da manhã e tarde. De acordo com a egressa, as informações foram analisadas mediante estatística não paramétrica, além de média, limite máximo e mínimo de nível de pressão sonora, comparadas com as referências para o ambiente escolar segundo a norma da ABNT. “Houve diferença quando comparados os valores entre as escolas, sendo observado maior nível na escola pública, tanto na presença como na ausência de estudantes nas salas. A infraestrutura de climatização e a localização do edifício, em rua de maior movimento, foram condições relevantes para os resultados entres as escolas”, salienta Beatriz.
 
Conforme a professora Cristina Corazza, o objetivo principal do estudo foi compreender a realidade de ruídos nas escolas com vistas a auxiliar na implementação de medidas de melhorias na educação e aprendizagem. “O ruído é um agente físico nocivo à saúde auditiva, mas também é um fator de competição e  de interferência na qualidade dos ambientes. O conforto acústico deve ser respeitado para que o ser humano tenha saúde física e emocional. Temos observado um aumento no número de estudantes com dificuldades escolares e de aprendizagem, em todos os níveis educacionais. Pesquisas mostram que as escolas não estão adequadas aos padrões de acústica. O nível de pressão sonora externo tende a ficar mais intenso dentro da sala de aula e em consequência, os alunos não entendem o que o professor fala. O docente, por sua vez, sente necessidade de aumentar a intensidade vocal, favorecendo a reverberação, interferindo na atenção e compreensão da fala, podendo haver comprometimento da aprendizagem”, conta. 
 
Corazza revela que a voz e a distância do professor interferem também na inteligibilidade de fala. “Através de uma pesquisa internacional, foi verificado que a fala perde 45% de sua energia até atingir o fundo da sala de aula. As crianças sentadas nas primeiras carteiras recebem por volta de 97% a 100% da fala. Já as que estão sentadas na terceira carteira, somente 69% desta energia e, nas últimas carteiras, chegam 55% da energia em seus ouvidos”.
 
O estudo mostra também que ao se comparar os valores mínimos, máximos e a média entre escolas pública e privada durante as atividades escolares, os valores da instituição de ensino pública foram maiores que os valores do ensino particular. A maioria dos valores foi elevado e revelam ambientes com som competitivo para a fala do professor. Além de ser insalubre para a audição, pode haver prejuízo para a aprendizagem e a voz do docente, que normalmente ministra suas aulas sem o uso de microfones.
 
“É importante considerar que a escola pública se encontra em uma avenida e uma via de condução. Sendo assim, há muitos veículos passando. As janelas das salas se encontram em direção às ruas, expondo as crianças a todo nível de pressão sonora externa. Outro ponto importante é que estas salas possuem ventiladores extremamente ruidosos, que quando ligados, é impossível compreender a fala do professor. Em contrapartida, a escola particular encontra-se em um bairro mais silencioso, com vias locais e as janelas das salas estão viradas para dentro da escola, além de serem climatizadas com ar condicionado do tipo split, pouco ruidosos”, fala Corazza.
 

Possíveis soluções
De acordo com a conclusão do estudo, os projetos arquitetônicos de edifícios e salas de aulas devem ser planejados com o respeito às normas para ambientes destinados à aprendizagem. Medidas educativas para sensibilização da população sobre o assunto também são importantes neste sentido. “É de grande importância a atuação do fonoaudiólogo como parceiro da escola, auxiliando na criação de ambientes favoráveis à saúde dos alunos com o intuito de diminuir os agentes prejudiciais à aprendizagem”, explica Beatriz.
 
A professora Cristina revela que nas escolas analisadas houve orientação sobre os efeitos do ruído na audição, na saúde geral e no aprendizado das crianças, além de ter sido discutida a importância de projetos arquitetônicos antes da construção do ambiente descolar e de medidas que melhoram a acústica. “É necessário que todos os envolvidos no ambiente escolar entendam que um aluno que apresenta desatenção e notas baixas não significa que possui falta de inteligência ou que é preguiçoso, por exemplo, mas que às vezes o problema está na incapacidade que o estudante tem em lidar com o barulho. Uma das principais medidas é o respeito dos próprios indivíduos com o silêncio, colaborando para a salubridade do ambiente”. Ainda foi comentado sobre a climatização, contra o uso de ventiladores ruidosos e a relevância da disponibilização de microfones e caixas de som para uso do professor. “Este, por sua vez, deve aceitar e aprender a utilizar os microfones e  amplificadores de som, pois muitas pessoas dizem não se sentir confortáveis com esses equipamentos”.
 

Ações dentro da Unoeste
Atenta a essas questões relacionadas ao ruído dentro de sala de aula e com a dificuldade no processo de ensino-aprendizagem que isso pode causar nos acadêmicos, a universidade vem desenvolvendo ações importantes neste sentido como: substituição de ar-condicionado; aquisição de caixas de som e amplificadores; e aumento dos microfones, além da possibilidade do próprio docente ter um mini microfone pessoal, material de baixo custo e com resultados efetivos. “Há dois anos têm ocorrido, nas semanas de planejamento,  no Encontro Pedagógico dos Docentes (Enped),  oficinas de compreensão do processamento auditivo e da aprendizagem em ambientes sem ruído competitivo. Além, é claro, da conscientização para o uso do microfone. No último encontro foram acrescidas oficinas de treinamento de uso da voz, de compreensão da produção vocal e do melhor uso desse instrumento de trabalho do professor”, conta Corazza.
 
Na universidade, a maioria das salas tem acústica favorável  por serem de alvenaria e cortinas para diminuição da reverberação. Além disso, a instituição tem buscado fazer uso de divisórias acústicas onde não há alvenaria e substituição das divisórias simples pelas acústicas. “As mudanças têm acontecido há alguns anos. Outras modificações são mais recentes e algumas específicas ainda deverão acontecer em breve. A Unoeste está sempre em busca de melhorias e se orgulha de sua infraestrutura sempre muito bem avaliada pelos órgãos externos. A autorização da administração para que projetos como esses aconteçam demonstra a atitude de busca pela melhoria e o respeito pelas pesquisas, além da confiança de que medidas podem ser tomadas frente a resultados que exigem ações de transformação”, finaliza a docente.

Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste

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