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Pesquisador orquidófilo prepara novos registros em Londres

Produção de novos híbridos e manutenção de orquidário alimentam iniciação científica, dissertações e teses


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Foto: João Paulo Barbosa Pesquisador orquidófilo prepara novos registros em Londres
Dr. Machado Neto e orquídeas de novos cruzamentos, para registros


Inserido num seleto grupo de pesquisadores orquidófilos brasileiros, o Dr. Nelson Barbosa Machado Neto mantém 15 materiais registrados na Sociedade Real de Horticultura (RHS). Já são quase dois séculos que todos os melhoristas do mundo remetem o registro de novos híbridos à RHS, com sede em Londres. Estima-se que o banco de dados tenha em torno de 200 mil híbridos. A produção do pesquisador vinculado à Unoeste alimenta estudos de iniciação científica e na produção de dissertações e teses. Outra contribuição significativa é a pontuação proporcionada, a cada novo registro, à avaliação do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Agronomia, que oferta mestrado e doutorado.

No começo deste ano ocorreu o 15º registro. Ainda neste primeiro semestre poderá chegar ao 20º. Para chegar a esse ponto, foram mais de 1,5 mil cruzamentos de orquídeas da mesma espécie e entre espécies diferentes. “Com o tempo, o processo acelera. Demora mais o início, com as primeiras plantas, até chegar ao sistema adequado”, comenta e cita que são 33 anos como colecionador. Porém, nos últimos 19 anos tem se dedicado a fazer cruzamentos, desde o seu doutorado na Unesp em Rio Claro. Fez o mestrado na Universidade Estadual de Londrina (UEL), na sequência da graduação em agronomia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM).

Em seus dois pós-doutorados, os estudos estiveram voltados à produção de orquídeas, planta que começou a colecionar quando ainda fazia ensino médio. O primeiro, no Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), em Londrina. O segundo, no Jardim Real Botânico da Inglaterra, onde permanece vinculado ao Millennium Seed Bank Project, o projeto global de armazenamento de sementes com a finalidade de preservar a biodiversidade mundial. Na companhia de sua esposa Dra. Ceci Castilho Custódio, também pesquisadora, desenvolvem novos estudos em conservação e maturação de sementes de orquídeas.

Embora natural da cidade de São Paulo, tudo começou no interior, em Araçatuba, para onde sua família mudou-se com a transferência do pai policial. Foi lá que conheceu a coleção mantida pelo pai de um amigo. O que era passatempo virou prática científica. “Para ser sincero, é mais que isso. Fiquei viciado. Mas, o bom desse vício é que não mata, Porém, gasta dinheiro”, diz em tom bem humorado. Também consome tempo. São pelo menos dois dias no orquidário, entre sexta-feira e domingo. Os cuidados exigem de quatro a cinco horas seguidas e todo dia tem alguém molhando. A adubação é orgânica e química. O orquidário de 400 metros quadrados fica em Taciba (SP), na propriedade rural do sogro Miguel Custódio, ex-vereador e prefeito.

Machado Neto conta que os registros são digitais, mediante as informações de dados completos da primeira floração, juntamente com duas opções de nome e um foto da planta. Algumas espécies florescem aos quatro anos, outras podem levar até 35 anos. A semente é produzida após o florescimento. Uma planta chega a dar mais de 100 mil sementes por fruto. São em forma de pó, de tão miúdas. Ás vezes pesquisadores trocam sementes, mas apenas dentro do país. Motivo: o Brasil é signatário de acordo de biodiversidade, voltado a impedir que material genético seja apropriado indevidamente por outro país.

A produção do pesquisador orquidófilo já permitiu desenvolver os trabalhos científicos de seus dois pós-doutorados e duas dissertações no mestrado em Agronomia da Unoeste, como resultados dos estudos de Miléia Ricci Pícolo e Silvério Takao Hosomi. Atualmente, são três dissertações em andamento, por Jéssica Ponte Fileti, Mariane Marangoni Hengling e Leandro Sawamura. No doutorado são duas teses em construção, a de Hosomi e a de Joice Yuri Minaniguchi. Parte da produção científica está inserida no projeto Orchid Seed Stores for Sustainable Use (Bancos de Sementes de Orquídeas para Uso Sustentável), no qual a Unoeste está inserida desde meados dos anos 2000 junto à Wakehurst Place – Kew Gardens, no Reino Unido.

O comércio de orquídeas apresenta três tipos: planta em vaso, flor de corte e colecionador. No Brasil, o maior volume é de planta em vaso. A flor de corte é mais para exportação, para enfeite de vaso ou algo como arranjo de cabelo. A flor na planta tem duração variável, de acordo com a espécie. É mais comum a variação de 15 a 60 dias. Todavia, algumas chegam a manter a floração por oito meses. Em qualquer situação, a flora extraída para comércio recebe tratamento para durar um pouco mais que em relação ao seu estado natural. O colecionador que é produtor, normalmente vende o excesso.

Outra possibilidade comercial para o pesquisador está no surgimento de alguma planta excepcional. Nesse caso, o procedimento para chegar ao consumidor é a reprodução em laboratório para a produção em série, a partir da técnica de clonagem. Em exposições, o preço da planta está em torno de R$ 45. Numa floricultura, R$ 100. Excepcionalmente, existem plantas com preços variando de R$ 1,5 mil e a R$ 2 mil. Machado Neto tem notícia de uma planta cultivada por brasileiro que foi importada por um japonês ao preço de 50 mil dólares, há cerca de quatro anos. Embora focado na pesquisa, o professor admite que ao se aposentar na Unoeste poderá enveredar para o comércio de orquídeas, já que detém o know-how da produção a partir de cruzamentos.

Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste

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