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Crise pode causar retração no mercado de carne de qualidade

Constatação de pesquisador em reprodução animal é feita diante da queda no poder aquisitivo do brasileiro


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Foto: João Paulo Barbosa Crise pode causar retração no mercado de carne de qualidade
Dr. Pedro Eduardo de Felício: aula sobre carne de qualidade
Foto: João Paulo Barbosa Crise pode causar retração no mercado de carne de qualidade
Quarta turma da especialização, na penúltima aula do curso
Foto: João Paulo Barbosa Crise pode causar retração no mercado de carne de qualidade
Alunos e professores que estiveram na aula do Dr. Felício

Ao promover o encerramento das aulas para a primeira turma, a coordenação da especialização em Nutrição de Bovinos de Corte em Confinamento comemora o fato de ter pela primeira vez na Unoeste o pesquisador Pedro Eduardo de Felício, que na sexta-feira (28) e no sábado (29) discorreu sobre carne bovina de qualidade. Prestes a completar em outubro 43 anos de exercício profissional, iniciados desde que se tornou médico veterinário, tem se dedicado aos estudos científicos e diante histórico da produção de carne de qualidade no país prevê que a crise econômica pode causar retração do consumidor.

Questionado sobre o que tem sido feito no Brasil para produzir carne bovina de qualidade, o doutor em ciência e indústria animal pela universidade estadual norte-americana do Kansas afirma ter muita coisa boa acontecendo, após várias fases pelas quais passou o desenvolvimento da genética. Até o Plano Real, em 1994, o criador mantinha o gado como reserva de valor financeiro. Se o preço da arroba não respondia a expectativa para mercado, o animal permanecia no pasto. Não havia preocupação com a produtividade. O que só passou a existir com a então mudança dos rumos da economia, abrindo decisivamente o mercado externo.

A exceção do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, prevaleceu e ainda predomina no território nacional a criação de raças zebuínas, com a estimativa de que 80% sejam nelore. Com o aumento da produtividade, o Brasil se torna o maior exportador do mundo, com destaque também no consumo interno, estimado per capta em 42 kg/ano. Com a expansão do consumo e a produtividade em alta, o produtor começa a pensar no consumidor mais exigente. “Gente que come carne para apreciar o sabor, disposto a pagar um pouco mais”, disse o pesquisador para falar sobre a produção de carne de qualidade.

“A melhor carne é da raça britânica. Tanto é que o sêmen da raça angus é vendido loucamente para a diversificação de cruzamentos. Na rotulagem e na embalagem são feitos apelos ao consumidor, com informações que remetem para o certificado de qualidade”, explicou Felício, que lamentou o fato do governo brasileiro ter imposto como condição para registro de marca, junto ao Ministério da Agricultura e Abastecimento, que o frigorífico esteja vinculado a uma associação de criadores. “Como o frigorífico tem que fazer bem feito para não perder mercado, não haveria necessidade de estar na dependência de uma associação para certificar o seu produto”, afirmou.

Todavia, em termos de mercado interno, o consumo de carne de qualidade pode cair e impactar negativamente esse segmento. “A gente que atua nessa área teme por um retrocesso, por causa da crise econômica. A preocupação é que o consumidor se retraia. Desde FHC [presidente Fernando Henrique Cardoso] a classe média vem aumentando, tendo deixado de ser pirâmide, passando a ser losango. Ainda assim, é possível que as classes A e B mantenham o poder de compra, adquirindo alimentos que proporcionem sofisticação. Pelo menos a A, acho que sim”, estimou.

O Dr. Felício explicou que a origem da qualidade reside num conjunto de situações. Começa pela boa genética, para a qual admite o zebu, com a condição de que seja bem selecionado. A alimentação tem que ser boa, para o gado se desenvolver sem perder peso; considerando o ganho de peso diário como algo que contribui para a carne de qualidade. Outro fator é o manejo, incluindo questões como a desmama e a decisão em castrar ou não o animal. Porém, pontuou que o fundamental de tudo é a sanidade, proporcionada pelas instalações adequadas do abatedouro e a inspeção sanitária.

“Não adiante matadouro municipal. É preciso que o frigorífico tenha toda uma estrutura, incluindo bom sistema de refrigeração”, disse. Feito o abate, a carcaça vai para a câmara frigorífica, mantida de 24 a 48 horas para que a temperatura interna da coxa atinja 7 graus centígrados, enquanto a superficial varie de 2 a 3 graus. Depois, vem a desossa, os cortes e a embalagem; tudo feito com critérios técnicos para então estabelecer a comercialização. Para os alunos da especialização, o assunto foi tratado em detalhes. “Eles sabem o porquê de estarem aqui; sabe o que querem”, comentou em tom de elogio.

Felício disse que sua inserção nas aulas da especialização, ofertada pela Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação, foi ponta conta do convite feito pela coordenadora do curso Ana Cláudia Ambiental, que o recepcionou na Unoeste, juntamente com seu colega de coordenação Dr. Danilo Domingues Millen. Os alunos exploraram a oportunidade fazendo muitas perguntas, sendo as aulas deste fim de semana as últimas da turma, restando então apenas o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).

Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste

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