Atualizada em 04/05/2018, às 18h35Na comemoração dos 10 anos do Acervo Educacional de Ciências Naturais (Aecin), a Unoeste recebe a bióloga que atua na área de paleontologia Kamila Bandeira, uma das pesquisadoras envolvidas na descoberta do maior dinossauro já encontrado no Brasil: o
Austroposeidon magnificus, que vivia há 65 milhões de anos no oeste paulista e possuía 25m de comprimento. Os fósseis que deram origem à descoberta foram encontrados em Presidente Prudente, na década de 1950, e levados ao Museu de Ciências da Terra, no Rio de Janeiro. Agora, a pesquisadora cogita oferecer uma réplica para a universidade, destinada à visitação pública.
O achado pelo paleontólogo Llewellyn Ivor Price ocorreu quando da construção da rodovia Assis Chateaubriand, nas imediações do Aeroporto Adhemar de Barros. Ficou guardado no museu e somente passou a despertar interesse de estudo em 2011, quando até então havia apenas a identificação de que os fósseis procediam do oeste paulista. Pesquisadores se envolveram nas investigações científicas e em outubro de 2016 anunciaram a descoberta para o mundo, em coletiva de imprensa com jornalistas europeus e norte-americanos, dentre outros.
Kamila conta que esse fato criou por parte dela uma afinidade com Prudente, cidade que conheceu em 2012 em trabalho de campo quando ainda estudava a graduação em biologia na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e ainda não sabia exatamente em que localidade os fósseis tinham sido encontrados. Depois, já no mestrado em zoologia ofertado pela mesma universidade junto ao museu e com foco em paleontologia, voltou a Prudente em 2015 para conhecer o local. Atualmente dá continuidade aos estudos no doutorado e só agora retornou à cidade e manifestou a intenção de estabelecer vínculos com a Unoeste.
Foto: João Paulo Barbosa
Pela manhã, público predominante foi de alunos do Sesi-Furquim
Conforme a bióloga carioca, o Aecin é o caminho para uma parceria futura. Pela manhã, ela falou a um público predominante de alunos do ensino médio no Sesi do Parque Furquim, no auditório Cerejeiras. Para a noite ficou reservada palestra aos estudantes de graduação em Biologia. Foi recepcionada pela diretora da Faculdade de Artes, Ciências, Letras e Educação de Presidente Prudente (Faclepp) Dra. Maria Helena Pereira Mirante, pelo coordenador do curso de Biologia, Silvério Takao Hossomi, e pelos coordenadores técnico e de visitas, respectivamente Rondinelle Artur Simões Salomão e Josué Pantaleão da Silva.
Salomão afirmou que o Aecin tem importância como patrimônio ambiental e cultural, sendo utilizado como laboratório didático, especialmente pelo curso de Biologia, mas se estendendo a todos os cursos da universidade, devido ao seu caráter multidisciplinar. Nos últimos cinco anos, em projeto de extensão o acervo recebeu cerca de 4 mil visitantes e parte do acervo itinerante foi levado a eventos, como são os casos dos salões do livro de Presidente Prudente e Anhumas. O Aecin possui mais de 5 mil objetos, que são aves, repteis, insetos, fósseis e animais da fauna regional, dentre outros e originários de diferentes estados brasileiros e de vários países, entre os quais estão os Estados Unidos, Japão, Inglaterra, Itália e Peru.
Os alunos do Sesi visitaram o Aecin, acompanhados pela professora de biologia Renata Juzwiak Lopes. “É uma visita que deixa o aluno mais próximo do conhecimento científico, estimula a preservação ao meio ambiente, do ecossistema, de todos os seres vivos”, disse a professora que em outras ocasiões trouxe outros alunos para ver o acervo, do Sesi e da Escola Estadual Fernando Costa. “Gostei muito da visita. Aprendi bastante. A palestra foi bem informativa”, disse o aluno sesiano Pedro Henrique Fernandes dos Santos.
Ao dizer que no Brasil existem diversas bacias sedimentares, Kamila fez um apelo para que fósseis encontrados sejam encaminhados às universidades. “A bacia da região de Prudente possui diversos fósseis pré-históricos, não só de dinossauros, mas também de jacarés, tartarugas e aves. Tem muita coisa a ser descoberta. A maior parte dos descobrimentos é por pessoas comuns, em fazendas ou nas aberturas de estradas”, comentou. Em suas análises sobre dinossauros, como um dos meios de compreender a história e a vida na terra, levou ao entendimento de que os dinossauros e outros animais tinham a região de Prudente como habitat por ser um oásis, com a existência de rio e pântano em meio ao ambiente árido.