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Criação de frangos orgânicos requer precauções sanitárias

Estudo em criação no sistema caipira detecta 67,7% de infecção por parasito transmitido por cães e gatos


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Foto: João Paulo Barbosa Criação de frangos orgânicos requer precauções sanitárias
Adilson Oliveira no Laboratório de Parasitologia do Hospital Veterinário

Frangos criados como orgânicos em sistema colonial/caipira podem ser vistos como alimentos naturais, por serem criados em espaço aberto. Em tempos de maior expectativa de vida e de alimentação saudável, é possível que seja preferido para o consumo humano em relação ao frango de granja. Todavia, está sujeito à contaminação por Toxocara canis, exatamente pela forma de criação em área por onde circulam animais domésticos e silvestres, como cães e gatos que são hospedeiros desse parasita causador de doenças que podem contaminar as pessoas. Um novo estudo científico confirma essa condição e mantém aceso o alerta em dois sentidos: precauções sanitárias e sobre o consumo, no sentido de evitar a carne crua, mal cozida ou mal frita.
 
O biólogo Adilson Cardoso de Oliveira acaba de tornar público o resultado de pesquisa realizada junto a uma associação de produtores de frango para corte no interior do Paraná, com a constatação de alta prevalência de aves infectadas: 67,7%.  Resultado maior que em recente estudo no Espirito Santo (58,5%) e menor que outra pesquisa na Bahia (89,9%). Um dos diferenciais do estudo realizado no mestrado do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal da Unoeste, foi a padronização das aves em termos de raça, alimentação, sistema de criação e idade. Assim, houve a possibilidade de rastrear informações desde o primeiro dia em sete propriedades até o encaminhamento ao mesmo abatedouro, o que dá no máximo 90 dias.
 
A criação em sistema de engorda oferece ração à base de milho e água à vontade, com as aves soltas durante o dia para ciscar a terra em busca de alimento (insetos, larvas...) e à noite presas em barracão para evitar ataques de predadores, geralmente cachorros e gatos do mato que também são hospedeiros do parasita. Na condição de hospedeiros, essas espécies de animais domésticos ou selvagens expelem ovos do Toxocara canis nas fezes, promovendo a contaminação do solo. Nas sete propriedades pesquisadas havia cães domésticos, com a variação de um a 12 e a média de 3,6. O número de gatos não foi levantado, pois geralmente aparecem à noite e, com isso, são praticamente invisíveis.
 
 
Porém, não foi encontrada correlação entre os números de cachorros em cada propriedade e de aves contaminadas. Todavia, o que se observou foi o total desconhecimento do problema pelos criadores e a rejeição em consentir que sejam realizadas pesquisas em suas propriedades, o que só foi possível graças à relação de amizade do pesquisador com o coordenador da associação e o dono do abatedouro que fornece os pintinhos para criação e compra dos frangos prontos para o abate. São dados que remetem à necessidade de outros estudos em busca de resultados capazes de orientar os próprios criadores sobre os cuidados sanitários. “Hoje, existe ignorância sobre a transmissão da doença”, pontuou o autor da pesquisa.
Foto: João Paulo Barbosa Banca examinadora: doutores Giuffrida, Santarém e Coelho
Banca examinadora: doutores Giuffrida, Santarém e Coelho

 
O estudo se ateve aos exames sorológicos (não foram feitos teciduais) realizados no Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, na USP, com o apoio da Dra. Guita Rubinsky Elefant que atua com pesquisas sobre Toxocaríase, mediante o emprego de técnicas sorológicas para auxiliar o diagnóstico, acompanhamento terapêutico e inquéritos soroepidemiológicos. Também utilizou o Laboratório de Parasitologia do Hospital Veterinário da Unoeste. A orientação foi do Dr. Vamilton Álvares Santarém que conta com experiência na área de doenças parasitárias de animais, atuando especialmente no segmento de zoonoses e saúde pública, com ênfase em larva migrans de contaminação ambiental.
 
Conforme o orientador, o estudo realizado no Paraná possivelmente está inserido na questão da contaminação ambiental, com as aves atuando como sentinela para contaminação do solo por ovos do parasito. A dissertação produzida por Oliveira foi levada à defesa pública na manhã desta quarta-feira (28), avaliada pelos doutores Rogério Giuffrida, que atua na área de epidemiologia veterinária e programas sanitários, e Willian Marinho Dourado Coelho, com atuação em parasitologia no Hospital Veterinário de Andradina. Houve a aprovação para obtenção do título de mestre em Ciência Animal.
 
Convidado junto à Faculdade de Ciências Agrárias de Andradina, Coelho manifestou satisfação em participar da banca examinadora na Unoeste, fazendo a observação de que os estudos desenvolvidos no Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Ciência Animal têm muita qualidade e propósito de aplicação prática. É o caso do estudo de Oliveira que apresenta novas informações sobre o tema e sugere novos estudos de importância em prevenir riscos à saúde pública, pois a toxicaríase é uma doença causadora de infecções que podem atingir órgãos como fígado e pulmões ou mesmo os olhos, causando sérios danos.
 
Santarém tem conduzido uma série de estudos neste segmento, alcançando projeção nacional e internacional, a exemplo do que ocorreu em 2015 com apresentação no 24º Congresso Brasileiro de Parasitologia e o 23º Congresso Latino-Americano, em Salvador/Bahia; envolvendo vários alunos; e pôster no 25º Congresso Mundial de Parasitologia Veterinária, em Liverpool, no Reino Unido, com a também então aluna Yslla Fernanda Fitz Meregueti. Sobre a produção de Oliveira foi enviado artigo para a revista holandesa Veterinary Parapsicology, que está sendo avaliado visando possível publicação. 

Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste

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