Aluno de Arquitetura é embaixador de mostra de urbanismo

Repensar o espaço público e transformar cidades, visando a melhoria da qualidade de vida da comunidade que ali vive, são focos do chamado Urbanismo Colaborativo. Prática vivenciada no curso de Arquitetura e Urbanismo da Unoeste, onde alunos se empenham em ações simples, mas extremamente significativas para determinados grupos, como na própria universidade. E esse comprometimento levou um acadêmico da Universidade do Oeste Paulista a ser um dos 30 mobilizadores do país a integrar a 1ª edição do Programa de Embaixadores Courb – o Instituto de Urbanismo Colaborativo.

A iniciativa buscou jovens nas cinco regiões do Brasil que já tinham experiência em articulação local e muita vontade de fazer a diferença em suas cidades.  Jean Guilherme Oliveira, 21 anos, foi um dos cinco selecionados da região sudeste. Ele está no 6º termo da graduação na Unoeste e conta que os trabalhos desenvolvidos junto ao Núcleo de Urbanismo em Práticas Colaborativas da universidade contribuíram para essa conquista.

Jean conta que quando soube do programa, logo se interessou, justamente por abordar uma prática que ele já desenvolve. “Temos diversas ações no núcleo, em que repensamos o espaço ou qualificamos o uso dos já existentes. Então preenchi um questionário com dados pessoais e algumas práticas já aplicadas, dentre elas o parklet [uma extensão da calçada], projeto que foi levado em consideração pelo Courb”, explica.

O parklet está instalado no campus II, em frente ao principal bloco de aulas. “A proposta foi repensar o espaço do automóvel e propor mais lugares de encontros para a comunidade acadêmica. Depois de mapear as possíveis áreas do campus II, escolhemos aquele local porque percebemos que poderíamos abraçar dois usos. Ao se descolar do ponto de ônibus, as pessoas que caminham até o bloco atravessavam o canteiro e muitas passavam por entre as motos estacionadas ali. Então a ideia foi proporcionar um ponto de encontro, mas também dar suporte mais qualificado para essas pessoas. O espaço já recebeu várias atividades de extensão, como oficinas, bate-papos, música ao vivo, entre outras”, comenta.

Para o estudante, ser embaixador do instituto possibilitará apresentar para pessoas de diferentes regiões e estados o trabalho já realizado na universidade. Ele ainda destaca a importância do Núcleo de Urbanismo em Práticas Colaborativas. “Foi através desse projeto de extensão, coordenado pelos docentes Yeda Maria e Victor Martins, que vi o outro lado do arquiteto. Antes, só via o profissional do cliente que constrói casas luxuosas em condomínios e hoje consigo enxergar o lado do arquiteto que busca dar qualidade de vida a uma comunidade. Isso é muito importante para que se quebre a elitização da profissão e que o acadêmico não ache que são profissionais somente para quem tem bastante poder aquisitivo. E o núcleo foi essencial para essa ruptura e, com certeza, refletirá na minha carreira”, frisa.
 
O Programa de Embaixadores Courb
Com a duração de três meses, o programa visa promover uma jornada de articulação em cinco etapas, finalizando em setembro no 4º Courb – Encontro de Urbanismo Colaborativo, realizado de 26 a 28 em Belém (PA). Na ocasião, os embaixadores irão compartilhar a experiência que vivenciaram no período.

Jean Guilherme explica que nestes três meses ele será o protagonista do movimento na região. As etapas consistem em: mapear atores, detectando associações de bairro, organizações que fazem intervenções urbanas, entre outros; sensibilizar, integrando esses agentes para ampliar o impacto da intervenção; engajamento, que é divulgar e inspirar novas iniciativas; articular, promovendo a ação coletiva e junto dos autores identificados encontrar solução para um problema urbano; e compartilhamento de experiências durante o 4º Courb.

Atualmente, ele está finalizando a primeira etapa e já iniciando as ações da segunda. “O local de intervenção será no Conjunto Habitacional João Domingos Netto, onde estamos mapeando a área para verificar as principais necessidades e, assim, verificar a intervenção. Escolhemos esse local devido a sua representatividade, já que está entre os maiores conjuntos construídos na América Latina, e também por conta de seu distanciamento da malha urbana, que acaba afetando na qualidade de vida desses moradores”, pontua Jean.