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Cota racial deve ser analisada conforme história do Brasil

Tema integrou programação do Encontro Anual de Pesquisa Institucional e Iniciação Científica


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Foto: Mariana Tavares Cota racial deve ser analisada conforme história do Brasil
Dra. Eliane Barbosa da Conceição falou sobre “Meritocracia e Cotas: Conceitos Opostos?”
Foto: Mariana Tavares Cota racial deve ser analisada conforme história do Brasil
Dra. Adriana Aparecida de Lima Terçariol ministrou o minicurso sobre “Educação On-line e os Ambientes Virtuais”


Assunto polêmico no Brasil, a questão das cotas raciais tem gerado intensos debates por todo o país. Focado no tema “Sociedade, Equidade e Sustentabilidade”, o Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão (Enepe) da Unoeste não poderia deixar de propor uma reflexão junto a estudantes, professores e profissionais de diferentes áreas. “Meritocracia e Cotas: Conceitos Opostos?” esteve em pauta na palestra que ocorreu na noite de quarta-feira (22), no campus I, e que teve como convidada a Dra. Eliane Barbosa da Conceição, professora universitária e pesquisadora do Centro de Estudo em Administração Pública e Governo da Fundação Getúlio Vargas (FGV). A atividade esteve integrada à programação do 19º Encontro Anual de Pesquisa Institucional e Iniciação Científica (Enapi).
 
O questionamento é se a cota é instrumento justo para superação de desigualdade, principalmente a racial, isso porque se acredita que em situações como na educação e no mercado de trabalho, os candidatos que estão competindo precisam se destacar, ou seja, terem méritos para alcançar uma posição, conforme explica a pesquisadora. Assim, com este critério, as pessoas tendem a classificar grupos sociais uns, como possuindo mérito, e outros não. “Se avaliarmos a população brasileira, um pouco mais de 50% são negras (o que inclui também os pardos), os indígenas são 0,03%, ocidentais 2,7% e brancos 46%. As cotas são para um grupo específico, que sofre discriminação em função da cor de sua pele e os seus traços fenotípicos, como tipo de cabelo, boca e nariz”, salienta.
 
A Dra. Eliane frisa que se considerarmos os dois maiores grupos, o país seria dividido em negros e brancos. Somente no Estado de São Paulo, 37% das pessoas são negras. “Se avaliássemos, essa mesma porcentagem deveria estar dentro da universidade, ou eu poderia afirmar que existe um grupo mais capaz que o outro, então eu estaria aceitando esse pressuposto de superioridade intelectual de um grupo. Contudo, já foi comprovado cientificamente que não existe essa diferença de capacidade. Mas, se não é isso, então o que é? Não conseguimos dar resposta a essa pergunta se não olharmos a história da sociedade, pois as cotas não podem ser consideradas como situação à parte da história do Brasil”.
 
A palestrante lembra que a escravidão foi efetivada no século 17, quando muitos grupos da África adentraram no Brasil, sendo o país que mais “importou” negros. E essas pessoas foram escravizadas por muitos anos, até que com a Revolução Industrial, a sociedade mundial mudou a forma de pensar, tendo o consumismo como foco. “Então, países da Europa começaram a sugerir que a escravidão fosse abolida, já que esse era um grupo que não consumia. Até que o Brasil, em 1888, com a pressão internacional, aboliu a escravatura. Aí começava outra história que se perdura até os dias atuais e que é importantíssima para entendermos a situação do negro hoje, pois, após a abolição as portas foram abertas, mas nada aconteceu. Mesmo antes da abolição já existia todo um incentivo para ‘imigração’, pois o Brasil tinha medo de se tornar um país negro”.
 
Conforme a pesquisadora, os negros foram abandonados à própria sorte e o mercado de trabalho da época foi entregue aos imigrantes europeus, sendo que a única explicação para a vinda deles era o fato de serem brancos. “O que vivemos hoje é o resultado dessa desvantagem acumulada, sem trabalho, sem acesso à educação e sofrendo o preconceito. São vários séculos de sofrimento”. Eliane acredita que a questão das cotas é uma das formas de justiça social, já que o governo não melhorou a educação e a situação desse grupo, no momento em que deveria ser feito, por isso, foi necessário criar mecanismos para reparar o dano. “Os judeus estão sendo indenizados pelo nazismo, outros povos que foram discriminados também podem ser reparados, e por que os negros não?”. O assunto proporcionou reflexão entre os presentes, que fizeram perguntas à palestrante.
 
Minicurso – Ainda na noite de ontem (22), no campus I, a professora do mestrado em Educação da Unoeste, Dra. Adriana Aparecida de Lima Terçariol, ministrou o minicurso “A Educação On-line e os Ambientes Virtuais: Desafios para o Ensino e o Aprender no Ensino Superior”. Alunos e professores vivenciaram os dois papeis na educação on-line, experimentando recursos da educação virtual. “No primeiro momento tiveram a experiência do papel de aluno, desenvolvendo algumas atividades, e depois assumiram o papel de docentes on-line, quando receberam o desafio de pensar numa proposta de aula ou atividade a ser implementada no sistema”. Por fim, os participantes refletiram sobre os desafios para o professor realizar seu trabalho nesse contexto on-line, bem como para o aluno que está acostumado ao ambiente presencial.

Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste

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