Quarta-Feira, 14 de Novembro de 2018

Suicídio: por que jovens e idosos querem tanto morrer?

Faixas etárias têm maior número de casos por esse tipo de morte e o psicólogo precisa quebrar o silêncio em torno desse tabu; assunto foi tema de palestra realizada na Unoeste

  • Foto: Gabriela Oliveira Suicídio: por que jovens e idosos querem tanto morrer? Dra. Mariele Rodrigues Correa apresentou palestra “Suicídio e psicologia: rompendo silêncios”, nesta terça-feira (13)

“O suicídio é visto como um tabu e é um assunto muito difícil de ser falado, mas é preciso romper o silêncio em torno dessa questão”. A afirmação é da Dra. Mariele Rodrigues Correa, professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Assis (SP), que falou sobre o assunto na noite dessa terça-feira (13), no Salão do Limoeiro, campus II da Unoeste. A palestra “Suicídio e psicologia: rompendo silêncios”, integra a ampla programação do 15º Encontro de Egressos, 13ª Mostra de Trabalhos e 3º Simpósio Multiprofissional da Liga Acadêmica de Psicologia da Saúde, promovidos pelo curso de Psicologia da universidade e que se encerram nesta quarta-feira (14).
 
Para Mariele, que é psicóloga e atua como pesquisadora nas áreas de envelhecimento humano, subjetividade e finitude, o suicídio é um tema que não é muito abordado na psicologia. “Isso é um tanto quanto surpreendente, porque lidamos com pessoas em sofrimento psíquico”. Pontua que as pessoas que estão em situações de extrema dor e sofrimento, não conseguem enxergar alternativa senão a morte. “O nosso trabalho é pensar de que maneira podemos acolher esse sofrimento, fazendo com que o indivíduo fale sobre isso, sentindo e se expressando. Acredito que essa função é um dos grandes desafios da profissão”.
 
Durante a abordagem, o tema suicídio foi dividido em três momentos. “Inicialmente falei sobre os aspectos psicossociais do suicídio. É preciso pensar na questão psíquica, do que está acontecendo com essa pessoa que está no processo de sofrimento, ou seja, tentar compreender o que ela sente, de que maneira ela sente, sendo que, às vezes, ela não consegue verbalizar e nem acolher esses sentimentos. No âmbito social é válido refletir sobre aspectos como a faixa etária e o tipo de população em que aparecem os maiores índices de suicídio, por exemplo, os adultos jovens e idosos. Mas por que essas pessoas não querem viver? Precisamos pensar a respeito”, argumenta Mariele.
 
A palestrante também explanou sobre a pósvenção que é pensar no luto de quem perde entes queridos por suicídio. “Temos que lembrar não só daqueles que estão em sofrimento e que podem ter chegado a consumar o suicídio, mas também daquelas pessoas que aqui ficam, pois o processo de elaboração do luto é muito difícil, complicado e permeia uma série de sentimentos”.
 
Mariele lança uma reflexão sobre a questão do sofrimento psíquico no meio acadêmico. “Precisamos tentar entender o que está acontecendo e por que essas pessoas estão adoecendo e sofrendo a ponto de chegar a ser uma dor insuportável”. Destaca que a campanha Suicídio Não promovida pela a Unoeste e o serviço de atendimento psicopedagógico são fundamentais. “Os espaços de orientações são imprescindíveis e funcionam como uma estratégia de prevenção. É preciso pensar também nas relações institucionais, pois elas podem produzir o sofrimento. Devemos ficar atentos no convívio que ocorre dentro das instituições de ensino, seja entre professor e aluno, professor e funcionário, funcionário e aluno, ou até mesmo a relação dentro da sala de aula, já que esse ambiente pode ter competitividade que pode ser muito prejudicial”.

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Eventos simultâneos
Os participantes do 15º Encontro de Egressos, da 13ª Mostra de Trabalhos e do 3º Simpósio Multiprofissional da Liga Acadêmica de Psicologia da Saúde da Unoeste contam com uma programação que oferece 11 minicursos, duas palestras, exposição de atividades e apresentação de trabalhos. De acordo com a docente responsável pela organização das atividades, Maria Carolina Martins Furini, essas edições dos eventos são especiais, pois comemoram os 30 anos do curso de Psicologia da universidade. “São atividades com temas relevantes que reúnem muitos acadêmicos e ex-alunos”. Relata que nesta quarta-feira (14), nos períodos da tarde e noite, ocorrem as mostras de trabalhos. “São quatro mesas de apresentação sendo que uma é dos alunos da pós-graduação em Fundamentos da Psicanálise: De Freud a Lacan, outra mais voltada para a liga e os eventos do curso, outra direcionada para a graduação e a da noite aos egressos”.
 
A professora, que é egressa da turma de 2002 da universidade, comenta que o intercâmbio estabelecido entre os participantes é muito positivo. “Enquanto os estudantes conferem na prática os caminhos de atuação da psicologia, os egressos têm a chance de mostrar o que a graduação proporcionou para as suas carreiras. Além disso, os ex-alunos ficam felizes por este reconhecimento do curso em relação à questão profissional deles”, conclui.
 
Amanda Gouveia cursa o 10º termo e é de Iacri (SP). Prestes a se formar, declara que as atividades agregam muito conhecimento. “Temos a chance de desenvolver ainda mais nossas habilidades e, também, é motivador ver de perto experiências de vida dos egressos que se formaram aqui e se consolidaram com uma carreira de sucesso”.
 
Participação dos ex-alunos
Os egressos Daniel Peixoto Nishimoto, Luiz Henrique Bochi Silva e Gizelly Moreira Ferrari realizaram minicursos aos participantes. “Me formei em 2008 e, atualmente, atuo em consultório com a psicologia clínica. Acredito que minha participação traz uma boa expectativa aos futuros formandos que têm dúvidas sobre a atuação no mercado atual. É importante perceber e responder essas dúvidas de forma correta, pois se for realizada de maneira distorcida, pode trazer grandes angústias e atrapalhar na excelência da formação dos estudantes”, diz Nishimoto.
 
Egresso da turma de 2016, Silva é docente da Unoeste e também trabalha com psicologia clínica e exerce cargo na área de gestão de pessoas. Explica que o psicólogo atua no tratamento da subjetividade humana, só que ele também tem os seus questionamentos, histórias de vida e experiências que levam à necessidade dele iniciar o seu tratamento em termos da saúde mental, desde a época da graduação. “Além de todo o conhecimento adquirido na formação é essencial que o acadêmico olhe para esse aspecto, para que assim, possa exercer futuramente a profissão de maneira plena”.
 
Gizelly, que também se formou em 2016, atende em seu consultório crianças, adolescentes e adultos. “Hoje em dia a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) é uma abordagem muito procurada, inclusive, indicada por médicos psiquiatras, por apresentar resultados satisfatórios em um espaço de tempo menor, se comparado a outras abordagens. Durante o minicurso possibilitei aos alunos aprofundarem seus conhecimentos sobre essa abordagem e o atendimento clínico infanto-juvenil”.
 
A egressa da turma de 2002, Aline da Silva Cauneto, participou das palestras como ouvinte e apresentou trabalho. Com 38 anos, ela diz que terminou a graduação aos 21 e foi embora para o Mato Grosso do Sul, onde atua até hoje. “Sou credenciada no Tribunal de Justiça do Estado para a realização de avaliações psicológicas e também sou responsável pela secretaria municipal de Saúde de Anastácio (MS)”. Diz estar imensamente realizada em poder voltar à universidade, para falar sobre a implantação da rede de prevenção ao suicídio em Anastácio que é algo novo no âmbito municipal e referência em saúde pública. “Tenho orgulho de ter me formado na Unoeste. Mostrar um pouco do que a instituição fez na minha vida me deixa realizada. A professora Regina Gioconda (coordenadora da graduação) foi a minha maior inspiração. Apesar das muitas dificuldades no caminho, eu nunca desisti”.

Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste

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