Ídolo das piscinas, Fernando Scherer, o Xuxa, visita Unoeste

Ele dispensa apresentações! Mesmo assim, é bom relembrar algumas de suas maiores conquistas dentro d’água: sete ouros em pan-americanos, dois bronzes olímpicos e apontado como o melhor nadador do mundo em 1998. Fernando Scherer, o Xuxa, com 40 anos de idade, foi um dos grandes nomes do 9º Simpósio de Educação Física do Oeste Paulista (Sefop), evento da Unoeste que ocorre dos dias 3 a 8 de novembro. O ídolo das piscinas, atualmente comentarista esportivo na TV Record, palestrou na noite de ontem (4), no Salão do Limoeiro, campus II – onde foi recepcionado com muito carinho e tietagem por alunos, professores e demais pessoas presentes, em iniciativa proposta pelo Sesc/Thermas de Presidente Prudente.

Depois da geração de sucesso de Xuxa e Gustavo Borges nas raias, muitas crianças sentiram-se motivadas a nadar profissionalmente, e aí despontaram atletas como Cesar Cielo, Thiago Pereira, Joanna Maranhão e tantos outros. Contudo, Xuxa acredita que existam muitos talentos que acabam não sendo descobertos porque outras modalidades, futebol e vôlei, por exemplo, têm mais visibilidade na mídia e, consequentemente, concentram a maior parte do bolo nos investimentos financeiros. Mesmo assim, “a natação está melhorando bastante com os resultados dos atletas, as entrevistas e canais de televisão passando direto as competições no Brasil e internacionais, o que faz com que haja mais patrocinadores e mais dinheiro entrando no esporte; então, o grande segredo é ter televisão, se ela cobrir os esportes, os patrocinadores têm retorno”, contextualiza Scherer.

É difícil ter uma cidade onde não haja sequer uma escolinha de natação. Seja para esta prática ou de outra atividade física, Xuxa gostaria que a educação esportiva de base estivesse mais presente também em outras escolas – nas de educação básica. “A escola precisa incentivar mais o esporte, estar mais difundido. Precisamos buscar talentos e não os talentos descobrirem suas modalidades. Hoje em dia o nadador escolhe nadar e busca um clube, é uma opção do atleta descobrir o seu esporte e não o atleta ser descoberto no esporte. Nos Estados Unidos não, tem milhares de pessoas nadando e entre elas são escolhidas as melhores”. E aí não tem jeito, porque conforme Scherer continua dizendo, dessa forma os atletas renomados no Brasil acabam sendo esporádicos, dificuldade que não é suficiente para Xuxa deixar de incentivar os pais a colocarem os filhos no esporte. E ele aconselha essa inserção não pelas medalhas, mas pelos valores que serão aprendidos.

Mais do que um ídolo nacional pelo esporte, Xuxa é sinônimo de retidão e boa conduta na vida pessoal, reputação esta que continuou mantida mesmo após participar do reality show “A Fazenda” em 2009, época que conheceu a esposa Sheila Mello. Sendo visto 24h por dia em tudo que fazia e num ambiente hostil, que acaba por arranhar a imagem de muitos famosos, a dele saiu ilesa. Para ele, manter a coerência é algo que vai além do comportamento esperado para um atleta, deve servir para todas as pessoas. “Às vezes o atleta é colocado num pedestal e aí esse cristal é quebrado muito fácil, porque ele ‘não pode errar’, mesmo se cometer um ato infantil ou errado que em outra carreira passaria como algo banal. Mas todo ser humano deveria pensar e agir da forma correta, preservar sua vida de uma forma mais adequada possível, eu faço isso não por ser atleta, é como sou no dia a dia”.

Mais palestras – Pouco antes da palestra do Xuxa, o educador físico João Gilberto Costa Lopes, doutor em tecnologia e saúde e dono de clínicas de gerontologia em Curitiba (PR), falou sobre como os educadores físicos precisam lidar com os idosos. Segundo ele, é preciso “entender que mais do que trabalhar com a velhice, o profissional atuará com pessoas que envelheceram, com histórias e individualidades que precisam ser respeitadas”; para tanto, os profissionais têm que vê-los nas dimensões física, psicológica e social. “O conhecimento em geriatria e gerontologia é muito recente e renovado com uma velocidade muito grande. Faz pouco tempo que as pessoas envelhecem como estão envelhecendo e também faz pouco tempo que a área acadêmica se preocupa com esse processo”.

O primeiro dia do Sefop, na segunda-feira (3), contou com mais uma presença especial, numa atividade desenvolvida em parceria com o Conselho Regional de Educação Física da 4ª Região (Cref4): a ex-pivô da seleção brasileira de basquete, Vania Hernandes de Souza, que há mais de dez anos não visitava Prudente. “Os melhores anos da minha carreira foram aqui, quando joguei pela Prudentina de 1984 a 1986 e conquistei reconhecimento mundial”, revela a ex-atleta, que jogou na seleção de 1979 a 1992. Na palestra, destacou a grande influência que o professor de educação física tem no esporte. “Associei as minhas experiências como ex-jogadora de alto nível, docente de ensino superior e responsável por um projeto social em Sorocaba (SP), considerando os aspectos psicossociais no processo de formação esportiva. Espero que os acadêmicos tomem posse desse conhecimento e o utilizem na gestão profissional”.