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Metodologias ativas: ação e reflexão


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Uma das principais características das metodologias ativas é o processo de ensino e aprendizagem com foco voltado para os estudantes. É a inversão de papéis. Ao passo em que em um modelo passivo, o professor fala por mais de 70% do tempo da aula, em um modelo ativo o estudante fica mais da metade do tempo da aula trabalhando, desenvolvendo projetos, resolvendo problemas. O professor deixa de ser palestrante e passa a ser um mediador. A adoção das metodologias ativas passa por uma mudança de paradigma, a mudança da palavra ensino pela palavra aprendizagem. 

Contudo aqueles que, como eu, defendem o uso das metodologias ativas precisam tomar certos cuidados para que esse movimento não caia no ostracismo e vire apenas um modismo. É certo que há muitas resistências a esse movimento e muitos professores ainda não se sentem seguros o suficiente para tentar mudar sua prática pedagógica. 

Em relação à essa resistência, a primeira coisa que acredito que precisamos fazer, antes de criar qualquer argumento em defesa das metodologias ativas, é acolher o professor que ainda não se convenceu dessa nova forma de ver o processo de ensino e aprendizagem. Não adianta nos colocarmos como seres superiores que já enxergaram a verdade e colocar do outro lado esse professor como um adversário a ser superado. Devemos, antes de tudo, tentar sensibilizar os professores que ainda não aderiram ao uso das metodologias ativas, entender as condições materiais que lhe são dadas para trabalhar e então procurar criar argumentos alinhando a teoria com a realidade de trabalho dos professores.

Muitos professores que criticam as metodologias ativas dizem que elas infantilizam o processo de ensino e aprendizagem. De fato, algumas metodologias quando não utilizadas dentro do contexto correto podem parecer excessivamente lúdicas para certa faixa etária. Por isso é importante que o professor, ao escolher determinada metodologia, tenha clareza da intencionalidade de sua escolha, dos objetivos de aprendizagem que deseja alcançar e se a metodologia utilizada é condizente com esses objetivos e com a idade dos estudantes. 

Outra crítica que aparece muitas vezes é a de que falta sistematização no uso das metodologias ativas e que seu uso faz com que a aula seja excessivamente fluida. De fato, as metodologias ativas preveem um grau bem maior de liberdade dos estudantes na escolha das atividades e na construção da sua rota de aprendizagem. Contudo essa liberdade, essa fluidez, jamais deve se manifestar como falta de planejamento e clareza dos objetivos a serem alcançados na aula. Mesmo deixando o estudante mais livres para criar, o professor precisa reconhecer qual é o começo, o meio e o fim de sua aula. 

Realizar esse tipo de reflexão é importante se quisermos de fato construir um movimento sólido e fazer com que o uso das metodologias ativas seja uma realidade nas escolas e universidades brasileiras. Precisamos antes de mais nada ouvir as críticas e fazer as correções e contraposições pertinentes sem nos colocarmos como salvadores da educação, mas sim como um movimento que pretende melhorá-la. 

Diego Ceccato é doutor em educação, mestre em química e professor de cursos de graduação da Unoeste.

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