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Comer pode ser PANC


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Você já parou para pensar quantas plantas estão presentes na sua alimentação diariamente? Arroz, feijão, café, trigo, milho, batata, mandioca, batata-doce, banana, laranja, cebola, alho, alface, tomate, cenoura, maçã, etc. Não são muitas, não é mesmo? Estima-se que cerca de 90% dos alimentos consumidos são oriundos de apenas vinte espécies de plantas, e que mais de 50% das calorias que ingerimos advêm de quatro tipos de plantas. 

Certamente nossa alimentação é bem menos diversa que a dos nossos pais e avós.  Por que será? A vida moderna tem influenciado fortemente a dieta de todas as classes sociais. Houve aumento expressivo no uso de alimentos industrializados e ultraprocessados, além de maior exigência por padronização dos alimentos. Estes fatores têm contribuído para descaracterização da cultura gastronômica regional, pois as pessoas tendem a consumir os alimentos que encontram facilmente no supermercado. 

No entanto, iniciativas tem tentado recentemente valorizar e incentivar o aproveitamento de maior número de plantas alimentícias, as chamadas PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais). Há vários conceitos de PANCs, mas tem um que resume bem: são todas as plantas que poderíamos comer, mas não o fazemos. Por que escolher apenas vinte tipos de alimentos se temos mais de três mil espécies alimentícias disponíveis?

Já ouviu falar em ora-pro-nóbis, capuchinha, vinagreira, jambu, jurubeba, peixinho-da-horta, beldroega? Todas essas (e muitas outras) são PANCs. O termo ainda inclui partes comestíveis não convencionais. Mas devemos ter cuidado, nem todo mato pode ser consumido. Evite colher em locais públicos e contaminados e procure saber qual a melhor forma de preparar cada planta. 

A maioria das PANCs é hortaliças folhosas ou tuberosas, mas também há espécies frutíferas e que produzem castanhas. Boa parte das PANCs são classificadas como alimentos funcionais, pois apresentam quantidades significativas de vitaminas e sais minerais. Dessa maneira, podem contribuir para alimentação mais barata e diversa, pois são fáceis de cultivar e não exigem grandes quantidades de insumos. 

Ainda, podem contribuir para uma vida mais sustentável pelo consumo e valorização de produtos regionais. 

As PANCs têm forte relação com a cultura regional. Neste caso, o conceito é relativo. O pequi é uma iguaria muito apreciada e consumida nos estados de Goiás e Tocantins, mas não tanto em outros estados brasileiros. Assim, o pequi não seria PANC onde é comumente consumido. O mesmo acontece com ora-pro-nóbis em Minas Gerais. Com a vinagreira no Maranhão. Com o pinhão nos estados do Sul do Brasil. Trata-se de espécies intimamente ligadas a uma determinada região ou população tradicional.

Há estimativas da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) que 75% das espécies convencionais de plantas alimentícias já foram perdidas. Quando deixamos de cultivar e comer um alimento, há grande risco de extinção, e, com isso, perdemos parte da herança cultural e da tradição de gerações anteriores. 

Edgard Henrique Costa Silva é doutor em Agronomia, professor dos cursos de Graduação e Pós-Graduação em Agronomia da Unoeste e coordenador do Centro de Estudos em Olericultura e Fruticultura do Oeste Paulista (CEOFOP)

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