Idosos reafirmam o clichê “a vida é a melhor escola”
Histórias fantásticas são resgatadas junto aos internos do Lar São Raphael para serem expostas durante o Enepe



A expressão “a vida é a melhor escola” se tornou um clichê, mas apesar de ser algo dito repetidamente, não deixa de estar entre as verdades absolutas. Quem vive mais tem mais lições de vida, sejam elas marcadas por experiências boas ou ruins, por alegrias ou tristezas. Os mais de 50 internos do Lar São Raphael em Presidente Prudente se enquadram nesse perfil. Parte deles foi eleita para contar suas histórias que serão expostas durante o Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão (Enepe 2012) realizado pela Unoeste de 22 a 25 de outubro.
Como parte do projeto da professora doutora Édima de Souza Matos, cadastrado na Pró-reitoria de Extensão e Ação Comunitária (Proext), um grupo de 16 alunos do 1º termo matutino da Faculdade de Comunicação Social (Facopp) da Unoeste esteve durante a amanhã desta quinta-feira (17) no asilo, para tomar os depoimentos que serão transformados em textos narrativos que comporão exposição fotográfica no salão do Limoeiro, no campus II da universidade. Os alunos colheram histórias fantásticas nessa atividade da disciplina de Língua Portuguesa.
A baiana dona Maria contou que foi trabalhar numa casa de família como arrumadeira, mas gostava pouco dessa tarefa em sua rotina diária. Então, uma colega fez a sugestão para dizer que sabia cozinhar. Falou com os patrões e assumiu a função de cozinheira, mas sem que conhecesse do ofício. Se arrumou com as receitas que decorava. Assim, tocou sua vida profissional. Foi mãe solteira. Seu filho morreu aos 18 anos de idade. Sozinha, na velhice – está com 70 anos – foi morar no asilo, onde diz gostar e que tem bom convívio com suas colegas de quarto. É parte de sua história de vida, que contou para a futura jornalista Ana Luiza Barilli Nogueira.
Gian Carlos Mendes Nascimento, que já adotou o nome “artístico” de Gian Nascimento, se emocionou. Chorou junto com seu entrevistado, Valdeir Pereira. Compartilharam sentimentos, mas se mantiveram separados pela paixão por clubes de futebol. O idoso é palmeirense. Como o entrevistador já tinha essa informação, partiu para a provocação e vestiu a camisa do arquirrival Corinthians. Uma provocação saudável, daquela que rende uma boa conversa. O encontro de gerações partiu da zoeira para entrar em assuntos sérios.
Nascido em 1947, na capital pernambucana Recife, Pereira disse que como engenheiro civil passou a maior parte de sua vida no Rio de Janeiro. Focou no trabalho. Não casou, não teve filho. Uma obra o trouxe a Presidente Prudente, onde acabou ficando. Sozinho, há cinco anos optou por morar no Lar São Raphael. Gosta de sua moradia. Recebeu a visita com alegria e se sentiu bem com a entrevista, pela oportunidade de relatar sua história e conversar com um jovem. Mostrou imensa satisfação pelo carinho manifestado com um pacote de bolachas. É que cada estudante ofertou bolachas para seu entrevistado.
Os textos serão dos alunos do 1º termo e as fotos de Carlos Eduardo Oliveira Rocha, do 4º termo, e de Jorge Flash, funcionário do Laboratório de Produção Fotográfica da Facopp. A doutora Édima deixou o lar com sorriso largo pelo bom resultado da atividade, o entrosamento de jovens e idosos, com a coleta de histórias bonitas, a prática da cidadania e a visibilidade obtida pela Unoeste em mais uma ação social para compor a Exposição Histórias, Memória e Sociedade.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste