Além da Aids, carnaval traz risco de hepatite B
Doença costuma ser confundida com gripe na fase inicial; relação sexual é a principal forma de transmissão

Em meio a toda alegria e sensualidade do carnaval brasileiro se esconde o fantasma das DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis). Nesse ranking, a hepatite B tem se destacado como uma das grandes preocupações de especialistas de todo o mundo, principalmente por se apresentar assintomática em sua fase inicial, sendo facilmente confundida com uma gripe. O quadro se tornou ainda mais preocupante quando pesquisa realizada no carnaval do ano passado pelo Instituto de Infectologia Emílio Ribas revelou que 76% dos habitantes da cidade de São Paulo não sabiam como se dava a contaminação dessa doença.
Freqüentemente associado a comportamentos de risco, como sexo sem proteção e uso de drogas injetáveis, o vírus da hepatite B já infectou mais de dois milhões de brasileiros. O diagnóstico e o tratamento tardio facilitam a evolução crônica da doença para uma cirrose hepática ou câncer de fígado – o que ocorre em 10% dos casos – podendo levar pacientes às filas de transplante e à difícil luta por um órgão.
De acordo com o infectologista Alexandre Portelinha, responsável pelo Ambulatório de Hepatite do HU (Hospital Universitário Dr. Domingos Leonardo Cerávolo), são três as formas básicas de transmissão da hepatite B, no entanto, a sexual é a mais relatada nos consultórios médicos. Há ainda a transmissão sangüínea, através do contato com agulhas contaminadas – que atinge principalmente usuários de drogas injetáveis – e a congênita, que passa de mãe para filho durante a gestação.
Ele também afirma que há uma grande dificuldade por parte dos portadores em reconhecer essa ‘doença silenciosa’. Cerca 70% deles não associam os sintomas iniciais - febres, dores no corpo e na cabeça, falta de apetite - à hepatite B, e quando procuram um serviço especializado o quadro clínico já está avançado e os sinais, típicos, com coloração amarela da pele (icterícia), urina escura (com cor de coca-cola) e fezes claras.
Vacina no braço, camisinha no bolso - A imunização pela vacina (encontrada em postos de saúde) e a utilização de métodos preventivos no sexo são de extrema importância para a redução do contágio e do número de casos da doença. Para Portelinha, a camisinha é a forma de proteção mais indicada, pois não afasta somente o risco da hepatite B: “Ela também é a forma mais segura de impedir o contato com o sangue, esperma e secreções que podem transmitir outras DSTs, como Aids e sífilis”, diz o médico.
A transmissão que ocorre da gestante para o feto, via placenta, pode ser evitada caso seja detectada com antecedência. “Daí vem a importância do pré-natal, que deve ser feito desde o início da gravidez. Através desse teste é possível observar o bebê e evitar, de forma intra-uterina, que a contaminação aconteça”, explica o infectologista.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste