Câncer de mama vitima mulheres no Brasil

No Brasil, o câncer de mama é a maior causa de morte em mulheres entre 45 e 55 anos. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), são registrados anualmente no País mais de nove mil óbitos em decorrência desse mal. No mesmo período são diagnosticados 40 mil novos casos.

Os altos números tornam essa a doença mais temida pelas mulheres. Relativamente rara antes dos 35 anos de idade, sua incidência cresce rápida e progressivamente acima dessa faixa etária, acentuando a necessidade de exames para detectar possíveis tumores. Os cuidados vão do auto-exame aos diagnósticos por imagem.

Para a mastologista do HU (Hospital Universitário Dr. Domingos Leonardo Cerávolo), Valesca Cristina Mesquita, o aumento do diagnóstico do câncer de mama deve-se à melhoria nas técnicas de detecção do tumor, como o rastreamento mamográfico, mais conhecido como mamografia. Ela ressalta que esse exame, quando feito anualmente, possibilita a descoberta precoce da lesão e o impedimento de sua evolução.

“A técnica do auto-exame, que já mereceu campanha nacional, é um método de prevenção secundário e também uma forma de diagnóstico, especialmente para a população feminina carente. Após os 40 anos, o ideal é que seja feita a mamografia anualmente, mas para as mulheres que não têm acesso a esse recurso, o auto-exame pode servir como auxílio”, explica a especialista.

Segundo a médica, ter filhos antes dos 25 anos é um fator de proteção, pois possibilita que a mulher amamente mais cedo, e amamentando ela deixa de ovular. “Quanto menos ciclos ovulatórios, menos riscos a mulher corre. No entanto, a mulher moderna estuda, trabalha, tem outras prioridades e a primeira gestação acaba sendo adiada. Pelas mesmas razões, o tempo de amamentação é reduzido, ou muitas vezes nem ocorre”, diz Valesca.

A vida sedentária, o estresse, o consumo exagerado de gordura animal, o alcoolismo e o tabagismo também podem causar o nódulo cancerígeno. Quanto a um suposto vínculo entre o uso de pílula anticoncepcional e a doença, Valesca esclarece que nos primeiros dez anos de uso do medicamento não há riscos. “Por outro lado, comer alimentos ricos em fibras como legumes, verduras e frutas todos os dias contribui para afastar esse mal”, salienta a mastologista.

O auto-exame, que se baseia no toque da mama pela própria mulher, deve ser realizado uma semana após a menstruação, uma vez por mês. No período menstrual ocorre a retenção de líqüido pelo organismo, o que dá a impressão de haver nódulos, por isso não é indicado fazê-lo nessa época. “Pode causar um alarde desnecessário”, explica a médica.

Essa é uma doença que exige vigilância constante. Além dos riscos de morte, os efeitos psicológicos que decorrem do câncer de mama afetam a percepção da sexualidade e da própria imagem que a mulher tem de si, o que resulta em muito sofrimento e uma certa tendência à rejeição do próprio corpo.

Todas as mulheres devem se consultar anualmente com um especialista, ginecologista ou mastologista e, após os 40 anos, realizar a mamografia anual. As mulheres menopausadas que fazem uso da terapia de reposição hormonal devem ter acompanhamento de um especialista, pois essa terapia está relacionada ao surgimento do câncer de mama. “O acompanhamento do profissional é importante, pois ele indicará maneiras de se evitar o câncer nessas circunstâncias”, diz a médica.

Como é feita a mamografia - A mamografia é realizada em um aparelho de raio-X apropriado, chamado mamógrafo. Nele, a mama é comprimida de forma a fornecer melhores imagens, e, portanto, melhor capacidade de diagnóstico. O desconforto provocado é discreto e suportável.

Esse tipo de radiografia permite ver com nitidez tumores em fase inicial, com apenas alguns milímetros de diâmetro, o que contribui para a busca rápida por um tratamento ou a retirada do nódulo.

Os exames de mamografia são realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Centro de Diagnóstico por Imagem (CDI) do HU, mediante requerimento do médico responsável.