Cáries atingem 27% das crianças

Dados do último levantamento epidemiológico realizado pelo Ministério da Saúde no ano de 2003 revelaram que 26,8% das crianças na faixa etária dos 18 aos 36 meses já tiveram pelo menos uma experiência de cárie dentária. Segundo a pesquisa, na faixa etária dos cinco anos, essa proporção chega a 60%.

Para a especialista em odontopediatria e responsável pela Clínica Odonto-Bebê do HU (Hospital Universitário “Dr. Domingos Leonardo Cerávolo”) Luciane Gava Simioni, o número é alto e evidencia a necessidade dos pais levarem seus filhos ao dentista o quanto antes – de preferência, já nos primeiros meses de vida do bebê, para que tenha início o trabalho de prevenção das cáries.

“A primeira consulta ao dentista costumava acontecer somente após a criança completar três anos de idade. Hoje essa história mudou e os cuidados começam antes mesmo de o bebê nascer, por meio da conscientização das mães sobre a importância da saúde bucal nos primeiros anos de vida”, comenta Simioni.

Ela explica que é importante que a gestante tenha uma dieta equilibrada, rica em cálcio, e com pouca ingestão de doces. “Isso porque o paladar da mãe influencia o paladar da criança, o que significa que se a mãe ingerir muito açúcar a criança se acostumará com o gosto doce e sentirá falta. Poucas mães sabem, mas o paladar da criança começa a ser formado enquanto ela ainda está em seu útero”, diz.

Alimentação X cáries - Especialistas afirmam que a dieta ocupa posição central no desenvolvimento da cárie, principalmente quando se é criança. Segundo eles, o consumo exagerado de carboidrato e açúcar e a ausência de escovação na infância comprometem a qualidade dos dentes ao longo de toda a vida. Por isso, antes mesmo da erupção dos primeiros dentinhos a mãe deve se atentar aos alimentos que oferece ao bebê, além de realizar com freqüência sua higienização bucal, evitando, dessa forma, problemas futuros com a dentição de sua criança.

“Até os seis meses de idade o único alimento para o bebê deve ser o leite materno. É importante não oferecer leite com açúcar ou achocolatado, para que ela não se acostume com o sabor adocicado. A vantagem disso é que se for acostumada a beber leite puro desde pequena, a criança não sentirá falta do açúcar ao longo de toda a sua vida”, explica Simioni.

As mamadas durante a madrugada também aumentam as chances de cárie. Por isso, é recomendável que as mães façam a higienização bucal nos seus filhos logo após o ato, além do controle do número de mamadas noturnas.

“A higienização da boca do bebê é muito simples e feita com uma fralda umedecida em água filtrada ou fervida. A própria mãe pode limpar toda a cavidade oral do bebê, língua, gengiva e bochechas. Não precisa de creme dental até os três anos de idade, mas, se utilizar, este deve ser sem flúor. É que a criança ainda não tem habilidade para expeli-lo, correndo o risco de desenvolver uma doença chamada fluorose (alteração em forma de manchas nos dentes permanentes em formação)”, explica a dentista.



Prevenção começa antes do primeiro dentinho



A primeira consulta ao dentista costumava acontecer somente após a criança completar três anos de idade. Mas, de acordo com as coordenadoras da Clínica Odonto-Bebê do HU, Cristiane Olívia do Amaral e Luciane Gava Simioni, especialistas em odontopediatria, essa história mudou e os cuidados com os dentes devem começar antes mesmo de o bebê nascer.

Por isso, elas realizam um trabalho de conscientização de todas as mães que têm bebês no HU, com orientações através de palestras e visitas semanais aos leitos da Clínica de Ginecologia e Obstetrícia. As mães recebem uma cartilha explicativa, além de uma ficha de cadastro para participar das palestras da clínica e também para agendamento de consultas. Mesmo após a alta hospitalar, elas podem participar dos eventos a unidade realiza no hospital.

Com o objetivo de prevenir a cárie infantil, são repassadas informações sobre a boca do bebê, aleitamento materno, riscos da alimentação artificial, importância dos dentes de leite e perigos da cárie para a saúde geral da criança. Os prejuízos das mamadeiras e bicos de borracha e os problemas ortodônticos e fonoaudiológicos associados a esse mau hábito também são abordados.

“Alguns cuidados, como não assoprar a comida da criança, por exemplo, são freqüentemente repassados às gestantes para evitar a transmissão da cárie da mãe para o filho. As crianças que não têm cárie nos primeiros anos de vida dificilmente desenvolverão esse problema posteriormente. Além do mais, crianças que são habituadas desde muito cedo a visitar um dentista aceitam melhor o atendimento odontológico quando crescem”, comenta Simioni.

Serviço – Agendamentos na Clínica Odonto-Bebê devem ser feitos diretamente na recepção do Centro Médico 1 do HU. O ideal é que a criança venha antes de nascer o primeiro dentinho. As crianças são atendidas até os três anos de idade; dessa faixa etária em diante, os atendimentos ocorrem na Clínica de Odontopediatria da Unoeste, localizada no Campus I da universidade.