Ética na Pesquisa teve enfoque em mesa redonda do Enapi
Evento trouxe mais informações a respeito da utilização de animais e seres humanos em pesquisas

“Em primeiro lugar não existe ciência da área da humanidade sem a experimentação em seres humanos. Apesar de todo avanço da biologia e da biomedicina, é obrigatória a experimentação em fase final no homem”. É com essa afirmação que o professor doutor Trajano Sardenberg, coordenador do Comitê de Ética em Pesquisa da Unesp de Botucatu (SP), iniciou sua fala na mesa redonda sobre “Ética na Pesquisa”, na abertura do XV Encontro Anual de Pesquisa Institucional e Iniciação Científica (Enapi). O evento é integrado ao Enepe 2010 e foi realizado nesta quarta-feira (20), no Auditório Azaleia do campus II. Além de Sardenberg, a professora doutora Noeme Souza Rocha (Unesp/Botucatu) foi a outra debatedora e as docentes da Unoeste, Rosa Maria Barilli Nogueira e Adriana Falco de Brito, foram as mediadoras.
“A Ética da Pesquisa em Seres Humanos - Uma Visão Histórica” foi tratada por Sardenberg para que os participantes entendessem as regulamentações em vigência. “É possível ser um excelente médico sem conhecer a história da medicina. Na área da ética isso não acontece, pois muitas ações atuais são frutos dos acontecimentos do passado”, explicou. O professor traçou histórico a respeito de algumas pesquisas das quais utilizaram experimentações em seres humanos. Um exemplo é a vacina contra varíola, inventada por Edward Jenner. A partir de então se iniciou o processo de imunização às doenças.
Ainda sobre descobertas que beneficiaram a sociedade, Rocha entrou na questão do uso de animais para testes iniciais. “Um exemplo é o exame ginecológico Papanicolau. Geórgius Papanicolau desenvolveu estudo sobre a citologia vaginal em várias espécies animais e, posteriormente, em sua mulher”, explica. A lei nacional mais recente que regulamenta o uso de animais em pesquisas é do ano de 2008. “O objetivo maior de um Comitê de Ética na Experimentação Animal não é só o cumprimento da lei, pois há várias no país – muitas não são cumpridas – mas sim de educar cada pesquisador para desenvolver a consciência na utilização de animais em experimentos”, comentou.
Sardenberg falou que um Comitê é co-responsável por todas as pesquisas que avalia e deve ser composto por integrantes de diversas instituições e de ambos os sexos. “A ética na pesquisa obrigatoriamente envolve normatizações, regulamentações e leis. O cuidado que se deve ter é que se o próprio comitê não se basear na ética ele acaba exercendo um controle não ético, levado pela política e pela ideologia. Caso isso aconteça há uma destruição da ciência e da ética”, afirmou.
Para Rosa Nogueira, o encontro foi fundamental para o compartilhamento de experiências. “Ao entrar em contato com membros de outros Comitês conseguimos avaliar nosso próprio trabalho e perceber que alguns problemas são comuns a todos. Percebemos que estamos no caminho certo”, disse. Todos os trabalhos de pesquisas precisam passar pela avaliação de um Comitê de Ética, caso isso não aconteça ele não tem aprovação para ser publicado em algum produto científico.
Por Heloíse Hamada, da Assessoria de Imprensa Facopp
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste