Doença em trabalhadores rurais será pesquisada em Prudente
Fungo que causa a micose PCM e compromete os pulmões está entre causas que lideram ranking de mortalidade

Em algumas regiões do Brasil, incluindo o Estado de São Paulo, a Paracoccidioidomicose (PCM) provoca a mais elevada taxa de morte entre as doenças originárias por micoses sistêmicas. De 1980 a 1995 foi considerada a oitava causa de óbito por enfermidades infectoparasitárias crônica ou repetitiva no país. O fungo Paracoccidioides brasiliensis (Pb) é o agente causador dessa micose profunda que compromete principalmente os pulmões.
São afetados agentes de atividades laborais em condições de higiene e nutricional precárias, entre os quais predominam trabalhadores rurais. São vários os pesquisadores brasileiros sobre Pb, como é o caso da doutora Daniela Vanessa Moris de Oliveira, que atua no segmento há 12 anos na região de Botucatu (SP) e agora irá estudar a infecção e a doença na região de Presidente Prudente, num projeto que envolve alunos das graduações de Biomedicina e de Medicina da Unoeste, onde leciona.
Ao anunciar o novo projeto de pesquisa, que deve ser colocado em prática já a partir do começo de 2013, a pesquisadora conta que o fungo dimórfico Pb como agente causador da PCM é uma endemia presente na América Latina, especialmente no Brasil e com maior incidência no Estado de São Paulo e no centro-oeste: Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás. Quando da descoberta da doença, havia associação com o capim, como local de desenvolvimento do fungo.
Porém, a hipótese de ser parasita vegetal foi deixada em outro plano. Os indícios são de que o fungo está no solo, pelos fatos do tatú ser hospedeiro e de que a doença acomete, em grande número, os trabalhadores rurais. Conforme Daniela Moris, a doença é negligenciada no Brasil. O tratamento com antifúngicos leva longo tempo e muitas vezes deixa sequela como a fibrose pulmonar; quando não mata. “Tem impacto social, pois não se consegue devolver o paciente para o mercado de trabalho”, conta.
O trabalhador acometido pelo mal apresenta dificuldades de respiração e alguns precisam usar tubos de oxigênio, como ocorre entre os cerca de 450 pacientes do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu, no campus da Unesp, onde a pesquisadora biomédica graduada pela Unimar faz o pós-doutorado e onde fez o mestrado e doutorado pelo Programa de Doenças Tropicais. Daniela Moris tem trabalhado com os resultados de suas pesquisas no plano interinstitucional.
Recentemente esteve no 1º Seminário de Pesquisa sobre Paracoccidioidomicose na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, em Campo Grande. Além de proferir palestra, participou da equipe que avaliou projetos voltados para estudar o fungo nos seguintes aspectos: imunológico, diagnóstico, clínico e ecológico. Conta que, no encontro de pesquisadores, surgiu a proposta de se fazer o mapeamento da doença no MS e tratar de questões como: a volta da doença seria reativação ou reinfecção? No mesmo evento, Daniela Moris fez a conferência Infeção por Cândidas em Pacientes Infectados pelo Vírus do HIV.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste