Fapesp libera aporte à pesquisa sobre mutação de brachiaria
Financiamento impulsiona experimento para novos cultivares que pode gerar impacto na economia brasileira



Pesquisadores da Unoeste – que atuam no Programa de Pós-graduação stricto sensu em Agronomia – estão empenhados em promover mutação da brachiaria brizantha marandú, o capim mais utilizado no Brasil para cria, recria e engorda de animais. É cultivado em cerca de 70 milhões de hectares, ante 20 milhões de hectares da cana-de-açúcar. O comparativo é feito pelo responsável pela pesquisa doutor Nelson Barbosa Machado Neto para dar a dimensão do experimento que coordena, com emprego de mutação e voltado ao melhoramento e obtenção de novos cultivares, capazes de solucionar alguns problemas de pastagens. Fato que pode gerar impacto positivo na economia brasileira, em razão de que a cadeia produtiva de carne e leite utiliza esse tipo de forrageira.
Já são seis anos de implantação do tratamento com a brachiaria, pastagem predominante na região de Presidente Prudente que concentra o maior rebanho bovino do Estado de São Paulo, com mais de 2 milhões de cabeças de gado. A novidade é a recente liberação de financiamento para a pesquisa, feita pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Aporte financeiro de R$ 65 mil que deve ser assinado antes do dia 20 deste mês e liberado no começou de 2013. O projeto recebe o nome de “Indução de variabilidade genética em Urochloa bryzantha (syn. Brachiaria brizantha) para características agronômicas por meio de mutagênese induzida por EMS (etilmetanosulfonato)”.
Atuam como pesquisadores associados os doutores Luiz Gonzaga Esteve Vieira, mais conhecido como Santista, e Ceci Castilho Custódio, que contam na equipe com a técnica mestre Edna Antônia Torquato de Agostini. No resumo do projeto apresentado à Fapesp, são feitas exposições de motivos científicos, técnicos e econômicos, para dizer que o trabalho tem como proposta estabelecer um programa de melhoramento da brachiaria por mutações induzidas, usando o agente mutagênico SEM, para constituir um banco de mutantes devidamente fenotipados, voltados à estudos genéticos e de biologia molecular e, principalmente, na obtenção de novos cultivares a curto prazo em comparação com o requerido em programas de melhoramento convencional da forrageira.
O projeto aponta ainda a importância das pastagens no Brasil, o maior exportador de carne do mundo. Também é o maior produtor, consumidor e exportador de sementes de gramíneas forrageiras. A variedade da brachiaria objeto da pesquisa é adaptável a diferentes condições climáticas e aos solos ácidos e pobres, com resistência à seca e às pragas, com qualidade nutricional adequada à alimentação bovina. “A intensificação da produção de bovinos de corte tem gerado uma demanda por cultivares de Urochloa superiores, que devem combinar elevada capacidade de produção e plasticidade ecológica”, consta do documento remetido à apreciação da Fapesp.
Na justificativa, entre outras considerações, é apresentada a informação de que a indução e seleção de mutantes oferecem um método simples, eficiente, rápido e barato para alterar a constituição genética e obter cultivares derivados de genótipos bem adaptados. Os pesquisadores pretendem desenvolver planta com características agronômicas desejáveis: alta produção de matéria verde, resistente ao pisoteio e à cigarrinha da cana-de-açúcar que tem atacado os pastos e que reaja e, situações de condições climáticas desfavoráveis, como a falta de água ou excesso de chuva.
O cultivo experimental está em andamento numa área de quatro alqueires, no campus II da Unoeste. São 7.600 plantas, tratadas no campo. Atualmente com 45 dias de vida e a previsão de florescimento para março de 2013. Em agosto deverá ocorrer a colheita de sementes e a instalação dos campos de ensaio para a próxima geração, a segunda de três, sendo que a última deverá ser colhida em março de 2014. A torcida é por encontrar uma planta sexual, que permita a reprodução sexuada, relacionada com processos que envolvem troca e mistura de material genético, possibilitando a variação genética da brachiaria.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste