Feijão pérola suporta bem ao estresse de água em excesso
Pesquisa sobre germinação e vigor de sementes faz comparação deste cultivar com as variedades tiziu e IPR 139



O cultivo do feijão não tolera excesso contínuo de água no solo. O engenheiro agrônomo Geraldo Henrique Martins Vieira quis saber as reações em germinação e vigor de sementes de feijão comum em condição de submersão em água. Desenvolveu o experimento com as variedades IPR 139, pérola e tiziu. Este último se apresentou como o mais resistente e o penúltimo como mais regular, de tal forma que seu aconselhamento aos produtores indica a preferência pelo pérola, exatamente em decorrência da regularidade.
O estudo desenvolvido na área de produção vegetal junto ao mestrado em Agronomia da Unoeste voltou-se à preocupação de que as áreas de produção apresentam redução ao longo dos anos, ao mesmo tempo em que aumenta o consumo, devido ao crescimento populacional associado a maior expectativa de vida. Assim, os indicativos são da necessidade de se investir em produtividade, que é obter maior quantidade do produto numa mesma área ou até em área menor.
Na pesquisa que resultou em dissertação levada à defesa pública na manhã desta segunda-feira (17), as estatísticas apresentadas apontaram que em 1970 a produção de alimentos tinha 3,8 mil metros quadrados por pessoa, com a estimativa de que em 2050 serão 1,7 mil metros quadrados por pessoa. A expectativa de vida salta de 60 para 75 anos. Nesse interregno de tempo, o crescimento da população deve ficar na ordem de 35%, exigindo que a produção agrícola dobre, que seja 70% maior.
Como o povo brasileiro é habituado a consumir feijão, essa cultura deve ser produzida em quantidade que atenda a demanda. É um alimento rico em nutrientes essenciais ao ser humano, como proteínas, ferro, cálcio, vitaminas – especialmente o complexo B, carboidratos e fibras. Há outro fator considerável na defesa de manter a oferta de feijão no prato: a produção em pequenas propriedades, 75% delas inferiores a 10 hectares (cinco alqueires). É uma cultura própria da agricultura familiar, que contribui para manter o homem no campo.
Vieira buscou na literatura as três diferentes classificações de clima no Brasil e os tipos de solo, sendo que de 13 predominam o latoso que representa 40% da área total, o argiloso 26% e o neosolo 15%. Chuva em excesso, aliada às características físicas de alguns tipos de solo que retém a água por mais tempo, podem impedir a germinação. Se a planta já germinou, pode ocorrer a morte, por ausência de oxigênio parcial (hipoxia) ou total (anoxia). No caso do plantio direto, ocorre a diminuição de temperatura no solo, o que favorece a lenta absorção de água pela semente e podem aumentar o impacto na germinação e vigor, fato também aliado às características do solo.
As análises do experimento foram feitas no Laboratório de Sementes da Unoeste. A IPR 139 foi obtida junto a produtores de sementes, a pérola na Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) em Avaré e a tiziu na Selegrãos, em Santo Anastácio. As escolhas das variedades foram aleatórias. Nas análises foi utilizada água deionizada. Na análise de condutividade elétrica foram feitas quatro repetições de 50 sementes em copos de 150 ml com 75 ml de água e temperatura de 25 graus por 24 horas. Também foram feitas análises de germinação, classificação de vigor e o comprimento de massa seca da raiz e da parte aérea.
Nos resultados e discussões, foram apresentados gráficos sobre germinação, vigor, comprimentos de raiz e da parte aérea, massa seca de raiz e da parte aérea, massa seca total, condutividade elétrica e unidade das sementes. Os melhores resultados, em termos de regularidade, foram do pérola. O membro externo da banca avaliadora, doutor Nobuyoshi Narita, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), disse que o feijão é muito importante na dieta do brasileiro, que são poucos pesquisadores atualmente voltados para essa cultura e que a Unoeste tem cumprido um papel que antes estava restrito às universidades públicas.
A banca se completou com o doutor Edemar Moro e a doutora Ceci Castilho Custódio, orientadora dos estudos que resultaram na dissertação defendida por Vieira, que obteve o título de mestre. Vieira é agrônomo pela Universidade de Espírito Santo do Pinhal (UniPinhal) e atua como professor da Fundação Centro Paula Souza, na Escola Técnica (Etec) de Avaré.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste