Pesquisa indica ser viável agregar valor à cana-de-açúcar
É possível o produtor passar a ganhar pela energia que a planta possui e não somente pelo teor de sacarose



Conforme sistema estabelecido pelo Conselho dos Produtores de Cana-de-açúcar e Álcool do Estado de São Paulo (Consecana), o produto é comercializado pelo teor de sacarose. É como se a planta apenas propiciasse açúcar e etanol, ignorando a utilização da biomassa na cogeração de energia elétrica. Portanto, a matéria orgânica está apenas incorporada, quando poderia ter valor agregado. Situação que pode mudar, considerando a viabilidade de mensurar o quanto de energia a cana possui. Uma descoberta em estudo científico inédito no Brasil e no mundo.
Pesquisa desenvolvida no Laboratório de Cognição Ecológica em Plantas (Ecolab) da Unoeste conseguiu medir empiricamente a eficiência da conversão de energia de cana-açúcar, antes conhecida por valores estimados e não a campo. “Buscou saber o quanto a cana é eficiente em converter energia luminosa absorvida em energia química”, conta o orientador do experimento – realizado pelo engenheiro agrônomo Alexandrius de Moraes Barbosa – doutor Gustavo Maia Souza, coordenador do Ecolab.
O estudo que obteve expressiva colaboração do doutor Tadeu Alcides Marques, também da Unoeste, apresentou outras duas vertentes: o mapeamento de distribuição de energia na planta e como a deficiência hídrica afeta a eficiência de conversão de energia. Entre folha, bainha, folhas secas, fibra (colmo) e raiz, nesta última está a maior concentração de energia. Não há diferença quanto às folhas jovem, adulta e senescente. A deficiência hídrica provoca baixo impacto, calculado em 10%.
O fator água insuficiente leva a cana a acumular menos energia em relação à suficiência hídrica, nos percentuais respectivos de 1,37% e 1,52%. “Parece pouco, mas não é”, diz Souza em relação à energia absorvida pela planta e anuncia nesta quarta-feira (19) um outro experimento no mesmo sentido, porém relacionado à temperatura, desenvolvido por Anderson Guerra, também no mestrado em Agronomia, no qual Barbosa foi aprovado e está pronto para iniciar o doutorado já em 2013, na Unesp em Botucatu .
Seu novo orientador esteve na banca da avaliação da dissertação em mestrado junto à Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação da Unoeste, doutor Marcelo de Almeida Silva. “O que traz de novidade é impecável. É um tipo de trabalho que nós precisamos, que sai da mesmice”, disse o membro externo, que manifestou satisfação em conhecer a Unoeste. “Estou surpreso com o campus [II] e com a ampla estrutura”, pontuou. Marques também compôs a banca e discutiu os resultados amplamente, apresentado várias arguições.
No início da apresentação, Barbosa disse que a escolha do tema recaiu no fato de que a produção de energia elétrica está entre as dez prioridades da humanidade. Contou que haverá necessidade de duplicar a produção até 2050, para atender o crescimento populacional e a demanda industrial. A dissertação foi apresentada com o título “Eficiência da Conversão de Energia Luminosa em Fitoenergia da cana-de-açúcar sob déficit hídrico”.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste