Pesquisa resgata início da história da educação em Prudente
Aluno era o centro das atenções e o professor formado em Escola Normal tinha status conferido à magistratura

Pesquisadoras da Unoeste levam para o Congresso Luso-Brasileiro de História da Educação (Colubhe 2012) – um dos mais importantes do mundo no segmento – o registro da atuação de professores no início do ensino escolar em Presidente Prudente. “O resgate da memória do professor é algo novo na produção científica e serve para o preparo do professor de hoje. Está em voga no mundo inteiro”, diz a doutora Helena Faria de Barros, uma das coautoras do trabalho revelador do perfil profissional entre os anos 1930 e 1960.
As outras coautoras são as doutoras Lúcia Maria Gomes Correa Ferri e Tereza de Jesus Ferreira Scheide. Na produção contemplada pelo congresso, com registro em revista científica de conceito Qualis A-2, constatou-se rupturas e tendências. O ensino tinha o aluno como o centro das atenções. O professor oferecia dedicação total, ao ponto de marcar hora em sua casa para atender o aluno e sanar alguma dificuldade no processo de aprendizado.
O professor daquela época ganhava bem, possuía status comparado ao de juízes nos dias atuais. Eram formados pelas pioneiras Escolas Normais da região central do Estado de São Paulo, em Itu e Casa Branca. Formação que tinha forte influência do ideário da Escola Nova, com teorias europeias e influência da Semana de Arte Moderna. A maioria dos professores pertencia ao sexo feminino. “Sem o recurso do livro, aprendia-se matemática com bolinhas, sementes e cartaz de prega”, comenta Tereza Scheide.
“Havia a construção da subjetividade ao levar em conta a história de vida de cada aluno, o que contemplava princípios, valores e ética”, conta Lúcia Ferri. Com o passar do tempo deu-se a ruptura. De uns anos para cá é retomada a discussão da prática docente em que o professor não se limita em executar currículos, mas os reinterpreta e redefine, os elabora de acordo com o que pensam, acreditam, valorizam e vivenciam. É o mesmo que faziam os professores que aportaram Prudente nos primórdios da cidade, fundada em 14 de setembro de 1917; prestes a completar 95 anos.
O Colubhe na Universidade de Lisboa, de 12 a 15 de junho deste ano, receberá essa contribuição que resulta dos relatos de professores sobre experiências educacionais vivenciadas ao longo do século passado em Prudente. As doutoras autoras da pesquisa são professoras do Programa de Mestrado em Educação da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação da Unoeste. São oriundas da Unesp e estão juntas desde 1963, quando Lúcia Ferri e Tereza Scheide foram alunas de Helena de Barros na graduação.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste