Superar dormência de semente de forrageira tem alternativa
Pesquisa aponta nova viabilidade acrescida de apelos ambiental e de proteção à saúde, além de valor agregado



A semente da brachiaria humidicola apresenta dormência que é superada com aplicação de ácido sulfúrico, o que consiste num modelo padrão. Pesquisa desenvolvida na Unoeste promoveu experimento utilizando ventilação com ar aquecido. O resultado de quebra da dormência pelo modelo alternativo resultou na mesma média de germinação do tratamento convencional que é de 40%.
O resultado do estudo foi apresentado nesta quinta-feira (27) durante defesa pública de avaliação da dissertação no mestrado em Agronomia pelo biólogo Antônio Marcelo Pereira, graduado pela Faculdade de Ciências, Letras e Educação (Faclepp). A pesquisa oferece uma alternativa interessante acrescida de apelos ambiental e de proteção à saúde do trabalhador, além da oferta de valor agregado que é a eliminação de fungos na semente, através do ar aquecido.
O principal ganho ambiental está no fato de que o ácido sulfúrico é perigoso para organismos aquáticos, o que pode ser ocasionado a partir do descarte inadequado de embalagens. O produto é corrosivo e requer cuidados especiais na manipulação. Se inalado provoca irritações, queimadura de pele e olhos, náusea e vômito. Pode resultar em queimaduras graves e até matar.
Conforme a orientadora doutora Ceci Castilho Custódio a pesquisa foi desenvolvida com a semente bruta dessa espécie forrageira que germina pouco, devido ter muita dormência. O trabalho pretendia superar esse impedimento genético chamado de dormência, de tal forma que se obtivesse, com o novo tratamento, percentual maior de germinação. “Porém, no geral, a semente é complicada e não foi possível resolver todos os problemas dela”, comentou.
Foram feitos vários testes em quatro temperaturas e por dois tempos: 24 e 48 horas. Os melhores resultados se apresentaram no tempo menor, com as sementes ventiladas e aquecidas em estufa no Laboratório de Sementes da Unoeste. Pereira utilizou seis lotes diferentes. O tratamento foi melhor com sementes novas, recém-colhidas; comparado às com mais tempo de armazenamento. A pesquisa teve comprometimento com a região de Presidente Prudente que é uma das maiores produtoras do país em sementes de pastagem.
“Esse é um tipo de brachiaria que o criador de gado planta em local úmido, devido sua resistência à umidade”, disse Pereira, que é extensionista do Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) em Mirante do Paranapanema (SP), município com o maior número de assentamentos (39) da reforma agrária no Brasil, sendo que alguns assentados produzem sementes. Para o coordenador do Programa de Mestrado e Doutorado em Agronomia da Unoeste, doutor Fábio Fernando de Araújo, a visão extensionista é interessante por permitir horizontalizar a pesquisa.
Conforme Araújo, que integrou a banca de avaliação, muitas vezes a ciência aparece verticalizada, o que representa a ciência pela ciência. Quando se horizontaliza, passa ser a ciência pela sociedade, como ocorreu com a pesquisa de Pereira que apresentou essa visão. Outro aspecto comentado foi que o tratamento térmico para superação da dormência mata fungos, fato apontado por Araújo como interessante, por manter a semente viva, ainda que em estado de dormência. São sementes que, possivelmente, em algum momento podem germinar; enquanto o ácido sulfúrico também desinfeta, mas mata a semente.
Na condição de convidado junto à Universidade de Londrina (UEL), o doutor Claudemir Zucareli, fez amplas considerações e apresentou uma gama de arguições sobre a pesquisa de Pereira que classificou como um trabalho bem planejado. Zucareli agradeceu o convite visto como estimulador de intercâmbio de conhecimento. Pereira foi aprovado para receber o título de mestre em Agronomia junto à Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação da Unoeste.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste