Música pode ser uma aliada para os estudos
Por que é mais fácil memorizar uma música do que um texto comum ou uma fórmula?

“Não tinha medo o tal João de Santo Cristo
Era o que todos diziam quando ele se perdeu
Deixou pra trás todo o marasmo da fazenda
Só pra sentir no seu sangue o ódio que Jesus lhe deu...”
Lançada há 26 anos pelo cantor e compositor Renato Russo, a música Faroeste Caboclo ainda está na cabeça de muitos fãs da época e também de jovens da atualidade. Seus nove minutos de duração, com mais de 5 mil palavras diferentes, não impedem a memorização da letra pelos admiradores que, mesmo após ficarem muitos anos sem ouvi-la, continua na memória. A pergunta é: se fosse um texto comum, será que as pessoas teriam a mesma facilidade em lembrar? Aliás, é verdade que a música tem o poder de ficar armazenada no cérebro por muito tempo ou até mesmo para o resto da vida? Em razão da facilidade de memorização por meio da melodia, esse método tem sido utilizado nos estudos, e quem utiliza, afirma: dá certo!
O coordenador e professor do curso de licenciatura em Música da Unoeste, Valter Trevisan, ressalta que tanto a música quanto a linguagem transmitem mensagens por meio de um sistema de signos que possui suas regras gramaticais. “O aprendizado da música ou de um instrumento musical ajuda no desenvolvimento cognitivo, sobretudo nos aspectos semânticos e nos sistemas de memória”, pontua. Destaca ainda que esta arte pode auxiliar na manutenção da memória, concentração, além de facilitar a percepção auditiva, atenção, repetição, estimular a memória imediata e implícita, o raciocínio abstrato, a imaginação e a criatividade.
Segundo Trevisan, pesquisas da área de neurociência comprovam que as pessoas, mesmo sem formação musical, são capazes de reconhecer um acorde ou uma melodia inacabada, tão bem quanto um profissional, comprovando assim, que a percepção da música é muita parecida entre diferentes ouvintes. “A música, a rima e o ritmo permitem associações fantásticas. Uma das características importantes da música é seu caráter evocativo, porque nós memorizamos eventos quando associados a várias informações como sons, imagens, emoções e sentimentos”.
Comprovado – Professor na Unoeste há 29 anos, Leandro Lopes Haidamus é famoso pelas aulas diferentes ministradas aos estudantes da área da saúde, na disciplina de bioquímica. Conta que formulou refrãos musicais de alguns conceitos básicos e importantes da matéria, justamente para facilitar a memorização. “Quando o aluno responde uma pergunta que precisa saber do conceito, com certeza lembrará a música”, afirma. Pontua ainda que iniciou esse método espontaneamente. “Sempre penso que minha obrigação é fazer o aluno aprender. E para não tornar a aula cansativa fui criando dinâmicas diferenciadas para prender a atenção do estudante”.
Você sabia... – Por que é mais fácil memorizar uma música do que uma poesia? “É simples: é porque a música não faz ‘cobranças intelectuais’; ela penetra diretamente no subconsciente, exatamente porque a pessoa está ‘descomprometida’ com a razão enquanto ouve”, informa Trevisan. Outro ponto destacado pelo docente é que as pessoas têm mais facilidade em aprender palavras estrangeiras quando são cantadas, “isso porque usamos a mesma área do cérebro para ouvir músicas ou aprender línguas”.
Música na Unoeste – De acordo com o coordenador, o curso de licenciatura em Música tem a disciplina de psicologia da música, onde todos os aspectos (sensorial, cognitivo e motor) são abordados. Levando em consideração as diversas fases do desenvolvimento humano, principalmente na fase escolar.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste