Estresse hídrico da cana provoca redução da biomassa total
Estudo científico que confirma essa condição também sugere que haja dimensionamento da irrigação suplementar



Ao passar por estresse hídrico a cana-de-açúcar apresenta alteração no metabolismo, diminuindo a produção de fibra. Ocorre aí um desvio para a produção de açúcares, com a redução da biomassa total. É o que diz o pesquisador vinculado ao Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Agronomia da Unoeste, doutor Tadeu Alcides Marques. Considerações feitas em relação a experimento realizado no mestrado – com sua orientação – sobre crescimento, maturação e distribuição de energia.
Estudo desenvolvido nos últimos dois anos pela engenheira agrônoma Jane Rodrigues de Vasconcelos. A variedade RB 867515, produzida na Universidade Federal de Viçosa, foi utilizada em dez repetições, por ser a mais cultivada no oeste paulista. As mudas foram retiradas de plantio na Estação Experimental da Unoeste, utilizando o critério de não selecionar plantas com doenças sistêmicas. Houve o corte manual dos toletes, com o descarte das partes inferior e superior.
Os toletes divididos em gema única passaram por processo de tratamento em água a 30 graus, seguindo-se o plantio em copos de 700 ml, com furo para escoar a água, terra extraída em solo de barranco e aplicação de esterco de curral. Germinados os toletes, as mudas foram transplantadas para vasos com 12 quilos, em cada uma única planta. Parte recebeu reposição de 100%, ou seja: a água necessária que a planta precisava. Outra parte somente 20% da necessidade; portanto, com déficit hídrico de 80%.
Entre as análises feitas, a principal constatação foi de que o estresse provoca a redução da biomassa total. Atualmente, com o foco da indústria sucroalcooleira voltado para a produção de energia elétrica, além de açúcar e álcool, a discussão foi sobre se a irrigação aumentará a produção e a qualidade da cana na mesma proporção; e se a cana responde com mecanismos diferenciados. Houve a confirmação de que a falta de água leva ao desbalanceamento dos componentes que estão dentro da cana e sobre a irrigação o que se defende é o cuidar do dimensionamento da água.
Aconselha-se oferecer a água que a planta precisa, com o cálculo do consumo mínimo possível, que permite o rendimento adequado. Com a finalidade de suplementar a água encontrada no solo, a irrigação tem um custo caro de produção. Então, o correto é racionalizar, inclusive pela situação de que a planta saturada com água não consegue respirar. O medir a perda de água da planta, como foi feito no experimento conduzido por Jane com a orientação de Marques, gera um coeficiente que dá uma ideia da quantidade armazenada nos tecidos.
O estudo é complexo e requer outros experimentos para que a tecnologia possa ser levada ao campo, onde é grande o interesse. Na Unoeste, o experimento científico na área de produção vegetal foi realizado no Centro de Estudos Avançados em Bioenergia e Tecnologia Sucroalcooleira (Centec), com suporte do Laboratório de Ecofisiologia Vegetal (Ecolab). Além da orientação de Marques, teve o apoio do professor Érick Rampazo, com resultados levados a congresso internacional em Portugal, apresentados em forma de pôster.
A pesquisa desenvolvida por Jane proporcionou a sustentação de produção da dissertação de mestrado, defendida publicamente na manhã desta quarta-feira (26), avaliada e aprovada pela banca composta por Marques, Vagner Camarini Alves e Paulo Augusto Manfron, convidado externo junto a Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Jane está apta a receber o título de Mestre em Agronomia, a ser emitido pela Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste