Filósofo aborda desafios das universidades na nova sociedade

Organizar a universidade para acolher os novos sujeitos sociais, que são os jovens de camadas mais pobres, é um dos desafios da educação apontado pelo filósofo Cesar Nunes, doutor em Educação e professor titular da Unicamp. Ele esteve na Unoeste nesta segunda-feira (27) para ministrar palestra aos professores, coordenadores e diretores dos cursos, além da equipe pedagógica e pró-reitores. A atividade, que lotou o teatro Cesar Cava, no campus I, integra a programação do 6º Encontro Pedagógico dos Docentes (Enped). O filósofo falou sobre “As novas diretrizes curriculares da educação, universidade e sociedade: horizontes possíveis e desafios imediatos”.

Nunes esteve pela quarta vez na Unoeste, no ano passado ele também palestrou no 5º Enped e encerrou o 10º Encontro Anual de Ensino Superior (Enaens).  Em 2012 foi o convidado especial na Jornada de Educação. “Sinto-me honrado pelo convite e também já me sinto companheiro de caminhada dessa universidade”, disse. Lembrou que no último encontro dos docentes, ele abordou sobre a educação no passado, como os estigmas que impedem de caminhar. Já nesta ocasião, destacou o futuro e apontou os desafios de se prosseguir na educação.

“A universidade brasileira hoje é obrigada a repensar o seu papel como instituição, na sociedade, diante do mercado, diante dos direitos e de todas as nossas chamadas contradições atuais”. Para que isso aconteça, segundo ele, o Estado, que faz a regência do ensino superior e da educação básica, tem algumas diretrizes. “Qual o rumo que o Sistema Nacional de Ensino Superior Brasileiro está dando? As diretrizes da educação básica são aquelas para formar os professores e alunos, que depois também serão acadêmicos. Vim falar um pouco desses dois eixos, sobre como pode caminhar o trilho da humanização e da emancipação sobre as diretrizes da educação básica e do ensino superior”.

Desafios – O primeiro desafio, segundo o filósofo, é universalizar o acesso ao ensino superior, para que todos tenham esse direito e possam desenvolver uma profissão, e que não haja tanta diferença entre a universidade pública e privada. “Esta [última] precisa conquistar pesquisas, centros de investigação e a formação do aluno para pesquisa e não somente para o mercado, como historicamente se faz. E a pública precisa manter a sua vocação de pesquisa, mas também se abrir para a realidade, formar pessoas para o mercado. Uma precisa oferecer a outra o que tem de positivo, para andarem de mãos dadas na direção do futuro. Necessitam ser, antes de tudo, universidades de formação plena”.

Outro desafio, conforme Nunes, é organizar a universidade para acolher os novos sujeitos sociais, os jovens de camadas mais pobres, pois as classes média e alta sempre estiveram na universidade. “Precisamos encontrar um ajuste de conduta para com os sujeitos da nova sociedade, quais são os direitos e deveres, e assim, educar o novo cidadão”. Afirma que tudo isso também é papel da universidade, como formar o pesquisador e o cidadão, humanizar o conhecimento e diminuir o peso da tradição excludente. “Precisamos deixar para trás as marcas do passado e abraçar com coragem os desafios do futuro”, completa Nunes.

Para o diretor da Faculdade de Informática de Presidente Prudente (Fipp/Unoeste), Moacir Del Trejo, o Enped é um período em que todas as coordenações repensam seus planos pedagógicos, suas estratégias e buscam novas metodologias a serem aplicadas. “Temos grandes desafios diante desse novo perfil do estudante que está surgindo, então, nada melhor que continuar a discussão com um filósofo que tem experiência no assunto e levar isso para o planejamento específico dentro do curso”.

Participaram da atividade os pró-reitores Dr. José Eduardo Creste (Acadêmico), Dra. Angelita Ibanhes de Almeida Oliveira Lima (Extensão e Ação Comunitária), e Dr. Adilson Eduardo Guelfi (Pesquisa e Pós-graduação).