Formação continuada sugere um processo de retroalimentação
Professor depura a necessidade da sala de aula, propõe o debate pedagógico e oferece o feedback aos alunos



Embora a formação continuada seja uma discussão recorrente, é prática tratada inadequadamente e sem a importância que requer. O ponto de vista é do pesquisador José Milton de Lima, apresentado em banca de defesa pública de dissertação sobre o assunto e com a finalidade de enaltecer o estudo da professora de educação física Priscila Danielle Barbosa de Almeida. Ela buscou, na literatura e num estudo de caso, a sustentação para sugerir que a prática de formação continuada ocorra num processo de retroalimentação, com o envolvimento do professor não somente na discussão e reflexão, mas também na formulação dos pontos a serem debatidos. A aula, na sala ou na quadra, é o momento onde brotam as necessidades e os anseios da comunidade estudantil, sugestionando processos de ação e reação, de causa e efeito.
Para a autora do estudo, a regulamentação de sessões de práticas de formação continuada deve contemplar a participação docente na definição do cronograma e das pautas. Procedimento indicador de melhores resultados nos objetivos a serem alcançados no exercício da prática pedagógica e para a transformação da mesma. Com e emprego da pesquisa qualitativa, o estudo de caso foi feito numa escola particular com 25 anos e que ao longo de sua existência tem mantido ações voltadas para que o professor possa se manter atualizado em sua profissão e no desenvolvimento de suas competências. Porém, a formação continuada não se cristaliza em sua essência, por decorrência de que parte do processo apresenta uma espécie de imposição, ainda que não intencional, no qual cronograma e pauta são produzidos pela direção e coordenação.
Mesmo assim, somente o fato de se ter uma intenção associada à prática da preparação contínua, a escola em questão detém Prêmio Nacional de Qualidade do Ensino, primeiro lugar em concurso promovido por emissora de televisão, finalista nas olímpiadas brasileiras de física e de matemática e vencedora de competições esportivas do município, no interior paulista. Ao elencar estas e outras qualidades, quando os dados da pesquisa foram transportados à dissertação, ficou o indicativo de que as conquistas poderiam se multiplicar, caso a aplicação da formação continuada fosse mais democrática, seguindo práticas sugeridas por pesquisadores e encontradas em farta literatura científica, como são os casos de desenvolver a dimensão interativo-reflexiva, possibilitar que ocorra de modo contínuo e ininterrupto, permitir estar sempre atualizada e valorizar a prática dos professores.
“A formação continuada em serviço não deve ser realizada como suplência das lacunas da formação inicial. Deve trabalhar as dimensões técnica, pedagógico-social e política, contribuindo para a formação interativo-reflexiva dos profissionais de ensino. Deve desenvolver uma cultura colaborativa e fazer com que os professores consigam avaliar a própria prática, refletindo sobre ela”, pontuou Priscila. Para ela, a formação continuada deve se originar de propostas do conjunto de professores, num projeto nascido das necessidades cotidianas do trabalho e da imprescindibilidade do aperfeiçoamento profissional, resultando numa construção colaborativa, com o envolvimento de todos. Neste contexto é que foi produzida a dissertação “Formação continuada em serviço aos profissionais do ensino: um estudo de caso”.
Outras contribuições da pesquisa sugerem à escola adotar algumas novas posturas para melhorar ainda mais o que já faz bem feito. A avaliação do estudo científico aponta para a necessidade de renovação, mas sem que isso seja encarado como uma crítica. O programa de formação continuada pode se tornar mais aproveitável, caso separe os assuntos pedagógicos dos administrativos. O conselho de classe e discussão sobre organização de eventos devem ocorrer num outro momento, mesmo que estejam relacionados ao programa. As sugestões dos professores podem ser bem acolhidas, tornando-se rotina e não apenas de vez em quando. Com isso, haveria novo direcionamento que não o da imposição de pauta pela direção e pelos coordenadores.
A orientação foi da Dra. Helena Faria de Barros, com a banca examinadora, em sessão pública do mestrado em Educação da Unoeste, composta pelos doutores Lima, convidado junto à Unesp em Presidente Prudente, e Carmen Lúcia Dias, em substituição à Dra. Raimunda Abou Gebran, que esteve na banca de qualificação, mas – por motivo de saúde de um familiar – se viu impossibilitada em comparecer à defesa pública. Lima atua no Departamento de Educação da Faculdade de Ciência e Tecnologia (FCT/Unesp). Priscila foi aprovada para receber o título de mestre em Educação, outorgado pela Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste