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Exclusão digital rural tem índice alarmante de 75% no Pontal

Políticas públicas desordenadas resultam em privações de graves consequências sociais ao trabalhador rural


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Foto: João Paulo Barbosa Exclusão digital rural tem índice alarmante de 75% no Pontal
Paulo Roberto Rosa durante o período de arguição
Foto: João Paulo Barbosa Exclusão digital rural tem índice alarmante de 75% no Pontal
Banca examinadora: doutores Edilene, Munir e Paulon
Foto: João Paulo Barbosa Exclusão digital rural tem índice alarmante de 75% no Pontal
Paulo Roberto Rosa com os doutores Munir, Paulon e Edilene

A exclusão digital atinge 75% do campesinato de 16 áreas esparsas da região do Pontal do Paranapanema, onde as políticas públicas negligenciam a oferta de condições de uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). O pouco oferecimento esbarra na desordem da falta de critérios para instalações de equipamentos e ainda enfrenta o caótico desencontro entre esferas de governos. A restrição tecnológica contribui para aumentar o isolamento e a subordinação do trabalhador rural ao capital. São situações apresentadas em levantamento inédito de dados, realizado em projeto de pesquisa desenvolvido junto ao Programa de Mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional, vinculado à Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação da Unoeste.

O autor do estudo Paulo Roberto Rosa, com formação em administração de empresas, promoveu observação sistemática da realidade in loco para, em seguida, aplicar questionário junto a 84 camponeses de Mirante do Paranapanema, Presidente Epitácio, Caiuá, Presidente Bernardes, Anhumas, Regente Feijó e Rancharia, municípios que fazem parte da área de maior concentração de assentamentos rurais do Brasil, que são 114 e abrigam 6,2 mil famílias. Os trabalhos de campo aconteceram em 13 projetos de assentamentos da reforma agrária, numa agrovila e em duas associações de pequenos produtores rurais. A elaboração de registros fotográficos são documentos de prova do sucateamento de salas, para uso coletivo das TICs, que nem chegaram a funcionar.

Há desordem em vários sentidos, impedindo o funcionamento de salas dos programas públicos de territórios digitais. Falta norma sobre instalações dos equipamentos. Teve caso em que o técnico do Ministério do Desenvolvimento Agrário instruiu instalar a fiação elétrica embutida. Porém, houve a troca de técnico e o novo disse que a fiação deveria ser externa, para evitar aquecimento. O serviço foi refeito, mas depois de algum tempo de espera. Na execução dos programas, cabe à prefeitura prover a sala com instalação elétrica, grade de proteção e ar condicionado, além de designar um monitor. Aí reside o jogo de empurra, resultando em soluções demoradas ou a falta delas. Existem casos que já passam de quatro anos, nos quais computadores nem foram retirados das caixas e devem estar sucateados pelo próprio tempo. Teve prefeitura que enviou aparelho de ar condicionado com pelo menos 15 anos de uso, com apenas o compressor e a base, sem a caixa de proteção.

As mazelas se multiplicam, ao ponto de existirem salas prontas em condições de funcionamento, mas falta sinal de internet. Embora em cada casa tenha pelo menos um celular, falar ao telefone exige sair de casa para encontrar lugar mais alto, que inclui subir na porteira. Em duas escolas, onde as TICs funcionam, o uso é restrito à comunidade escolar. Também existem salas que funcionam, frequentadas por 27 camponeses, sendo que nove deles fazem uso diário e os demais pelo menos uma vez por semana. Por observação, Roberto Rosa disse que os jovens se sentem os mais afetados e isso deve contribuir na rejeição que têm em viver no campo.

Embora tenha considerado que as deficiências no uso das tecnologias não seja exclusividade da área rural, já que nas cidades são encontrados idênticos problemas, porém bem menos e mais fáceis de serem contornados, pela disponibilidade de assistência técnica. Na pesquisa bibliográfica sobre as TICs como elemento de desenvolvimento, autores afirmam que elas oferecem auxílios como informações gerais; previsão do tempo; tipos e qualidade do solo; políticas de preços; aquisição, controle e venda de produtos; épocas apropriadas para plantio ou colheita; uso de ocupação do solo e assim por diante.

Orientado pelo Dr. Munir Jorge Felício, o autor da pesquisa fez a defesa pública de sua dissertação na tarde desta sexta-feira (22) e obteve aprovação para receber o título de mestre em Meio Ambiente, avaliado pelos doutores Edilene Mayumi Murashita Takenaka e Eduardo Paulon Girardi, convidado da Unesp em Presidente Prudente. Para ele, foi produzido um trabalho de qualidade, que cumpriu os requisitos de uma dissertação. “Além da qualidade formal do trabalho científico, existe uma qualidade política que advém do problema de pesquisa, como uma questão social importante”, fala que fez em tom de elogio ao orientando e orientador, assim como ao programa de mestrado.

Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste

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