Uso de ácido salicílico aumenta valor da planta medicinal
Ganho ocorre a partir da maior produção de óleo essencial, dos compostos fenólicos e da atividade antioxidante



Experimento sobre o efeito hormonal no crescimento e na atividade elicitora da planta medicinal mil-folhas, a partir da aplicação de ácido salicílico, não alterou a parte aérea e estimulou o crescimento das raízes. Esse incremento representa maior produção de óleo essencial, dos compostos fenólicos e da atividade antioxidante; o que significa valor agregado para o comércio com a indústria de medicamentos fitoterápicos. O estudo desenvolvido pelo engenheiro agrônomo Pedro Henrique Gorni teve a orientação da Dra. Ana Cláudia Pacheco Santos, no Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Agronomia, vinculado à Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação da Unoeste.
A pesquisa se insere nas políticas públicas do Sistema Único de Saúde (SUS) que desde 2008 mantém a Política Nacional de Plantas Medicinais, incentivando os estudos científicos e à cadeia produtiva da industrialização de plantas medicinais para fins fitoterápicos. Gorni fez a defesa pública de sua dissertação na manhã desta sexta-feira (7), avaliado pelos doutores Nelson Barbosa Machado Neto e Regildo Márcio Gonçalves da Silva, convidado pela Unesp em Assis. O autor do estudo foi aprovado para receber o título de mestre em Agronomia.
Confira abaixo o resumo do trabalho sobre promoção do crescimento e atividade elicitora do ácido salicílico em Achillea millefolium L:
"O ácido salicílico é um composto fenólico presente em plantas e que possui múltiplas funções, dentre elas a ação hormonal de estímulo ao crescimento e desenvolvimento vegetal e a indução das respostas de defesa da planta sob condições de estresses bióticos e abióticos. Neste sentido, pesquisas relacionadas à ação elicitora do ácido salicílico sobre a síntese de metabólicos secundários em plantas medicinais vem sendo conduzidas com a finalidade de se aumentar o valor econômico destas espécies. O objetivo deste estudo foi determinar o efeito da aplicação foliar de ácido salicílico sobre a produção de biomassa e a síntese de compostos secundários em plantas de mil-folhas (Achillea millefolium L. – Asteraceae), uma espécie medicinal produzida comercialmente como matéria-prima para a indústria mundial de fitomedicamentos.
O experimento foi conduzido em plantas envasadas sob condições de casa de vegetação. A aplicação do ácido salicílico foi efetuada nas concentrações de 0; 0,25; 0,50; e 1,00 MiliMol (mM) aos 20 dias após o transplante das mudas para os vasos. O efeito do ácido salicílico sobre o metabolismo das plantas de mil-folhas foi avaliado através de parâmetros biométricos de crescimento (área foliar, número de folhas, produção de biomassa aérea e radicular, razão raiz/ parte aérea e razão área foliar / número de folhas) e parâmetros bioquímicos (teores de compostos fenólicos, óleo essencial, teores de pigmentos e capacidade antioxidante).
A aplicação exógena de ácido salicílico na concentração de 0,50 mM resultou em aumentos lineares no acúmulo de massa seca de raiz, massa seca total, razão raiz / parte aérea e teores de clorofila a e clorofila a+b em plantas de mil-folhas. A massa seca parte aérea, área foliar, número de folhas e razão área foliar / número de folhas não foram alteradas pela aplicação de ácido salicílico, bem como os teores de antocianinas, carotenóides e clorofila b. Os efeitos positivos sobre o metabolismo secundário foram evidenciados pelos aumentos na concentração de compostos fenólicos totais e da atividade antioxidante nas concentrações 0,50 e 1,00 mM. O teor e rendimento de óleo essencial foram maiores em plantas tratadas com 0,50 mM.
Diante dos resultados obtidos, pode-se concluir que a utilização de ácido salicílico se constitui em uma técnica de manejo vantajosa para a obtenção de aumento na massa seca total das plantas, devido à maior massa seca de raízes, ou seja, o ácido salicílico estimulou o crescimento de raízes e não da parte aérea na cultura de mil-folhas. Entretanto, este estudo demonstrou que o efeito elicitor obtido pela aplicação exógena de 0.50 mM de ácido salicílico, resulta em maior valor econômico da matéria prima, devido ao aumento na produção de compostos secundários, tais como fenóis totais e óleo essencial, além de um concomitante aumento na atividade oxidante do extrato vegetal".
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste