Fórum sobre cuidados para o doente renal atinge expectativas
Especialistas oferecem informações esclarecedoras e evento sugere que Prudente venha ser centro de excelência

A realização do 2º Fórum Municipal da Pessoa com Insuficiência Renal Crônica e Transplantado atinge expectativas de participantes, pela qualidade das informações voltadas para contribuir com uma vida melhor. A realização da Associação de Apoio aos Renais Crônicos e Transplantados (Carim) e de parceiros, entre os quais a Pró-reitoria de Extensão e Ação Comunitária (Proext) da Unoeste, recebeu mais de 200 pessoas durante a manhã desta sexta-feira (17) no Teatro César Cava. O público-alvo foi constituído por estudantes, profissionais da saúde e portadores da doença. O evento estimulou falas entusiasmadas, como a de que Presidente Prudente venha a ser centro de excelência no tratamento e em transplantes dessa doença.
A estudante do 5º termo na Faculdade de Medicina de Presidente Prudente (Famepp) da Unoeste, a paranaense Jéssica Priscila Tozo classificou o fórum como muito importante. “Antes de ingressar na residência, vou trabalhar em posto de saúde. As informações que recebi aqui, certamente, serão essenciais no dia a dia junto aos usuários dos serviços de saúde”, disse a futura médica, que ainda não se definiu sobre qual será sua especialidade. Os palestrantes, em sua maioria, foram profissionais da área de saúde. Todos elogiaram a iniciativa do Carim. Entre os portadores da doença estava uma criança de apenas dois anos, acompanhada pelos avós.
A menina Giovana é um exemplo sobre as dificuldades de quem tem problema renal; doença que possui desde bebê. A mãe tem um benefício mensal de R$ 700 para cuidar da filha, mas o dinheiro é insuficiente, conforme a “avódrasta” Odete Ferreira da Silva, moradora do bairro Jardim Paulista, na zona norte da cidade. Ela disse que somente os gastos com gases chegam a R$ 250 por mês, uma vez que grande parte do tratamento é feito em casa, onde foram instalados equipamentos para diálise. Porém, pelo menos uma vez por mês Giovana precisa ser levada para tratamento em Curitiba (PR). Para isso, dependem da solidariedade das pessoas.
Decisão do Ministério Público culminou com o benefício e novamente deverá agir para que as viagens sejam custeadas pelo Estado, seguindo a legislação que ampara o tratamento fora de domicílio, quando não se tem o serviço local. A informação foi do promotor de justiça Mário Coimbra, que fechou a programação de palestras do fórum e preconizou que a grande luta é transformar Presidente Prudente num centro de excelência, tanto no tratamento quanto em transplantes de rins em doentes crônicos. Coimbra disse que os investimentos públicos em saúde estão no “volume morto”, fazendo comparação à escassez de água potável em reservatórios de abastecimento público.
Não foi uma crítica isolada, já que outros palestrantes tocaram no assunto e a fala mais incisiva partiu do médico nefrologista Gustavo Navarro Betônico, para quem são necessários os seguintes poderes: cognitivo (conhecimento), fé, administrativo, político e econômico. Disse que os três primeiros existem, mas que os dois últimos deixam a desejar. No Hospital Regional e no Ambulatório Médico de Especialidades (AME) são 700 pacientes em acompanhamento.
O médico intensivista Renato Mazzaro Ferrari fez abordagens sobre aspectos legais e do trabalho incessante da Comissão Intra-hospitalar de Transplantes do Hospital Regional, da qual é coordenador e onde a atuação em equipe possibilitou conseguir 30 dos 34 doadores de órgãos em Presidente Prudente no ano passado. O também médico intensivista e com a mesma função de coordenação na Santa Casa, Carlos Eduardo Bosso ofereceu orientações de como estimular as famílias para que autorizem a utilização de órgãos de parentes em morte encefálica. O coordenador da Associação Renal Vida, de Blumenau (SC), Jerry Shmitz, falou em dois momentos. Em um deles, sobre questões jurídicas. Em outro, sobre o trabalho da Renal Vida, que é referência nacional.
Na abertura do fórum, com solenidade que incluiu a execução do Hino Nacional pela Banda Regimental da Polícia Militar, foram três pronunciamentos. O primeiro, a declaração de abertura oficial pelo presidente da Carim, Cássio Mitsuo Tuboni. O segundo pronunciamento foi da fundadora da Carim, Sumaia Cristina Zakir, sobre o histórico da associação. Por fim, o presidente da Câmara Municipal, o médico urologista, Ênio Perrone, falou sobre os transplantes de rins na Santa Casa, sobre a lei municipal que estabelece igualdade do doente renal com os deficientes em alguns serviços públicos, a exemplo do transporte urbano gratuito.
Entre os apoiadores ao evento de reponsabilidade social, além da Unoeste, estiveram o Hospital Regional, Associação Comercial e Oeste e Saúde. A Unoeste esteve representada pelas professoras de cursos da área da saúde Cláudia Alessi, Luciana Calvo e Rosângela Cristóvão Ferreira; e também pelo assessor de integração comunitária da Proext, Darci Galbiati. Três palestrantes são professores da Famepp/Unoeste: Ferrari, Navarro e Bosso.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste