Simulação clínica é uma das estratégias do ensino em saúde

A simulação clínica nas graduações da saúde tem ganhado cada vez mais destaque no Brasil, principalmente em razão das diretrizes curriculares nacionais. Desde 2011, a Unoeste mantém o Laboratório de Habilidades e Simulação (LHabSim), um dos mais bem equipados do país, sendo referência para inúmeras instituições, sendo utilizado por estudantes das graduações e pós-graduações da área. Nesse sábado (10), o assunto foi aprofundado com o 1º Simpósio de Simulação Clínica, com a participação de profissionais renomados para ministrar palestras e workshops aos 109 inscritos, principalmente docentes.

“Quando o assunto é simulação, temos que ter a consciência de que não estamos falando de tecnologia, mas sim de metodologia de ensino. Por isso, é preciso saber usar esses equipamentos da melhor forma para o aprendizado”, afirmou, durante a palestra de abertura, a Dra. Carolina Felipe Soares Brandão, coordenadora do Hospital Simulado do curso de medicina da Unicid e presidente da Associação Brasileira de Simulação na Saúde (Abrassim). Segundo ela, a simulação é interessante porque consegue contemplar todas as competências importantes para a formação do profissional, “sendo possível trabalhar não só a técnica, mas também a parte crítica, a ética e a questão humanística”.

Apesar de adorar a simulação, inclusive com diversos trabalhos envolvendo o tema, a Dra. Carolina afirma que essa metodologia não é a chave para o sucesso, apenas integra uma das condições necessárias para isso. “É um conjunto de estratégias que precisamos para contemplar conhecimento, habilidade e atitude. Como resultado, quando conseguimos englobar tudo isso, temos aprendizado mais efetivo para os nossos estudantes e, consequentemente, um melhor atendimento e maior segurança ao paciente”, salienta. Ela lembra que a simulação clínica é utilizada em diversos cursos da saúde e não somente na Medicina, inclusive tem sido muito utilizada pela Medicina Veterinária e, por isso, docentes desta graduação da Unoeste também participaram do evento.

Para ter o resultado pretendido, Carolina frisa que o professor precisa respeitar o conteúdo prévio para inserir o aluno naquele cenário de simulação, pois não adianta ele ter que realizar um procedimento de intubação, por exemplo, se ainda não aprendeu a fazer isso ainda. “Outro ponto importante é a motivação, e a simulação tem esse poder, pois o aluno irá fazer o procedimento sozinho. Além disso, é de extrema relevância dar o feedback ao estudante, pois ele precisa saber o que acertou e errou e como pode melhorar. Afinal, eles estão num ambiente controlado e sabem que ali podem errar”.

Workshops – “Comunicação Consciente: atitudes e resultados” foi o tema abordado pelo especialista Wagner Valença, coautor de vários livros da área. “Toda relação humana implica em comunicação, e não se dá tanta atenção porque sempre acabamos fazendo da nossa forma, que para nós é a melhor que existe. Mas esquecemos de ver se o impacto da minha fala está atingindo o meu objetivo que é informar, pois comunicação não é o que eu falo, mas sim o que o outro entende. E a partir daí tenho que desenvolver alguns cuidados para a compreensão de tudo aquilo que eu digo”.

Assim, Valença afirma que o fundamento de atitude e resultado é jogar a responsabilidade da compreensão do outro para quem fala. “Principalmente na área da saúde, não se pode admitir que o paciente saia com alguma dúvida. Existem técnicas que favorecem essa melhor comunicação, mas principalmente reconhecer que de fato é possível melhorar. A partir daí é treino, sendo esse o aspecto que transforma as pessoas, porque torna-se algo automático”. Ele lembra que a comunicação não é apenas do profissional com o paciente, mas também com toda sua equipe multiprofissional de trabalho, “pois todos precisam ter a consciência de que não é porque aquela pessoa é da área da saúde que ela deve entender tudo que você diz”.

Programação – O simpósio foi realizado durante todo o sábado, com palestras, mesa-redonda e sete workshops, inclusive com atividade prática no Laboratório de Habilidades e Simulação (LHabSim).