Projeto promove a autoproteção de crianças contra violências
Em dois anos, foram contabilizados 200 atendimentos, com 3% de encaminhamento para receber medidas protetivas

A violência contra crianças e adolescentes apresenta índices alarmantes. A Sociedade Internacional de Prevenção ao Abuso e Negligência na Infância estima que somente a violência doméstica atinja 18 crianças por dia no Brasil. Conforme dados da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2015 mais de 1 bilhão de infanto-juvenis (dois a 17 anos) sofreram algum tipo de abuso, representando a metade da população mundial nessa faixa etária. Em Presidente Prudente, um projeto tem contribuído para amenizar o grave problema, contabilizando 200 atendimentos nos últimos dois anos, com 3% de encaminhamento de crianças (seis a nove anos) para receber medidas protetivas.
O projeto “GiraMundo: desenvolvimento de condutas auto-afetivas em crianças expostas a indicadores de risco psicossocial” contempla o tripé ensino, pesquisa e extensão; o caráter interinstitucional, a disseminação da produção científica e a internacionalidade. Conforme o supervisor Dr. Alex Sandro Gomes Pessoa, o ponto de partida está em um semestre de estudos sobre a tipificação das violências, por alunos do curso de Psicologia da Unoeste. Depois, ocorre o acompanhamento em um Centro de Referência em Assistência Social (Cras), em parceria com a Secretaria Municipal de Assistência Social (SAS). Em sequência, são aplicadas atividades.
Nesta semana, estão sendo definidas as intervenções para o semestre, as quais contemplarão um terceiro Cras da cidade e haverá continuidade em uma escola pública, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação (Seduc). Junto a grupos de crianças são desenvolvidos três módulos, cada um com quatro sessões e cada sessão com a média diária de 2h30. Na sequência de ações, há também o estímulo para criação de projetos de iniciação científica, a partir das experiências obtidas no aprofundamento das discussões e nas vivências práticas. O processo formativo do estudante de psicologia passa efetivamente pelo tripé universitário. O projeto contribui com o aumento do contingente de profissionais habilitados para o trabalho com crianças vítimas de violência.
Existe ainda o relacionamento direto com a pós-graduação, pelo Programa de Pesquisa Docente (PPD) junto ao Grupo de Pesquisa com População em Situação de Vulnerabilidade Social (GPPVS), vinculado ao Programa de Mestrado em Educação da Unoeste. Gomes Pessoa é o líder do grupo e, em coautoria com a pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS) Dra. Silvia Helena Koller, acaba de publicar capítulo do livro Psicologia, Justiça e Direitos Humanos, pela Editora Juruá, de Curitiba. A organização do livro é das Dras. Edinete Maria Rosa e Luziane Zacché Avellar, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).
O capítulo “Política de Assistência Social e Formação Inicial e Psicologia: articulações para o atendimento de crianças e adolescentes vítimas de violências” faz uma abordagem geral e apresenta como as ações do GiraMundo se articulam diante do compromisso da realidade social. Já foram detectados casos de violência física, psicológica, sexual e trabalho infantil; encaminhados ao Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), via Conselho Tutelar. Alguns casos chegam ao Ministério Público e Poder Judiciário, enquanto outros são tratados no âmbito da rede de proteção social; basicamente na escola, família e comunidade. Um exemplo é o de orientação aos pais que batem nos filhos, trocando o aconselhamento pela agressão.
As atividades recreativas e pedagógicas do projeto são voltadas para identificar possíveis formas de violência. “São pelo menos dois pontos importantes: a revelação do caso de violência e o desenvolvimento da autoproteção”, afirma Gomes Pessoa. A cada semestre são definidas novas equipes.
O vínculo internacional do GiraMundo foi debatido no final do ano passado com a pesquisa canadense Dra. Linda Liebenberg e dessa relação dois estudos científicos serão publicados, em breve, sobre essa experiência. Um sobre avaliação e intervenção, mediante instrumentos para verificar a eficácia das intervenções no Cras e na escola. Outro sobre cadastros de pesquisas produzidas no Canadá e adaptados à realidade brasileira. São condições que atendem ao processo de internacionalização da Unoeste e que podem contribuir para a redução da violência mundial contra crianças e adolescentes.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste