Medicina Unoeste realiza primeira ação de extensão em Jaú

Nove em cada dez casos de suicídio poderiam ser prevenidos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Para isso, é preciso que as pessoas estejam atentas aos sinais. E com a missão de orientar sobre esses indícios, estudantes do curso de Medicina da Unoeste – campus de Presidente Prudente - do 1º ao 6º termo, estiveram na cidade de Jaú, no sábado (16), para fazer história: a primeira ação de extensão realizada no município com a participação da universidade.
 
Sob a orientação da professora Dra. Claudia Calvo Alessi, os acadêmicos acordaram cedo para distribuir panfletos e aferir a pressão da comunidade jauense na Praça da República, área central de Jaú. “É o momento de o aluno exercitar o conhecimento específico, associar teoria e prática com a questão da humanização, que é um dos nossos grandes objetivos”, relata. O projeto cadastrado na Pró-reitoria de Extensão e Ação Comunitária (Proext) foi realizado em parceria com a Vigilância Epidemiológica de Jaú, como explica a gerente Brígida Reis. “A campanha no município surgiu porque levantamos a incidência de casos em adolescentes e adultos jovens”, conta.
 
Para Brígida, contar com a participação dos alunos e da universidade atrai a atenção das pessoas e deve alavancar o serviço de saúde na região. “Além de oferecer educação, gera empregos. Estamos aguardando ansiosamente a chegada da Unoeste”, detalha a gerente. A maior universidade do oeste paulista já está pronta para sediar o curso de Medicina em Jaú, o local fica em ala anexa ao Hospital Thereza Perlatti.
 
A dona Ítala Luíza Cortês Tuichi, 76 anos, dona de casa, estava passando quando viu a movimentação na praça. Quis saber o que era. Pegou folheto, ouviu atentamente as orientações, aferiu a pressão e decidiu que está na hora de cuidar um pouco mais da saúde. “A moça [acadêmica] disse que eu preciso me alimentar melhor, e ela está certa, porque não venho comendo muito bem. Achei ótimo tudo isso, se tiver de novo eu venho. Quero que a minha neta estude a medicina também”, afirma.

Foto: Gustavo Justino

 
Antônio Luiz Spricio, 61, veio acompanhado da esposa Cleonice Ferrarezi Spricio, 67. Os dois disseram que em Jaú muitos jovens vêm sendo vítimas do suicídio por causa de doenças que os atingem. “É gente nova, mas que fica com depressão e ninguém sabe o que fazer, aí acabam morrendo”, lamenta o aposentado. E ele tem razão! Há duas ou três décadas o câncer, a AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis eram rodeadas de tabus e, com isso, o número de vítimas aumentava. “Esse tabu agora existe para o suicídio, precisamos desmistificar essa que é uma questão de saúde pública. E isso vai ser feito falando do assunto, diagnosticando com atenção e conscientizando”, segundo a Dra. Claudia Alessi.  
 
Caminhando lentamente com a ajuda da filha e da muleta, a dona Jesuína da Silva Novais, 53 anos, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) há dois anos. Com restrição nos movimentos e dificuldades na fala, ela está afastada por invalidez, mas ficou extremamente feliz por receber a atenção dos alunos de Medicina. “Fui bem tratada, eles me deram carinho. O médico precisa entender o paciente para ser bom. Eu gostei muito”, afirma Jesuína.
 
E se a comunidade ficou satisfeita, os acadêmicos compartilham do orgulho pela participação na ação. No caso do Lucas Cavalcanti dos Santos, 20 anos, estudante do 5º termo, a atividade foi mais do que especial, por ter caso na família de pessoa que tentou o suicídio. “Tenho a oportunidade de ajudá-lo, pois aqui estamos vendo a relação entre teoria e prática e a universidade forma um médico generalista”, conta. Agora, ele aguarda as próximas ações, quer ampliar seus conhecimentos, “é muito importante levarmos essas atividades para cada vez para mais lugares”, relata Santos.

Capacitação – Também no último sábado, a Unoeste Prudente recebeu dez profissionais da equipe multidisciplinar do Hospital Thereza Perlatti, de Jaú, entre médico, enfermeiro, técnicos de enfermagem, terapeuta ocupacional e educador físico, para uma capacitação realizada pela universidade no Laboratório de Habilidades e Simulação (LHabSim), no campus I. O treinamento contemplou aspectos sobre suporte básico e avançado de vida, desfibrilador elétrico automático (DEA), manobra de desengasgamento, intubação orotraqueal e máscara laríngea. A coordenadora do LHabSim, professora Milena Colonhese, conta que no período da manhã foi desenvolvido o treino de habilidades e à tarde a simulação de casos clínicos. “Eles ficaram encantados com a estrutura do laboratório, conheceram também a Casa Simulada e disseram querem voltar para outras atividades”, comenta a docente.