Médico relata experiência em missão de paz da ONU no Haiti
Ricardo Ishi apresentou abordagem durante o 1º Encontro Nacional de Atendimento Pré-hospitalar Multiprofissional sediado nesta quinta-feira (22), na Unoeste

Por 13 anos, o Brasil participou da Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah). Tal ação foi criada em 2004, pela Organização das Nações Unidas (ONU), para restabelecer a segurança e normalidade institucional do país após sucessivos episódios de turbulência política e violência. “Nessa época, eu era segundo tenente do Exército Brasileiro e uma série de coincidências permitiu que eu pudesse participar dessa missão como oficial médico da 2ª Companhia de Fuzileiros de Força de Paz”, comenta Ricardo Ishi. O relato da sua experiência no país haitiano, marcou o encerramento do 1º Encontro Nacional de Atendimento Pré-hospitalar Multiprofissional, sediado nesta sexta-feira (22), na Unoeste.
Durante o evento, organizado pelos cursos de Medicina e Enfermagem da Unoeste, em parceria com a Academia Nacional de Polícia e a Delegacia Seccional de Presidente Prudente, Ishi relatou que ficou no Haiti no período de dezembro de 2004 a junho de 2005. “Participar de uma missão desse porte, representando o Brasil, foi a realização de um sonho. Algo que nasceu nos bancos escolares, quando eu tinha 12 anos de idade e tive o primeiro contato com a carta da ONU, nas aulas de geografia”.
Segundo Ishi, a ideia inicial era atuar na assistência à saúde da tropa. “Com o desdobramento da missão e principalmente das ações do general Augusto Heleno, chefe da missão brasileira no Haiti, o meu trabalho foi estendido para prover uma assistência à população”. Destaca a visão militar de que o braço armado precisa de outras ações. “Era evidente, naquele país, a necessidade de outras ações sociais e de assistência à saúde, trabalhando questões de fornecimento de itens básicos como alimentos, saneamento e energia elétrica”.
Pela primeira vez em Presidente Prudente, o médico legista da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, destacou a relevância dessa abordagem no evento. “Em situações de estresse, como no atendimento pré-hospitalar, você tem poucos recursos. Os casos não podem ficar esperando você discutir com os colegas de trabalho, parar para reler um livro ou procurar uma orientação. É preciso resolver na hora, a vida do teu paciente depende disso”. Ishi lembrou que os estudantes têm vários sonhos e durante o período de formação eles podem se tornar realidades. “Estudem muito e aproveitem todas as oportunidades, pois elas surgem quando a gente menos espera”.
Aos profissionais da área operacional, como os bombeiros e policiais militares e civis, Ishi afirma a importância de uma aproximação entre os serviços de saúde e quem está realizando atividades de alto risco. “Em muitos locais esses profissionais são os únicos dispostos a dar assistência, por exemplo, nas regiões de fronteira do Brasil, que é extremamente extensa, o Estado está presente fisicamente por meio das forças armadas. Situações adversas acontecem como doenças e acidentes, sendo que os próprios operacionais podem ser vítimas de alguma dessas condições. Esse conhecimento de saúde pré-hospitalar pode salvar vidas”.

Solenidade
A abertura oficial do evento contou com a presença dos professores Dr. Gabriel de Oliveira Lima Carapeba (diretor das Faculdades de Medicina da Unoeste), Nilva Galli (coordenadora geral da graduação em Presidente Prudente), Dra. Priscila Buosi Rodrigues Rigolin (coordenadora do estágio da área de emergência do curso), Cristiano Hayoshi Choji (docente da graduação) e Ieda Maria Filgueiras (delegada de polícia da Delegacia Seccional de Presidente Prudente).
“A Unoeste está muito feliz em sediar a primeira edição do Encontro Nacional de Atendimento Pré-hospitalar Multiprofissional”. Aproveitou para destacar a importância da atuação da Academia Nacional de Polícia e da Delegacia Seccional de Presidente Prudente no atendimento pré-hospitalar. “Vocês são o início dessa avalanche, que começa no primeiro momento em que um paciente requer cuidados. O fato de vocês conseguirem salvar a vida dessas pessoas e encaminhá-las para o atendimento multiprofissional contribui com o aprendizado dos futuros médicos”, conclui.
Para a delegada Ieda, responsável por 21 municípios e cerca de 30 unidades policiais, incluindo o Grupo de Operações Especiais (GOE), esse trabalho conjunto com a universidade é muito positivo. “Esse evento marca uma terceira etapa das atividades que desenvolvemos em 2018”. Acrescenta que essa proposta vai muito mais do que agregar ao currículo do policial. “A intenção é dar maior segurança para esse policial que pode estar em situações de confronto e precisa propiciar um primeiro atendimento, às vezes, nem sempre num local acessível”.
Sobre a 1ª edição do Encontro Nacional de Atendimento Pré-hospitalar Multiprofissional, ela acredita que seja uma iniciativa quase inédita no Estado de SP. “Houve uma grande expectativa pelas atividades, desde as palestras até os workshops, que contam com a participação dos acadêmicos e de profissionais externos. Espero que essa parceria com a Unoeste seja contínua, pois ela é muito importante para a comunidade. Afinal de contas, tanto os médicos, quanto os policiais, têm interesses comuns de preservar e proteger a vida”, encerra.
Público participante
Para Thais da Silva, do 6º termo de Enfermagem, atividades como essa possibilitam aprofundar alguns conceitos que já foram vistos na graduação e, também, adquirir novas informações. “Falta pouco tempo para eu me formar, então, essas atividades também me ajudam a conhecer as oportunidades de atuação para a minha escolha”, diz.
Caio Cabral e Carolina Faria, do 5º termo de Medicina, estão na organização do evento. “A parceria acadêmica com os militares enriquece a nossa formação. Essa troca de experiências é muito positiva, pois enquanto nós contribuímos com o conhecimento científico, eles nos proporcionam uma vivência prática diferenciada”, relata Cabral.
Douglas Eduardo Bosisio, técnico em segurança do trabalho da Security, pontua que existem poucas iniciativas desse tipo em Presidente Prudente (SP). “São momentos importantes para o treinamento e aperfeiçoamento da nossa atuação”.
Já o polícia civil, Israel Pereira Coutinho, coordenador do Grupo de Operações Especiais de Adamantina (SP), afirma que a abordagem do atendimento pré-hospitalar multidisciplinar é relevante. “Esse tipo de experiência contribui com uma nova percepção do socorrismo em situações de confronto”.
O comandante da Força Tática do 18º Batalhão da Polícia Militar (PM), capitão Ives Minosso de Almeida Ramos, declara que a PM tem se preocupado com os atendimentos no ambiente de controle urbano. “Precisamos estar atentos às situações em que tanto o cidadão, quanto o policial podem ser vítimas. Por isso, ações como esse encontro, com palestras e workshops, permitem o aprimoramento de técnicas e a aquisição de novos conhecimentos”, conclui.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste