Sigilo no trato com pacientes de HIV/Aids é tema de estudo
Pesquisa da Unoeste caracteriza perfil e avaliação sobre a percepção da equipe de enfermagem

O L. P., 35, sentia cansaço e dores nas juntas, decidiu fazer uma bateria de exames. Enquanto aguardava o resultado do check-up recebeu um telefonema. “Ligaram dizendo pra eu ir antes, fiquei angustiado. Pensei: deve ter alguma coisa errada”. O médico disse que a saúde do paciente estava perfeita, exceto por um detalhe: reagente positivo para HIV. “Fiquei em transe, saí sem enxergar nada”, conta.
A partir daí, ele passou a utilizar os serviços do Centro de Testagem e Acompanhamento (CTA), do Ambulatório Médico Municipal (AMM), de Presidente Prudente (SP). E já faz quatro anos. “Fui sempre muito bem recebido por toda a equipe, o atendimento é perfeito, comportamento ético. Tenho uma vida normal”, detalha.
O relato do L. P. vai ao encontro de uma pesquisa desenvolvida no curso de Enfermagem da Unoeste, orientada pela docente Dra. Maria Rita Guimarães Maia, que trata do “Sigilo e privacidade no cuidado de Enfermagem ao paciente com HIV/Aids: questão ética”. Neste sábado (1º), é o Dia Mundial da Luta contra a Aids, que abre o mês da conscientização sobre a doença. Por isso, o foco da pesquisa foi caracterizar o perfil da equipe de enfermagem do AMM avaliando a percepção dos profissionais com relação ao sigilo.
O estudo qualitativo levantou como funciona o atendimento ao paciente por meio dos relatos dos profissionais entrevistados. E os caracterizou como sendo enfermeiros e técnicos entre 41 e 58 anos, com mais de 18 anos de formação e que possuem compromisso com a ética e sigilo quando da abordagem, testagem e tratamento dos pacientes.
“Ficamos surpresos e felizes com o comprometimento ético dos profissionais, pois até durante a pesquisa, organizavam prontuários de forma cuidadosa para evitar que tivéssemos acesso à identificação dos pacientes”, relata Maria Rita.
Ponto positivo para um município que registra aumento de 45% nos casos de Aids e 32,95% nos de Sífilis. No caso da Aids, o público masculino com a doença cresceu 65%, enquanto no de Sífilis o aumento de 66% foi para o público feminino. “As pessoas estão mais relaxadas, perderam o medo da contaminação”, afirma a professora.
Saúde em números
O Ambulatório Médico de Presidente Prudente (SP) é a entidade responsável pela testagem, diagnóstico, aconselhamento e acompanhamento terapêutico de pacientes portadores de HIV/Aids e doenças sexualmente transmissíveis (DSTs).
De janeiro a agosto de 2018, foram contabilizados 64 casos de Aids e 117 de Sífilis no município. Só de atendimentos, no segundo quadrimestre de 2018, foram 888 pacientes no AMM; um aumento de 8,8% com relação ao período em 2017, que registrou 816 pacientes consultados. O público-alvo é composto por jovens e homossexuais entre 19 e 30 anos;
No país, de 1980 a junho de 2018 foram identificados 926.742 casos de Aids, segundo o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde. A distribuição proporcional neste período mostra uma concentração nas regiões Sudeste e Sul, correspondendo cada qual a 51,8% e 20% do total de casos. Anualmente, o país tem registrado uma média de 40 mil novos casos de Aids nos últimos cinco anos.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste