Fórum do Meio Ambiente chama a atenção para o emprego verde

A redução de emissões de carbono na atmosfera e o combate aos efeitos das mudanças climáticas passam necessariamente pelo ensino superior na formação de profissionais em todas as áreas. Condição que tem o apelo de preparo adequado para o mercado de trabalho que apresenta crescimento exponencial do emprego verde, conforme foi exposto no 16º Fórum Regional de Meio Ambiente, inserido no 28º Encontro Nacional de Ensino, Pesquisa e Extensão (Enepe 2023) e realizado remotamente na manhã desta quinta-feira (19), com transmissão no canal Lives da Unoeste, no YouTube, operacionalizada no auditório Azaleia, no campus II em Presidente Prudente.

Debate sobre o tema foi proporcionado após a palestra “Papel do Ensino Superior/Universidades na descarbonização e ações de mudança do clima”, proferida pelo publicitário, mestre em governança e sustentabilidade e professor universitário Gustavo Loiola, direto de Curitiba (PR), onde faz doutorado em administração de empresas e tem atuação na UN-PRME, siglas de União Nacional, que se refere à Organização das Nações Unidas (ONU), e Princípios para a Educação em Gestão Responsável. Ao expor sobre a temática citou o equívoco de que educar ambientalmente é tendência para a próxima geração, quando os problemas requerem soluções agora.

Tendência mundial 

Urgência que sugere a educação ambiental de profissionais em todas as áreas, cabendo às instituições de ensino superior potencializar lideranças para a descarbonização e ações em relação as mudanças climáticas. Ao manifestar esse pensamento, o palestrante elencou pontos relevantes a serem trabalhados na formação de profissionais capacitados e conscientes; modificar ou ajustar matrizes curriculares para estimular que as disciplinas de duas ou mais áreas do conhecimento conversem entre elas (interdisciplinaridade); promover pesquisa e desenvolvimento; realizar transferência de conhecimento à sociedade; e desenvolver inovação tecnológica. 

Falou ainda em engajamento estudantil e empreendedorismo; mobilização social; e criação de modelos a serem seguidos. Apresentou publicação de matéria da revista Exame sobre o crescimento de 237% de empregos verdes nos Estados Unidos, nos últimos cinco anos, para dizer que essa é uma tendência mundial. A definição da Organização Internacional do Trabalho (OIT) é de que empregos verdes são aqueles trabalhos que reduzem o impacto ambiental de empresas e de setores econômicos para os níveis que sejam pelo menos sustentáveis. Concluída a exposição, foi aberto o debate mediado pela Dr. Alba Regina Azevedo Arana.

Inteligência artificial 

A coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional, pelo qual a Unoeste oferta mestrado e doutorado, começou dizendo da interdisciplinaridade que ocorre com o recebimento de profissionais com formações em diferentes áreas, todos preocupados em entender a forma de atuar na sociedade. Falou das limitações no ensino superior pela formação segmentada, no sentido da existência de grande gargalo para a formação que deveria deixar de ser linear e ser sistêmica, permitindo olhar o todo, incluindo as questões ambientais. Gustavo Loiola disse que a formação foca em especialidades, mas estima que isso possa mudar.

“Hoje, os desafios da humanidade estão conectados. A mudança climática não é somente um desafio ambiental, mas social, econômico...”, disse. Em questionamento sobre a utilização da inteligência artificial em questões do meio ambiente, manifestou o entendimento de que esse campo da ciência da computação tem como modelar desafios a serem enfrentados, criando conexões de forma mais rápida. A Dra. Alba citou os imensos desafios de por em prática a Agenda 2030 com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), para dizer que o Fórum promoveu reflexões importantes para professores e alunos.

Foto: Homéro Ferreira

Entrega de Prêmios 

Ao agradecer Gustavo Loiola, que é natural de Santo Anastácio, na região de Presidente Prudente, a coordenadora manteve o Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional a disposição para desenvolver ações e projetos em parceria. A primeira ação foi a palestra na qual ficou evidente ser preciso estimular a criatividade para resolver problemas; papel que cabe ao ensino superior juntamente com a promoção da visão sistêmica; conforme palestrante. Sua exposição inicial foi fechada com seguinte a frase de Robert Cisne (criador da Fundação 2041 com a missão de salvar a Antártica): “A maior ameaça ao nosso planeta é a crença de que alguém o salvará”.

 Iniciado na segunda-feira (16) desta semana e com prosseguimento até sexta-feira (20), com o tema “Inteligência humana e artificial: impacto na formação e na sociedade”, o Enepe 2023 engloba o 28º Encontro Anual de Pesquisa Institucional e Iniciação Cientifica (Enapi), 21º Encontro Anual de Extensão (Enaext) e 20º Encontro Anual de Ensino Superior (Enaens), com várias atividades; restando para o último dia, dentre outras, a cerimônia de entrega dos Prêmios Unoeste Solidária e Unoeste + Cultura, às 8h30 no auditório Azaleia.

Fóruns Saúde

Também como parte da programação do Enepe 2023 o tema "Inteligência humana e artificial: possibilidades na articulação da rede de atenção e na saúde do trabalhador" norteou os debates dentro do 18º Fórum de Saúde e Humanização do SUS e 18º Fórum de Saúde do Trabalhador, no Auditório Jasmin, no campus 1 da universidade. Participaram das discussões a Dra. Adriana Martins de Paula do Conselho de Secretários Municipais de Saúde de São Paulo (Consems/SP), a doutoranda da Unoeste Lucimeire Fernandes Correia, e a professora do curso de Enfermagem Querem Hapuque Soares. A mediação ficou por conta do professor Décio Gomes de Oliveira da Unoeste. 

Na primeira parte do debate, a apresentação foi conduzida pela professora Querem e pela doutoranda Lucimeire que destacaram o uso da tecnologia na promoção de saúde. “Quando a gente fala do uso da tecnologia na saúde, dos cuidados com o paciente e das relações humanas, precisamos pensar no quanto as tecnologias podem substituir o nosso trabalho. É preciso pensar no vínculo com as pessoas, no cuidar pensando no público que a gente atende [pessoas que se tornam dependentes de cuidado] e aí nós temos uma gama de trabalho e uma articulação em rede que necessitam de muitos processos”, explica Querem.

Lucimeire afirma que a tecnologia é primordial para a realização de diversos processos na rede de saúde. “Dessa maneira, a gente precisa da tecnologia para realizar alguns processos, mas temos que lembrar do outro ponto, que é quando a gente ouve as famílias e faz essa articulação, de cuidados individualizados, em rede, para ajudar com que os pacientes voltem para suas famílias da melhor maneira possível”, fala. 

Por sua vez, a Dra. Adriana, em nome do Consems agradeceu o convite de participação e teceu elogios a universidade. “Trazer essa temática da saúde digital e das relações humanas com o nosso cotidiano, como a gente aborda isso de fato na prática diante de tantas documentações, de tantas portarias e normativas existentes a tanto tempo, e como se dá na prática no SUS, seja em qualquer ambiente de saúde, acabamos refletindo para que novas ideias e propostas sejam construídas no coletivo”, pontua a doutora que agradece o convite e parceria aos doutores Décio [mediador] e Larissa Sapucaia [coordenadora do curso de enfermagem].

Por fim, o Dr. Décio conduziu o debate e fez um breve resgate histórico das últimas edições dos fóruns de saúde dentro do Enepe.  Considerando a área, citou o uso de sistemas de informações na atuação diária. “Como uma forma de tecnologia que pode ser considerada um meio de redução de custos e também o aumento da efetividade, economicidade e praticidade dos serviços. É fato que a informação e comunicação são ferramentas que otimizam os serviços e propiciam um conhecimento abrangente, juntamente com as tecnologias que auxiliam essas práticas”, concluiu.